Alta das passagens aéreas: entenda os fatores e previsões para 2024

Aumento tem preocupado os consumidores, que criam estratégias para poderem viajar.

Amanda Engelke e Gabriel da Mota
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A alta de 47,24% nos preços das passagens aéreas nos últimos 12 meses, conforme apontam dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), tem preocupado os consumidores. O artista visual Vitor Lima, de 38 anos, que precisa viajar a trabalho diversas vezes ao longo do ano, é um deles.

“Desde a pandemia (Covid-19) as passagens só tem aumentado, tanto as domésticas quanto as internacionais. Mesmo comprando antecipado, o valor ainda é bem acima do que eu costumava comprar há quatro ou cinco anos, por exemplo”, afirma o artista, que mora há 13 anos no Rio de Janeiro.

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A percepção de Vítor está bem próxima da realidade, de acordo com especialistas do setor. Entre os fatores que contribuem para este cenário estão a escassez de aeronaves, o aumento no preço do petróleo, a falência de algumas agências de viagens e outras dificuldades enfrentadas pelo setor aéreo, que impactaram inclusive na inflação.

Em dezembro, o IPCA acelerou 0,56%, 0,28 pontos percentuais acima do índice de novembro. Entre os grupos analisados pelo IPCA, o de Transportes foi o que mais influenciou o resultado, impulsionado pela alta das passagens aéreas e da gasolina. No acumulado de 2023, a inflação ficou em 4,62%, abaixo do teto da meta, mas ainda expressiva.

Ygor Araújo, analista de Indústria e Transportes da Genial Investimentos, avalia que a relação oferta e procura também ajuda a explicar a alta nos preços. Segundo ele, houve uma redução na oferta de aeronaves em 2023, devido aos atrasos nas entregas das fabricantes, tendo como contrapartida crescimento da demanda com a melhoria da atividade econômica.

Oferta limitada de aeronaves e saídas de empresas tiveram impactos

Para este ano, a projeção do analísta ainda é uma oferta limitada, impactando os preços. “As companhias aéreas inclusive revisaram suas projeções recentemente para baixo, de volumes operacionais, justamente por conta dessa expectativa de entregas um pouco menores ao longo do ano", diz Araújo.

Outro aditivo a este cenário foi a saída do mercado de empresas como Hurb e a 123milhas, uma vez que essas empresas, que operavam com milhas, tinham poder de barganha para obter menores preços. Com a saída dessas empresas, o consumidor tem que buscar a passagem eventual, geralmente com preços mais altos.

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Vítor, por exemplo, conta que tem até estratégia na caça às passagens mais baratas. “Coloco um alarme no buscador baseado nas datas e destinos para os quais que pretendo viajar. Dessa forma, dá pra acompanhar a oscilação dos preços e as tendências de subida ou queda nos valores. Outra saída que tenho usado é aproveitar os milhas de programas de pontuação”, conta.

Petróleo também influencia no preços

Felipe Novaes, economista da Tendências, avalia que a alta do petróleo também teve um papel significativo na alta dos preços das passagens. De acordo com ele, o barril do tipo Brent chegou a ultrapassar os US$ 90 em setembro e outubro de 2023, elevando o preço do querosene de aviação, um dos principais custos operacionais das companhias aéreas.

Para o especialista, o setor aéreo ainda está se recuperando do impacto da pandemia. Ainda que o setor tenha conseguido uma baixa nos custos e recuperado a receita, o cenário negativo ainda não foi completamente revertido. A expectativa, porém, é que o setor continue a se recuperar em 2024.

Previsão é a estabilização dos preços

Para 2024, a previsão é de estabilização com a recuperação das empresas e a diminuição dos custos. Novaes projeta que os preços das passagens devem arrefecer, mas ainda assim, é difícil "prever" quando isso irá acontecer. "A transição dos preços não é automática, os elos da cadeia demoram para transmitir esse repasse de alta e queda”, afirma.

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A saída, diante deste cenário, é se planejar com bastante antecedência. Vitor conta que já garantiu a passagem para Belém, para o Círio. “As passagens para Belém, durante a época do Círio, eu começo a buscar desde dezembro do ano anterior. Para este ano, por exemplo, já garanti porque, pelas experiências anteriores, os valores não vão baixar a partir de fevereiro. Pelo contrário”, diz.

Reinaldo Barros, consultor de vendas de uma agência de viagens no Pará, afirma que, para impedir que aumento nas passagens aéreas afaste clientes, a empresa na qual trabalha tem buscado soluções e promoções para atender às demandas. Segundo ele, as pessoas buscam agências por comodidade e confiança.

“O aumento de fato ocorreu e isso em geral afasta, mas avalio que procura por agências, como a nossa, está forte em 2024, até por ser um período de alta temporada, com destaque para o nordeste e o Rio de Janeiro. O nosso desempenho das vendas está aquecido”, afirma.

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