Biomateriais impulsionam cadeia produtiva e criativa em Belém
Látex amazônico e outros materiais orgânicos são usados por empreendedores como fonte de renda
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A partir da matéria-prima presente no coração da Amazônia, as histórias de Tainah Fagundes e sua mãe, Kátia Fagundes, ganharam novos caminhos, nos quais a sustentabilidade e criatividade abriram portas para o surgimento de um novo empreendimento familiar, que aposta em biomateriais para a confecção de roupas, acessórios e objetos de decoração através da borracha amazônica.
O espírito empreendedor surgiu em Kátia, mãe solo, que precisava encontrar formas para garantir o sustento dos três filhos.“Ela teve que empreender e usou da sua criatividade e habilidades manuais e intuitivas de vida nesse processo. Ela fez um pouquinho de tudo nessa vida”, conta a filha.
Tainah relembra que a mãe, antes de empreender, trabalhava como sacoleira, em 2010, — vendendo roupas dentro de sacolas —, e costumava andar por Belém de ônibus, com as grandes sacolas de mercadorias, o que trouxe a ela muito cansaço, mas sem solucionar o seu problema financeiro.
“Ela ficou muito cansada e já estava com uma dívida de mais de R$ 20 mil, foi quando resolveu empreender e começou a pegar os primeiros tecidos e reaproveitar para fazer as primeiras joias e acessórios, peças de decoração, redes, etc.”, conta
Em 2015, a família decidiu investir no negócio e contar, através de seus produtos, uma história com uma identidade amazônica, com peças feitas de papel artesanal, regidos de vinil de LP, fitas magnéticas, e lançou primeira coleção, chamada Ponte A, em parceria com comunidades extrativistas de látex de Mosqueiro. “É desse caminhar, dessa parte da criatividade, da economia criativa e de valores sustentáveis e ancestrais que a gente desenvolve esse negócio”, acrescenta Tainah.
Atualmente, o negócio de Tainah e Kátia trabalha com comunidades extrativistas das regiões das ilhas de Belém, com produção de joias orgânicas e biomateriais, que, conforme a empreendedora explica, são fios de tecidos orgânicos, que podem ser usados na confecção de roupas, bolsas, sapatos e objetos de design no geral.
“Isso é um exercício, de vivenciar a realidade amazônica de perto, trazendo o protagonismo para essas comunidades e as chamando para as tomadas de decisão, vivenciando com elas o dia a dia”, afirma Tainah Fagundes.
“A gente acredita que a inovação está no saber de valorizar os saberes da tecnologia associada à floresta, e é a relação humana que a gente precisa olhar, esse é o nosso maior valor. A gente está falando de regeneração, de floresta em pé, de matéria-prima renovável e de uma relação com o planeta muito mais justa”, completa.
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