Com recorde de valor histórico, investir em ouro vale a pena hoje? Economistas paraenses avaliam
Com o preço do ouro atingindo recordes históricos, economistas do estado analisam as vantagens e desvantagens desse investimento.

O ouro, tradicionalmente considerado um "porto seguro" em momentos de instabilidade econômica e geopolítica, atingiu, em março de 2025, na última sexta (14/03), um novo recorde, ultrapassando os 2.993 dólares por onça. A alta do metal, impulsionada por incertezas globais, como a ameaça de Donald Trump de sobretaxar importações europeias, gera um debate entre economistas sobre os benefícios e as limitações do investimento no metal. Eles apontam que, embora o ouro seja atrativo em tempos de crise, ele não oferece os mesmos retornos de outros ativos no longo prazo.
Ouro como refúgio em tempos de crise
O ouro tem sido tradicionalmente visto como uma proteção contra a volatilidade dos mercados financeiros, especialmente em momentos de alta incerteza econômica e geopolítica.
Quando a crise bate à porta, o metal precioso tende a atrair investidores que buscam segurança, como observa André Cutrim, economista e professor pesquisador da UFPA.
“O ouro tem uma correlação inversa com mercados de ações e câmbio, o que o torna uma reserva de valor durante períodos turbulentos”, explica.
A recente valorização do ouro é reflexo de uma conjuntura mundial instável, com desafios como a pandemia de COVID-19 e as tensões geopolíticas, como a invasão da Ucrânia pela Rússia, que impulsionaram o aumento da demanda pelo metal.
Como investir em ouro: opções e cuidados
Existem diversas maneiras de investir em ouro, desde a compra física de barras ou moedas até alternativas mais acessíveis, como fundos de investimento e ETFs (fundos negociados em bolsa).
Ronivaldo Teixeira, economista especializado em gestão financeira, recomenda essas opções para investidores que buscam praticidade e segurança.
“Investir em ouro físico, embora viável, envolve questões como segurança no armazenamento e liquidez. Já os fundos de investimento e ETFs permitem uma entrada mais acessível, com valores a partir de R$ 100”, afirma.
Além disso, investidores mais experientes podem optar por contratos futuros e derivativos, que oferecem uma maneira de especular com as flutuações de preço do ouro.
Nélio Bordalo Filho, economista e conselheiro do CORECON PA/AP (Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá), destaca também as ações de mineradoras, que permitem investir indiretamente na valorização do metal.
O ouro compensa em termos de rentabilidade?
Embora o ouro seja um investimento popular em momentos de crise, ele não é necessariamente a melhor opção para quem busca rentabilidade no longo prazo.
"O ouro não gera dividendos, juros ou retorno periódico. Sua valorização depende exclusivamente da oferta e demanda no mercado", alerta Cutrim.
Para ele, o ouro é mais adequado como parte de uma estratégia de diversificação, para proteger o patrimônio, especialmente em tempos de inflação ou crise financeira.
Ronivaldo Teixeira também ressalta que, embora o ouro tenha se mostrado rentável em certos períodos, como durante a pandemia de 2020 e a crise de 2022 com a guerra na Ucrânia, ele apresenta alta volatilidade.
"Esse tipo de investimento não é conservador e pode, inclusive, levar a perdas financeiras em momentos de baixa demanda", adverte.
Ouro como parte de uma carteira diversificada
A recomendação de vários especialistas é que o ouro seja visto como um ativo de proteção, não como um meio principal de crescimento patrimonial. Bordalo Filho enfatiza que, embora o ouro seja valioso em tempos de crise, ele dificilmente será o melhor investimento sozinho.
“Se o foco for crescimento no longo prazo, investimentos em ações de empresas sólidas ou fundos imobiliários tendem a apresentar melhor desempenho, já que geram dividendos ou aluguéis, ao contrário do ouro”, conclui.
Portanto, o investimento em ouro pode ser uma boa estratégia para proteger o patrimônio em períodos de instabilidade, mas deve ser combinado com outros ativos para maximizar os retornos no longo prazo. A diversificação ainda é a chave para uma carteira de investimentos equilibrada e segura.
Tipos de investimento em ouro
Conforme o economista Nélio Bordalo Filho, há quatro principais formas de investir em ouro:
1.Ouro físico: A pessoa pode comprar barras ou moedas de ouro em corretoras, bancos ou casas especializadas. É necessário pensar na segurança para armazenamento;
2.Fundos de investimento e ETFs (Exchange Traded Funds): São opções mais fáceis para quem não quer lidar com ouro físico. A pessoa compra cotas de fundos que acompanham o preço do ouro. Disponíveis em corretoras.
3.Contratos futuros e derivativos: Negociados na bolsa, são indicados para investidores experientes que querem especular com a variação do preço do ouro;
4.Ações de mineradoras: Investir em empresas que extraem ouro pode ser uma forma indireta de lucrar com a valorização do metal.
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