Belém já registrou 24 casos de colisões entre aves e aeronaves em 2023; danos custam caro

Reporte desses incidentes é obrigatório no Brasil e ajuda a conscientizar sobre os riscos na aviação 

Camila Azevedo
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A aviação de Belém tem que lidar com diversas precauções, entre elas, o risco de colisão de aves e aeronaves. O número de casos apresentou estabilidade nos últimos anos em voos que pousam e decolam da capital do Pará. Dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) mostram que, entre 2019 e 2022, a média de incidentes ficou em 67 casos. Em 2023, de janeiro a abril, 24 registros já foram feitos pela entidade. Os prejuízos que situações como essas causam para as companhias aéreas, conforme afirmam especialistas, podem ultrapassar os 80 mil dólares.

O reporte dessas colisões no Brasil é obrigatório. De 85% a 90% dos incidentes ocorrem quando as aeronaves estão na fase de aproximação, pouso (26%), decolagem (25%) ou subida, segundo o Cenipa. O dano que o impacto pode causar afeta várias partes do avião, como asas, cauda, radome - que é o bico - e, principalmente, as turbinas. O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), por meio da Resolução nº 004/95, determina a proibição de implantação de atividades de natureza perigosa, como lixões, matadouros, ou outras atividades que possam atrair os pássaros aos arredores de aeroportos.

Piloto afirma que dano depende de onde há a colisão com a ave

Igor Benzecry, piloto de aeronave há 14 anos e bacharel em ciências aeronáuticas, explica que o perigo que as colisões apresentam depende da parte do avião que foi atingida. “As colisões podem criar mossas nas turbinas, ou no próprio compressor, que é a parte interna do motor, podendo causar a parada dele ou fogo. Essas são duas situações que a gente considera como perigosas e emergenciais. Se for na fase de decolagem, se torna mais perigoso. Se a aeronave apresentar problema no motor ou parada total, tem que fazer procedimento de emergência”.

De acordo com o especialista, alguns motores foram feitos para aguentar até 16 pássaros pequenos, como andorinhas. O agravante é no caso da ave ser de grande porte, como ocorre em Belém com a presença de garças e urubus. “A ave é desintegrada e o avião, provavelmente, não vai ter problemas sérios. Quando a ave é muito pesada, de 100 gramas a um quilo e meio, pode causar danos sérios no motor, ele pode perder a potência. Dependendo de como for, o piloto pode reiniciar o motor, porém, se for um animal grande, o risco é de pane total. Os danos podem fazer com o piloto não consiga isso”, detalha.

Treinamento garante que pilotos saibam lidar com a situação

Igor ressalta que o treinamento dado aos pilotos de aeronaves é necessário para saber o que fazer se a colisão ocorrer. Identificar, planejar e mitigar os problemas causados pelas aves são fundamentais nesse processo. “O que a gente faz é evitar, se tem muitos pássaros próximos, a gente atrasa a decolagem. Sempre reportamos o avistamento de pássaros, é muito importante para o controle. Os pilotos também vão desviar do animal, tem algumas manobras que fazemos. Quanto aos passageiros, não tem muito o que fazer, a não ser ficar tranquilo quanto a segurança. Apesar do risco, em todos esse anos só tivemos um acidente”.

“As formas de prevenção são seguindo as recomendações da Anac [Agência Nacional de Aviação Civil], que falam controle dessa fauna e perigo aviário nas proximidades dos aeroportos. Que pessoas que moram próximo a zona aeroportuária também entendam que lixões, qualquer carcaça, tudo que possa atrair pássaros, cria um perigo, pode ser um fator para contribuir e piorar a situação. Precisamos, também, de conscientização: aqui em Belém temos muitos reportes, porque temos muitos urubus, a comunidade aeronáutica reclama muito disso, então, quanto mais reporte, mais terão conhecimento dos problema”, completa Igor.

Prejuízos são extensos

Os prejuízos para as companhias aéreas com as colisões entre aviões e aves são extensos: desde perda de dinheiro e tempo com a aeronave parada, até transtornos para a malha aeroviária. Igor aponta que os gastos com manutenção podem chegar a mais de 80 mil dólares. “Tudo no avião é muito caro. O custo de manutenção, em geral, já é alto. Em um avião de grande porte, como um Boeing ou um Airbus, um simples reparo pode chegar a custa de 70 a 80 mil dólares. E o mais caro da manutenção é o tempo que a aeronave vai ficar parada, o dano que a companhia leva também”, completa.

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