Aplicações financeiras para aposentados: saiba como o cenário econômico contribui para os rendimento
Economista diz que a redução da Selic em 2024, aliada a um controle parcial da inflação, favoreceu investimentos como títulos pré-fixados e híbridos
Com o cenário econômico do ano passado, de controle relativo da inflação e queda na Selic, as aplicações financeiras para quem quer complementar a aposentadoria ficaram mais atrativas, com boas opções de investimento para aposentados em 2025. Muitas dessas pessoas dependem de aplicações extras que garantam segurança, liquidez e rendimentos consistentes para complementar sua renda e, em 2024, a economia brasileira enfrentou oscilações que afetaram tanto a renda fixa quanto a variável.
Segundo o economista e consultor de empresas Nélio Bordalo Filho, a redução da Selic em 2024, aliada a um controle parcial da inflação, favoreceu investimentos como títulos pré-fixados e híbridos, atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação do país. Com a Selic mais baixa, diz, a atratividade da renda fixa pós-fixada, como o Tesouro Selic e Certificados de Depósito Bancário (CDBs) indexados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), diminui.
“Por outro lado, ativos de renda variável, como ações e fundos imobiliários, ganharam maior potencial de retorno devido à redução do custo de capital. Entretanto, a inflação ainda impacta negativamente investimentos com retornos fixos nominais. Mesmo em um cenário econômico de controle inflacionário, o IPCA representa o índice oficial de inflação, e investimentos atrelados a ele são fundamentais para proteger o poder de compra ao longo do tempo. Para aposentados, especialmente aqueles com horizontes mais longos, essa proteção evita que a inflação corroa o valor real das suas economias”, indica o economista.
Estratégias de investimentos
Assessor de investimentos em um escritório de Belém, Leonardo Cardoso pontua que, historicamente, os produtos financeiros mais procurados entre os aposentados são a Previdência privada, que é uma das opções mais populares para aposentadoria, por auxiliar no planejamento financeiro, além de ter benefícios fiscais.
Fora essa modalidade, muitos aposentados, segundo ele, buscam opções como o Tesouro Direto, que são títulos de dívida pública, os chamados investimentos livres de risco no Brasil, que têm uma liquidez alta e mínimo de aplicação baixo.
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“No cenário atual, com os juros voltando a subir, algumas aplicações se mostram vantajosas, como o Tesouro Selic, que é uma excelente aplicação para reserva financeira, para aquele recurso de curto prazo que você pode precisar a qualquer momento. Além disso, vivemos hoje um cenário de taxas pré-fixadas, que é o tipo de aplicação que sei exatamente quanto irei ganhar ao vencimento, e de taxas atreladas ao IPCA, nosso índice de inflação, bastante atrativas, fazendo com que o investidor tenha bons retornos, sem se expor a riscos”, orienta.
No entanto, de acordo com Leonardo, é importante observar que cada aplicação é feita para um objetivo distinto, por isso a pessoa deve se atentar ao prazo de vencimento. Se o objetivo é investir em um local seguro, um capital que possa precisar a qualquer momento, o Tesouro Selic é a melhor opção, aponta o profissional.
O maior risco, na opinião de Cardoso, está em não saber sobre o que está fazendo, por isso estudar e entender as aplicações é bem importante. Ele notou, por exemplo, uma alta geral na procura por fundos imobiliários entre aposentados, e atribui isso ao fato de que, cada vez mais, as pessoas mais velhas estão buscando informações, na internet ou nos demais meios de comunicação, para se inteirar em temas relacionados a investimento, buscando opções arrojadas como a Bolsa de Valores e até mesmo criptomoedas.
“A recomendação é sempre de cautela, muita atenção na hora de investir, de preferência o faça pelo banco que você tem mais afinidade com o aplicativo ou site e, acima de tudo, comece com pouco. Não vale a pena colocar 100% do seu dinheiro em uma aplicação olhando somente para a rentabilidade, a diversificação é um fator de proteção para o investidor comum”, declara.
Perspectivas
Para Nélio Bordalo, é possível que a Selic permaneça em patamares moderados, entre 8,5% a 9,5%, caso o controle inflacionário se mantenha. Já a inflação, de acordo com o profissional, deve continuar a convergir para o centro da meta (3,5%), mas com riscos ligados a choques externos na economia brasileira ou pressões fiscais.
“Isso implica maior atratividade de títulos prefixados e híbridos de médio prazo; potencial recuperação da renda variável, beneficiando diversificação de portfólios; e risco reduzido de perdas reais em aplicações conservadoras, mas ainda dependente de monitoramento por parte dos investidores”, menciona.
O economista e consultor opina que os erros mais comuns de quem quer complementar a renda com investimentos na aposentadoria são a falta de diversificação dos investimentos, limitando ganhos ou aumentando riscos de perdas; o excesso de conservadorismo para evitar ativos de maior risco; movimentos impulsivos nos investimentos; e desconsiderar a inflação - ao ignorar esse impacto e priorizar apenas segurança e liquidez, o valor real da renda no futuro pode ser reduzido.
Estratégias de investimentos para aposentados em 2025:
- Segurança: Alocar uma parte significativa em renda fixa pós-fixada (Tesouro Selic, CDBs, DI) para emergências.
- Liquidez: Manter uma reserva de curto prazo em aplicações com resgate rápido e baixos custos, como fundos de renda fixa simples.
- Rentabilidade: Diversificar com títulos prefixados, IPCA + de médio prazo e uma exposição controlada em renda variável (fundos imobiliários, ETFs, ações de dividendos).
- Rebalanceamento periódico: Ajustar o portfólio conforme mudanças econômicas ou necessidades pessoais. Para isso, o aposentado investidor deve disponibilizar tempo e atenção em seus investimentos, ou contratar profissional experiente no assunto.
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