Após aumento dos combustíveis, média de preço da gasolina em Belém fica em R$ 5,39
Consumidores se preparam para gastar mais com o produto e dizem que carro é necessário no dia a dia
O aumento de preços da gasolina, após anúncio da reoneração do combustível pelo governo federal em vigor desde esta quarta-feira (1º), já está sendo observado pelos consumidores de Belém. Nos postos de combustíveis visitados pela reportagem nesta manhã, a média do litro da gasolina era de R$ 5,39, com uma mínima de R$ 5,35 e máxima de R$ 5,49, dependendo da empresa e do bairro. Até a noite da terça-feira (28), o valor girava em torno de R$ 4,89, ou seja, houve alta de R$ 0,50 em cima do litro da gasolina na capital na virada de mês.
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Chefe de pista de um estabelecimento no bairro do Marco, Igor Melo explica que não há como deixar de fazer o repasse dos novos preços para os clientes, porque haveria uma perda na margem de lucro. “Hoje está custando R$ 5,39 e ontem estava R$ 4,90, seguimos o que foi aumentado pelo governo [R$ 0,47]. Mudamos o preço no meio da manhã, ontem estava lotado de clientes aqui, zeraram nossas bombas”, conta. O trabalhador se refere aos motoristas que correram aos postos de combustíveis para encher o tanque antes de as altas entrarem em vigor.
Valores baixos
Apesar do aumento no preço da gasolina na empresa, o funcionário acredita que o movimento não deve cair. Segundo ele, o fluxo de clientes continuou igual, mesmo com o preço novo, mas os montantes investidos no combustível estão menores. “Antigamente, o motorista abastecia pelo preço, completava o tanque, mas hoje, com esse aumento, é provável que abasteçam menos, até R$ 50 por vez, e pagando em dinheiro, para compensar”, afirma.
Outro motivo apontado por Igor para que os clientes desembolsem valores mais baixos é que boa parte deles trabalha como motorista de aplicativo. Como tendem a “rodar” por todos os pontos da cidade, aproveitam para completar o tanque em locais mais baratos, deixando para abastecer no centro de Belém apenas quando for necessário, gastando R$ 20 ou R$ 30.
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Em outro posto, localizado no bairro do Reduto, a expectativa é oposta: como muitos consumidores foram abastecer na noite de terça-feira, os próximos dias devem ser de baixo movimento. “Foi intenso, o maior movimento que teve, todo mundo chegava aqui, fiquei até sem gasolina hoje de manhã. Deve cair nesta semana, porque a maioria completou o tanque, geralmente isso dá uma semana, dependendo de como se usa”, afirma o proprietário do estabelecimento, Miguel Cansanção
Impacto
O autônomo José Eduardo de Caxias, de 58 anos, trabalha com refrigeração e usa o carro para visitar clientes e oferecer serviços. Ele tem acompanhado as notícias e acha que essas novas altas vão “pesar” no seu orçamento. “Trabalho como autônomo e estamos sempre fazendo algum serviço. Temos que colocar o preço no trabalho que fazemos, somos obrigados a passar para os clientes, não tem como, para não perder o lucro”, diz.
Para evitar gastos desnecessários, o trabalhador prefere, dependendo do endereço do serviço, contratar uma corrida em aplicativos, em vez de andar no próprio carro. “A cidade de Belém tem engarrafamento total, perdemos muito tempo e o combustível vai embora”, relata. “Nós, que precisamos do combustível, temos que nos acostumar com o preço, porque não podemos fazer nada. Temos que colocar a gasolina; se não, o carro não anda”.
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Também autônomo, Paulo Gueiros, de 55 anos, atua com representação, então costuma visitar ou encontrar seus clientes, portanto, usa muito o carro, por ser um meio de transporte rápido. O aumento de cerca de 50 centavos deve impactar no orçamento dele, com alta média de 20% no mês, segundo Paulo. “É igual ioiô isso aí, sobe e desce, governo baixa IPI, depois aumenta, uma loucura, essa gangorra não vai parar nunca, infelizmente. O jeito é se acostumar, tem que ser desse jeito, porque carro é essencial”, lamenta o consumidor.
Posicionamento
Em nota enviada à reportagem do Grupo Liberal, o Sindicombustíveis, que representa a categoria, adiantou que a reoneração de impostos sobre combustíveis, “certamente, reduzirá as vendas no setor, pois em qualquer mercado sempre que ocorre elevação de preço – independente do motivo – há redução no consumo. O consumidor sempre sente o impacto quando há elevação de preços”, afirma. Isso deve ocorrer mesmo com o anúncio de redução de preços feito pela Petrobras, como forma de conter o avanço dos valores no mercado.
A entidade ressalta que é fundamental, no entanto, esclarecer que não é possível prever ou adiantar qual será o percentual de reajuste nos postos. “Como reiteradamente explicado por este Sindicato, existem inúmeros fatores que contribuem para o preço dos combustíveis, sendo impostos e valor de refinaria apenas um deles. A formulação do preço depende da análise de cada empresa em regime de livre mercado, mediante sopesamento de seus custos e necessidades, principalmente levando em consideração o preço pelo qual compra da distribuidora. A afirmação de que o preço na bomba deve variar ‘R$ X,XX’ é leviana”, destaca o Sindicombustíveis.
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