Belém prevê acréscimo de 143% na economia local com temporada de cruzeiros
A inclusão da capital na rota Brazil’s Vibrant Coast também deve promover aumento no número de empregos e visitas futuras
A inclusão de Belém na rota Brazil’s Vibrant Coast (Costa Vibrante Brasileira), da atual temporada de cruzeiros da Associação dos Operadores de Turismo dos Estados Unidos (USTOA), deve dar um acréscimo de 143% na economia da capital do Pará. O número foi repassado à reportagem do Grupo Liberal pela Secretaria de Turismo de Belém (Belemtur) e envolve os setores de alimentação, bebidas, presentes, artesanatos, passeios, entre outros.
Além de Belém, Santarém, no oeste do estado, também foi incluída. A rota tem saídas do Rio de Janeiro e da cidade de Bridgetown, capital da ilha caribenha de Barbados. Turistas devem passar pelo porto da capital e pelo Terminal Hidroviário de Passageiros e Cargas de Santarém. A temporada de cruzeiros 2023/2024 tem quase sete meses de duração e, para o Brasil, as operadoras de turismo estimam que R$ 3,9 bilhões sejam injetados na economia.
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Os empregos na capital, ainda, devem seguir a tendência de aumento. Segundo Ana Santiago, diretora de turismo da Belemtur, pesquisas realizadas pela Associação Brasileira de Navios de Cruzeiro (Clia) apontam um crescimento de 30% na oferta. “Em especial nos setores portuário, comércio e serviços, conforme as agências especializadas em turismo de cruzeiros”, diz.
“Na temporada 2022/2023, oito navios aportaram em Belém, com 3.700 turistas. Entretanto, para a atual temporada, há uma previsão de chegada de 11 navios, com aproximadamente 9 mil turistas e, diante dessa expectativa, estima-se que os recursos financeiros que serão injetados na economia local tendem a um acréscimo de 143%, distribuídos em diversos setores”, afirma Ana.
Visibilidade
A Clia e a FGV projetam que os gastos de cada visitante na cidade devem chegar aos R$ 605. “Com isso, [Belém] terá uma visibilidade em uma classe seleta de turismo com efeito multiplicador nos restantes segmentos da atividade. A inclusão de Belém induz o mercado operador de turismo a criar pacotes para a Amazônia e demonstrar que possuímos infraestrutura operacional para atender o turismo como um todo”, frisa a diretora.
Fortalecimento do Pará
Para o secretário de Turismo do estado, Eduardo Costa, o acréscimo de Belém e Santarém na rota dos cruzeiros tem a expectativa de retomar o fortalecimento do Pará como principal destino de entrada da Amazônia, “e início de novas negociações com demais armadoras”. “Espera-se um movimento econômico na ordem de R$ 1 milhão de reais por grupo recebido, segundo a Clia”, completa.
“Os números ainda estão sendo consolidados, mas há boas perspectivas de aumento na geração de empregos diretos e indiretos, já que o turismo tem a capacidade de gerar postos de trabalho relacionados a vários setores produtivos, que engloba transportes, alojamento ou hospedagem (Hotéis e similares), alimentação (restaurantes, bares, lanchonetes e outros), aluguel de transporte, agência de viagens, cultura e lazer”, finaliza o titular.
Estrutura adequada para receber cruzeiro deve ser prioridade
O guia de turismo, dono de agência e presidente do Sindicato dos Guias, Fábio Romero, lembra que a iniciativa de uma rota de cruzeiro para Belém já foi uma realidade antes. Porém, pela falta de estrutura adequada dos portos da capital, a ideia não “vingou”. “Há uns anos atrás, as empresas de cruzeiro tentaram emplacar o porto de Belém como fixo para embarque e desembarque de cruzeiros”.
“Eles identificaram a cidade com um potencial, isso já é muito positivo, mostra que a gente continua com um potencial bom, mas se não tiver a infraestrutura adequada, vai ser mais uma vez. Nós vamos começar e quando os cruzeiros chegarem e não tiver um porto adequado, segurança, não tiver um local para essas embarcações pararem, a gente não vai conseguir manter esse fluxo e nós vamos perder novamente essa oportunidade”, acrescenta.
Nesse sentido, Fábio destaca que a implantação de uma zona alfandegária eficiente nesses portos deve ser uma das prioridades. “A operação de cruzeiros desse porte, desse tamanho de navios, precisa de uma área de segurança alfandegada, com que você possa fazer o receptivo adequado dessas pessoas. Atualmente, nós não temos esses portos aqui disponíveis”.
“Os navios ficam ancorados à margem da Baía do Guajará, do outro lado, quando se usa o terminal da estação das docas, ou ficam parados do outro lado da Baía, na região de icoaraci. Não é uma situação adequada. O adequado seria que essas embarcações pudessem atracar num porto e a gente pudesse fazer todo o processo alfandegário. lauderdale, cabo canaveral, próximo de orlando, enfim”, completa o especialista.
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