Brasil Origem Week: cacau produzido no Pará é destaque em evento internacional

Em Porto, vários produtores do Estado expõem seus produtos e conquistam o público

Elisa Vaz, direto de Portugal
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Os frutos produzidos no Pará estão sendo expostos no Brasil Origem Week, evento que é realizado em Porto, Portugal, desde a última quinta-feira (6) até este domingo (9). Dos oito produtores paraenses que estão participando da exposição, quatro são do segmento de cacau, a partir do qual são produzidos chocolates com a originalidade da Amazônia. O objetivo da agenda internacional é aproximar os pequenos produtores do mercado europeu.

A expectativa para o futuro é de que a produção do Pará cresça e alcance outros países. Mas, mesmo agora, os números já são positivos. Segundo dados fornecidos à reportagem pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca (Sedap) com base em informações do Ministério da Agricultura e Pecuária, o território paraense alcançou 11,5 milhões de sementes híbridas distribuídas em 2023, aquelas que não são destinadas à reprodução.

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Outros dados importantes envolvem o número de produtores, que chegou a 31,5 mil no ano passado, e de produção, com quase 150 mil toneladas de cacau no Estado. O Pará tem 221,7 mil hectares de área total plantada, o que representa aproximadamente 3 vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Além de 161,4 mil hectares de área total em produção, resultando em uma produtividade média de 925 quilos do fruto por hectare. Ainda, a entidade aponta que o valor bruto da produção no Estado chegou a R$ 2,4 bilhões em 2023.

Engenheiro agrônomo da Sedap, Fernando Reis diz que o Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura do Pará (Funcacau) apoia ações voltadas para a cacauicultura. “Ele dá origem à comercialização de amêndoas pelos produtores, o que abastece o fundo e volta aos produtores por meio do apoio a eventos, divulgação dos seus produtos, projetos técnicos e tudo relacionado com a cacauicultura”, declara. A perspectiva com o evento em Portugal é divulgar os produtos e fazer negócio.

Produtores ganham espaço

Entre os produtores de cacau que participam do Brasil Origem Week está Sarah Brogni, de Medicilândia, no Pará, que ela chama de “capital nacional do cacau”. A sua produção do fruto é no modelo que vai desde a plantação até as barras de chocolate, que são feitas com amêndoas premiadas. Na feira realizada em Porto, a produtora expõe o chocolate intenso, variando entre 58% e 100% de cacau.

“Estamos trazendo a qualidade do nosso cacau e a qualidade dos nossos produtos para o europeu conhecer e saber que a Amazônia tem produtos de qualidade para serem exportados. Tem todo um investimento para que isso aconteça. Eu acho que o caminho está cada vez mais curto para isso e a gente, como produtor e fabricante na região, está muito confiante. O mercado europeu é muito visado porque a população consumidora de chocolate está aqui”, afirma.

image Sarah Brogni, de Medicilândia, no Pará, tem uma produção que vai desde a plantação até as barras de chocolate, feitas com amêndoas premiadas (Joyce Karen / Divulgação)

Os produtos com 70% e 77% de cacau vendidos por Sarah já foram premiados no Festival de Belém, no ano passado, como os melhores chocolates intensos da Amazônia. Ela também levou a Portugal o lançamento da marca: amêndoas caramelizadas. “É a própria amêndoa do cacau de uma forma mais saudável para as pessoas poderem consumir”, conta.

O produtor Raimundo Silva, que é diretor comercial da Cooperativa Central de Produção Orgânica da Transamazônica e Xingu (CPOTX), também está presente no evento. A organização trabalha com mais de 250 famílias ao longo da rodovia Transamazônica, que produzem amêndoas de cacau de qualidade e certificadas. “Nós vamos da amêndoa até o chocolate, temos alguns parceiros e estamos conseguindo fabricar o nosso chocolate e trazer para o mercado”.

image A Cooperativa Central de Produção Orgânica da Transamazônica e Xingu (CPOTX) trabalha com mais de 250 famílias, segundo o produtor Raimundo Silva (Joyce Karen / Divulgação)

A participação da cooperativa no Brasil Origem Week, segundo ele, é importante para prospectar novos mercados. Na opinião de Raimundo, Portugal é uma porta para o mercado internacional. “Na Amazônia a gente tem um grande potencial produtivo, de mais de mil toneladas”, destaca ele. O diretor menciona ainda que a cooperativa trabalha com mão de obra familiar e que é uma grande geradora de emprego e renda no Pará.

Visitante aprova chocolate

De passagem pelo evento, a distribuidora de produtos brasileiros em Portugal Paula Rodrigues, que já mora no país há nove meses, aproveitou para saborear os frutos paraenses. Os chocolates dos quais ela mais gostou, feitos com o cacau da Amazônia, foram os que trazem notas sensoriais cítricas, que lembram outras frutas. “São frutas que eu mesma nunca provei, então é legal sentir o gostinho”, ressalta.

Na opinião dela, o mercado está rodando e o Brasil está em alta, e em um futuro “muito breve” haverá mais espaço na Europa para produtos que têm a identidade brasileira, como o cacau amazônico. Ela ainda menciona a importância dar visibilidade para a região, que, na sua opinião, é importante não só para o Brasil, mas para o mundo todo.

Produção de cacau no Pará em 2023

  • Sementes híbridas distribuídas: 11.500.000
  • Produtores: 31.515
  • Produção: 149.396 toneladas
  • Área total plantada: 221.755 hectares
  • Área total em produção: 161.483 hectares
  • Produtividade média: 925 kg/hectare
  • Valor bruto da produção: R$ 2,4 bilhões

Fonte: Ministério da Agricultura e Pecuária, via Sedap

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