Pará tem alta de até 18% no preço do ovo em cenário de escassez mundial

Um levantamento recente do Diesse/PA observou uma variação de 15% a 18% na mercadoria em 2022 nas feiras e supermercados de Belém

Camila Azevedo
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Uma escassez de ovos de galinha tem sido sentida em diversas partes do mundo. Os Estados Unidos enfrentam um surto de gripe aviária, enquanto que a Europa é afetada pelos custos vindos da guerra da Ucrânia. No Brasil, especialistas afirmam não haver perigo, porém, uma alta nos preços destes produtos, motivada por diversos fatores, deixaram a cesta básica do consumidor mais cara. Um levantamento recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), do Pará, observou uma variação de 15% a 18% na mercadoria em 2022, em Belém, contra uma inflação calculada em 5,93% (INPC/IBGE) para o mesmo período. 

O estudo analisou os 12 últimos meses e teve as feiras e supermercados da capital como base. Os preços da dúzia de ovos tiveram uma diferença que foi, em média, de R$ 9,48 em janeiro para R$ 11,10 em dezembro do ano passado, de acordo com o Dieese/PA. A produção da proteína animal ficou mais cara por ser um reflexo da alta também em fertilizantes, insumos, energia elétrica e etc, que contribuíram para o cenário atual. Além disso, o escoamento de produtos teve reajuste e é explicado pelo valor dos combustíveis, que atingiu quase dois dígitos acima da inflação em 2022. O Pará, por estar distante dos grandes centros, acaba sendo prejudicado com fretes mais elevados.

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Ainda com o equilíbrio observado no final do ano, os preços não apresentaram recuo suficiente. Everson Costa, técnico e pesquisador do Diesse/PA, explica que houve uma oscilação nos valores da dúzia de ovos, fator que não foi suficiente para consolidar uma diminuição.

“Ao longo dos doze meses, as flutuações não foram uniformes: em determinado mês, você tinha reajustes que variavam de 2% a 3%. Em outros meses, nós tivemos reajustes acima disso. Tivemos estabilidade de preço, ou seja, não houve uma flutuação uniforme, o que houve foram seguidos aumentos e, mesmo com pausa, os ovos encerraram o ano de 2022 para os paraenses com reajustes que variam entre 15 e 18%”, aponta. 

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Rendimento mensal das famílias paraenses é prejudicado

Os impactos da situação afetam diretamente o consumo das famílias na questão alimentícia. Isso porque o preço dos ovos, quando comparados com outras comidas, é mais em conta. “A gente está falando da proteína que, mesmo com a elevação de preço, está mais em conta. Hoje, infelizmente, o quilo da carne de primeira, em média, em Belém, custa em torno de R$ 40. Isso é praticamente um dia de salário mínimo [R$ 1.302]. Então, os ovos ainda são, pelo menos até aqui, a proteína de mais fácil acesso e de preço mais acessível para boa parte das famílias que gastam muito com alimentação e vivem aí apenas com um salário mínimo ou, menos que isso”, afirma Everson.

Quem faz uso dos ovos para a produção de produtos para vender, como bolos e refeições, também sentem os efeitos, podendo haver comprometimento da renda mensal. “O nosso prato feito foi afetado. Pratos que levam essa proteína, tiveram que ser realinhados. Mesmo sendo a proteína ainda mais barata, impacta forte desde do consumo à formação de preços de pratos feitos em bares, restaurantes, no café da manhã, ou seja, o dia a dia foi prejudicado. Quem vive do fornecimento de alimentos, hoje, tem que pesquisar muito. Aproveita bastante as promoções para poder entregar um preço equilibrado e tentar manter sua margem de lucro para não ter perdas. O impacto é generalizado”, conclui o pesquisador.

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