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Conheça as vantagens e desvantagens do trabalho por demanda ou economia gig

Modalidade tende a permanecer, mas levanta questões sobre a instabilidade

O Liberal
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Diferente do trabalho fixo e permanente, a economia gig é um segmento do mercado de trabalho que se caracteriza pela prevalência de contratos de curto prazo ou trabalhos freelancer, em oposição a empregos duradouros. Neste modelo, as empresas contratam trabalhadores independentes para tarefas específicas ou projetos, em geral, por meio de plataformas digitais.

O Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação, da Fundação Getúlio Vargas, entende a economia gig como “o ambiente de negócios em que há intermediação de trabalho humano por meio de plataformas digitais".

Ela é uma tendência em expansão, e o termo "economia gig" é próprio deste século XXI, mas a gíria "gig" já era usada na música norte-americana no século XX. O "gig" era usado bastante no mundo do jazz, para se referir a apresentações.

Na economia, também há referência para a origem da palavra. Os economistas americanos Alan Krueger (1960/2019) e Lawrence Katz (1956 / 2005) estudaram o aumento de trabalhadores independentes nos Estados Unidos.

A teoria da economia gig surgiu com a ideia de um mercado de trabalho onde as pessoas realizam trabalhos temporários ou tarefas específicas para múltiplos profissionais

No dia a dia, ela também passou a ser conhecida como a economia dos bicos, e ganhou enorme destaque no período da pandemia da covid-19, caracterizada pela prestação de serviços independentes e temporários por profissionais autônomos. 

Durante a pandemia, por um lado, muitas pessoas buscaram novas fontes de renda e flexibilidade diante das incertezas do mercado de trabalho tradicional, por outro, a pandemia da covid-19 trouxe a obrigatoriedade das restrições e do distanciamento social, com isso cresceu o consumo das pessoas por meio de plataformas digitais, com serviços de deliveries.

Flexibilidade da jornada e habilidades tecnológicas

A flexibilidade é um dos maiores atrativos da economia gig. Os trabalhadores, que aderem a essa modalidade, desde motoristas de aplicativos de transporte a entregadores, incluindo também profissionais especializados como programadores, designers e consultores, argumentam que têm liberdade para escolher seus próprios horários e projetos.

Eles também afirmam que há a possibilidade de diversificar a renda e isso é visto como outra vantagem. É comum, por exemplo, os trabalhadores realizarem várias atividades diferentes para aumentar seus ganhos.

Além disso, há o desenvolvimento de habilidades digitais facilitado pela economia gig. Os adeptos da economia gig precisam aprender a usar novas ferramentas e tecnologias para ter sucesso, o que facilita a adesão pelas novas gerações.

Mas os riscos dessa prática também são evidentes. A falta de segurança social é um ponto crítico. Trabalhadores da economia gig frequentemente não têm acesso a benefícios como seguro-saúde, aposentadoria ou seguro-desemprego.

A instabilidade de renda é outra grande preocupação. A renda pode variar drasticamente de mês a mês, dificultando o planejamento financeiro.

Economia gig e a CLT

Os principais críticos da economia gig apontam que ela tem graves limitações. Para começar, eles identificam a classificação dos trabalhadores como autônomos, contudo, a Justiça especializada vem fazendo questionamentos com base na existência da subordinação tecnológica.

A jurisprudência brasileira está em fase de desenvolvimento, mas existem exemplos que mostram os conflitos entre a ideia da flexibilidade do modelo de trabalho e o dever de proteção social dos trabalhadores envolvidos.

Um dos grandes desafios desse modelo é a falta de um sistema de proteção social contundente para os trabalhadores. Eles não têm vínculos formais de emprego, são privados de benefícios como aposentadoria, seguro-desemprego e cobertura em caso de acidentes de trabalho. Isso levanta dúvidas sobre a sustentabilidade do modelo no longo prazo, especialmente em relação ao impacto sobre a seguridade social.

Em compensação, defensores da modalidade argumentam que mesmo com grandes desafios para a legislação brasileira, a economia gig pode oferecer grandes oportunidades para atualização do ordenamento jurídico brasileiro. E, assim, assegurar direitos sociais fundamentais sem comprometer a flexibilidade exigida tanto pelas plataformas digitais quanto pelos trabalhadores.

O fato é que a economia gig representa uma transformação radical nas relações de trabalho. Uma nova cultura de ocupação no Brasil, com implicações significativas para o tecido social e econômico do país. E é essencial que as normas previdenciárias e fiscais sejam reformuladas para incluir esses profissionais.

Empresas podem se beneficiar em razão dos custos reduzidos e maior agilidade, enquanto trabalhadores aproveitam uma maior independência. As novas gerações ganham cada vez mais visibilidade e essa modalidade de trabalho tende a permanecer, mas também levanta questões sobre a desigualdade e a estabilidade econômica, exigindo uma discussão mais aprofundada sobre sobre como equilibrar flexibilidade, direitos e segurança.

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Economia
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