Frete e dólar: Preço dos materiais de construção segue em alta no Pará no início de 2025
Setor aponta aumento de até 20% em produtos como ferro, alumínio e cobre; mercado está retraído, mas há expectativa de aquecimento com a COP 30 em Belém.
O preço dos materiais de construção no Pará começou o ano de 2025 impactado principalmente pela variação do dólar, aumento do custo do frete internacional e inflação. De acordo com representantes do setor, produtos como ferro, alumínio e cobre acumulam reajustes que variam de 15% a 20% em relação ao ano anterior, o que tem influenciado diretamente o bolso de quem pretende reformar ou construir.
Alta de preços atinge principalmente alumínio, ferro e materiais elétricos
Segundo Renan Bittencourt, gerente de marketing de uma das maiores redes de lojas de materiais de construção no estado, o maior reajuste ocorreu nas esquadrias de alumínio, reflexo do aumento da matéria-prima. "O material elétrico também teve um reajuste considerável", afirma.
Entre os principais itens que sofreram alta, estão:
- Esquadrias de alumínio (portas e janelas);
- Materiais elétricos (cabos, fios e conexões);
- Ferro e cobre (usados em estruturas e instalações elétricas)
Carlos Bezerra, gerente de uma loja de materiais de construção localizada no bairro da Pedreira, em Belém, reforça o cenário e aponta que os aumentos ficaram na faixa de 15% a 20% em relação ao final de 2024.
"O alumínio, o ferro e o cobre subiram bastante. Além disso, produtos importados sofreram reajustes devido à alta do dólar", explica. Carlos dá como exemplo um cabo de 2,5 mm, que em 2024 custava R$249 e hoje custa R$299. Uma janela nas dimensões 1x1, segundo ele, R$ 139,90 ano passado e neste ano custa R$169,90.
Setor ainda não registra queda de preços e mercado sente retração
Apesar da alta generalizada, nenhuma queda significativa de preços foi observada até agora.
"As poucas reduções aconteceram por meio de negociações comerciais feitas pela loja para ajudar nossos clientes, mas nada expressivo no mercado", diz Bittencourt.
O setor também enfrenta uma retração na demanda, com janeiro sendo considerado um dos piores dos últimos cinco anos em termos de vendas.
"Os clientes estão comprando bem menos materiais para construção e, por isso, ampliamos o mix para itens de decoração e mobília, buscando suavizar o impacto das sazonalidades", acrescenta o gerente de marketing.
Fatores que pressionam os preços: câmbio, frete e cenário internacional
Entre as causas apontadas para o aumento dos preços estão o frete marítimo, que continua elevado mesmo no período pós-pandemia, e a variação do dólar, que encarece a importação de matérias-primas e produtos prontos, sobretudo da China, principal origem de muitos materiais.
"A incerteza monetária e o câmbio alto afetam diretamente os custos, além dos impostos que incidem sobre produtos importados", destaca Carlos Bezerra.
Expectativa de estabilidade e aposta na COP 30 para aquecer o mercado
Apesar do cenário de preços elevados e retração no início do ano, o setor ainda mantém alguma expectativa de recuperação, principalmente com a realização da COP 30 em Belém, em novembro de 2025.
"Muitas pessoas estão reformando e mobiliando imóveis para alugar na época do evento. Isso tem gerado uma demanda adicional que deve se intensificar nos próximos meses", projeta Bezerra.
Para Renan Bittencourt, a expectativa é de estabilidade nos preços ao longo do ano, embora o mercado ainda dependa de fatores macroeconômicos como a taxa de juros. "Estamos trabalhando para melhorar a eficiência nos processos, gestão de pessoas e reduzir custos, sem previsão de novas lojas por enquanto", conclui.
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