Bolsa de Valores é atrativa para criação de riqueza, diz especialista

Para quem visa à aposentadoria ou tem objetivos de prazos superiores a cinco anos, os produtos da Bolsa são atrativos

Elisa Vaz

Os efeitos econômicos que surgiram com a pandemia da covid-19 são diversos e impactam diversas esferas do mercado. De acordo com um levantamento feito pela agência Austin Rating, o Ibovespa, principal índice acionário da B3, a Bolsa de Valores brasileira, registrou, até novembro, o segundo pior desempenho mundial em 2021, com queda de 14,4% de dezembro de 2020 a novembro de 2021 - atrás apenas do IBC, da Venezuela, que caiu 99,5% no período.

Mesmo assim, especialistas acreditam que a Bolsa de Valores está em um patamar bastante atrativo, com preços baixos para os resultados que as empresas entregam nos produtos. Porém, quando se considera os riscos macroeconômicos, é preciso estudar e ter consciência antes de investir.

Como explica o administrador Leonardo Cardoso, especialista em finanças e investimentos e private bank, que é também assessor de investimentos de um escritório em Belém, o cenário atual é cheio de incertezas, com aumento do desemprego, desaceleração econômica e avanço das desigualdades. No Brasil, ele diz que, com o aumento do endividamento público e os riscos fiscais e políticos cada vez mais em voga, há uma fuga dos ativos de risco – Bolsa de Valores de um modo geral.

“Estamos enfrentando um período de inflação e taxa de juros altas, ou seja, além de estarem mais caros todos os produtos e serviços, o dinheiro também ficou mais caro, o acesso ao crédito está mais difícil e infelizmente não há um sinal claro de melhoras para os próximos meses. Por isso, antes de investir é fundamental ter a plena consciência sobre as oscilações de mercado e também ter em mente que o investimento feito em bolsa deve ser tido como uma aplicação de longo prazo”, afirma.

As oscilações da moeda americana frente ao real também afetam a Bolsa de Valores. Levando em conta a taxa cambial no período citado, o Brasil registra o terceiro pior índice no levantamento, com tombo percentual ainda maior, de 20,8%. Segundo Leonardo, com a fuga dos investimentos de risco no Brasil mais acentuada por questões internas, há uma crescente busca por ativos mais estáveis e conservadores, onde muitos investidores estrangeiros retornam com seus recursos ao país de origem e acabam puxando a variação cambial para cima. Por isso, percebe-se um aumento na cotação do dólar. Ele ainda explica que ter parte dos seus recursos em dólar funciona como uma proteção direta aos investimentos em Bolsa de Valores, pois é consenso de mercado que eles têm uma descorrelação entre si: quando a Bolsa cai, o dólar tende a subir – isso explica o avanço da cotação da moeda nos últimos meses, diz o assessor.

Momento de investir

Para quem sabe o que está fazendo e tem o horizonte de tempo correto, os últimos meses têm sido excelentes para fazer boas compras na Bolsa de Valores, na avaliação de Leonardo. “Costumamos dizer que, em momentos como esses que estamos vivenciando na Bolsa de Valores, há uma grande corrida dos ativos de risco da mão dos impacientes para a mão dos pacientes, onde os investidores com maior estômago para essas oscilações momentâneas conseguem aproveitar para comprar papéis de empresas que acreditam a um preço mais baixo e, no futuro, quando a Bolsa voltar a subir, auferir lucro vendendo esses papéis”, diz.

Quando se fala em investimentos em renda variável, o assessor orienta que é importante atentar para alguns fatores, como aptidão ao risco e horizonte de tempo. Um erro muito comum entre os investidores, em especial os iniciantes, segundo ele, é ter mais exposição à Bolsa de Valores do que realmente deveriam. “Muito se fala: ‘meu vizinho, meu amigo, ganhou X mil reais na Bolsa, eu também vou ganhar’. Em muitos casos, as pessoas não entendem a real função do investimento em ações, que é a criação de valor e crescimento das empresas ao longo do tempo, e buscam auferir lucros em um curto espaço de tempo, o que eleva o risco do investimento a patamares muito altos. Por isso sempre comento: a paciência é a melhor amiga do investidor”, indica.

São justamente os investimentos em produtos de renda variável os mais atrativos do setor. Eles são ativos cuja remuneração ou retorno não pode ser dimensionado no momento da aplicação, podendo variar positiva ou negativamente, de acordo com as expectativas do mercado. Mesmo sendo mais indefinido, são tidos como os investimentos com maior retorno, diferente dos de renda fixa, que têm a remuneração final pré-definida, mas rendem menos. É o caso da poupança ou do Tesouro Direto.

Para quem pensa em construir uma poupança mensal visando à aposentadoria ou objetivos de prazos superiores a cinco anos, Leonardo comenta que a Bolsa de Valores de maneira geral é uma excelente ferramenta de acumulação e criação de riqueza. O segredo, diz ele, é ter uma estratégia bem definida e a disciplina de investir todos os meses, por mínimo que seja o investimento.

“Para quem deseja iniciar os investimentos em Bolsa de Valores o momento atual é bastante interessante, apesar de desafiador. A recomendação que posso dar é: comece. Com o mínimo que puder, mas comece, para ir aprendendo na prática e desenvolvendo o que chamamos de perfil do investidor. Com o tempo você terá a plena certeza se você é mais adepto ou não aos investimentos de risco. Esperamos que haja uma recuperação nos preços da Bolsa, buscando patamares mais interessantes do que tivemos nesse ano. Mas é importante ressaltar que 2022 é um ano eleitoral, período em que, historicamente, a Bolsa tende a oscilar bastante”, adianta.

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