CNI projeta crescimento de 1,2% da economia brasileira em 2022

Confederação Nacional da Indústria ainda avalia que inflação e desemprego irão diminuir a partir do segundo semestre do ano que vem

O Liberal

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta crescimento de 1,2% para a economia brasileira em 2022. O relatório Economia Brasil 2021-2022 traz prognósticos de preocupação e cautela para o país em 2022, principalmente quando o tema são as commodities e as atividades extrativistas.

A entidade também calcula, em um cenário pessimista, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2022 de 0,3%. Em um cenário otimista, o Brasil crescerá 1,8%, segundo a entidade.

A expectativa é de que, na segunda metade de 2022, quando a recuperação de serviços estiver próxima do nível de pré-pandemia, a atividade industrial esteja mais aquecida.

A CNI projeta uma maré boa de criação de empregos, com a taxa de desemprego no país caindo para 13%. Em 2021, o índice chegou a 14,2%. A entidade projeta ainda uma inflação de 5% para 2022, metade do número registrado em 2020.

A extração de minério de ferro, um dos braços fortes da economia paraense, sofreu com as incertezas causadas pela crise das incorporadoras chinesas ao longo de 2021. 

As exportações para a China representam quase 50% da produção de minério de ferro brasileira e, para 2022, a expectativa é de desaceleração da economia chinesa, em especial do segmento imobiliário, o que deve reduzir a demanda por minério de ferro brasileiro.

O mesmo deve ocorrer no setor da construção civil brasileira, o que deve resultar em um crescimento de apenas 2% da indústria extrativista nacional. Em um cenário mais otimista, esse crescimento poderia chegar a 4% - e em um mais pessimista, ficar estagnado, em 0%.

De acordo com o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, para a estimativa de 1,2% de crescimento na economia se consolidar e todos os setores se beneficiarem dela, diversos problemas precisam ser superados: inflação, emprego e normalização das cadeias globais de valor.

“A atividade econômica também deve se beneficiar da normalização da demanda por serviços prestados às famílias, que ainda está abaixo do nível pré-pandemia, e alguns setores industriais, principalmente aqueles ligados a investimentos, como a cadeia da construção civil e de bens de capital, as quais ainda devem ter o nível de produção impulsionado por pedidos e projetos provenientes de 2021”, afirma Robson de Andrade.

Andrade também enxerga como fundamental a aprovação da PEC 110, que promove uma reforma tributária que na opinião dele irá simplificar e corrigir as distorções do sistema de arrecadação de impostos, o que tornaria os custos mais competitivos e atrairia, por conseguinte, mais investimentos.

“A inflação elevada, com consequentes altas nas taxas de juros, o alto endividamento das famílias, o desemprego, a escassez de insumos e matérias-primas e os custos de energia em elevação são fatores conjunturais desfavoráveis. Além disso, ainda há incertezas sobre o andamento da pandemia e o temor de algum retrocesso, como ocorre atualmente na Europa”, avalia Andrade.

O gerente-executivo de economia da entidade, Mário Sérgio Telles, afirma que o PIB da indústria de transformação assumiu uma trajetória de queda ao longo de 2021. A escassez e alta de insumos e de matérias-primas foram fatores determinantes para a trajetória negativa da indústria neste ano.

“Para 2022, esperamos um aumento gradual do emprego que, juntamente com a desaceleração da inflação e o Auxílio Brasil, deve minimizar o processo de perda de poder de compra por parte das famílias. Também será benéfico para a indústria brasileira a manutenção da desvalorização do real ao longo de 2022, que beneficiará as exportações do setor e incentivará a substituição de importações no mercado doméstico”

O economista explica que número de pessoas ocupadas continuará crescendo e massa de renda real deve começar a se recuperar a partir da metade de 2022, em resposta à queda da inflação. Para 2022, espera-se continuidade na recuperação do consumo e do emprego nos serviços prestados às famílias, como transporte, alojamento e alimentação, associado ao aumento da circulação de pessoas.

“Mas esse aumento não se deve à existência de novos elementos que impulsionem o setor, e sim à defasagem da recuperação desse segmento em relação a outros serviços, à indústria e à agropecuária”, analisa Mário Sérgio.

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