Agricultura familiar responde por 40% do PIB paraense, aponta último censo agropecuário 

Levantamento do ano de 2017, o mais recente, estima 300 mil famílias respondendo por R$ 5.1 bilhões (40%) ao ano

Valéria Nascimento
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No Pará, a agricultura familiar responde por 40% do que é gerado de produção rural em um ano. O estado tem 28.295.631 hectares de área de terra ocupados por estabelecimentos agropecuários. Desse total, 30% estavam sob a posse de agricultores familiares (8.602.473 ha), enquanto 19.693.158 ha, com agricultores não-familiares. 

Os dados são da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), criada em maio deste ano pelo governo estadual, com base no Censo Agropecuário, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, do ano 2017, o mais recente até então divulgado. 

No Pará, no ano de 2017, o valor da produção agropecuária dos estabelecimentos rurais foi de R$ 12.8 bilhões, com a agricultura familiar respondendo por R$ 5.1 bilhões (40%) e a agricultura não-familiar por R$ 7.6 bilhões (60%).

Adubo natural prepara a terra para as árvores frutíferas em Mosqueiro

 

A agricultura familiar paraense tem grande potencial para agregar valor aos produtos e diversificar suas formas de comercialização. De acordo com a Seaf, são 300 mil agricultores familiares em todo o estado.

Evaldo Machado da Silva e a esposa, Rosa, trabalham a terra de forma sustentável. Eles têm uma diversificada produção rural, da criação de galinhas ao plantio do açaí, tudo natural. É do galinheiro da própria propriedade, por exemplo, que sai o adubo que deixa a terra pronta para produzir as árvores frutíferas.

Eu planto o meu cheiro-verde, a macaxeira, jambu, cacau, açaí, banana. Eu faço uma agricultura de subsistência, eu preciso plantar para eu sobreviver. Então eu planto tudo, eu tenho uma floresta sustentável, com pupunha, açaí, abacaxi. Eu fiz uma coisa para o futuro, entendeu?, eu sou diferente, eu nasci dentro da Embrapa”, disse Evaldo, com orgulho.

Ele acrescentou: "só que para a idade que eu tenho a Embrapa não era Embrapa. A Embrapa tem 50 anos. Meu pai que era o guarda florestal e a gente morava dentro da repartição, que era o Instituto Agronômico que depois mudou de sigla para Embrapa".

Evaldo recordou que tinha 8 anos de idade quando conheceu o manejo do cacau.Eu molequinho, daí, eu procurei um lugar para viver de plantar, tranquilo, sem ter patrão. Então, eu sou o patrão, sou o pião, o doutor, o engenheiro, sou tudo aqui”, contou ele bem-humorado.

A propriedade dele tem 5 hectares, na comunidade Mari-Mari I, em Mosqueiro, distrito de Belém. Na última quinta-feira (31), no final da manhã, Evaldo explicou um pouco da rotina diária enquanto tomava o açaí que ele próprio batia. “Estou batendo ‘aquele’ açaí porque o agricultor familiar é assim, ele tem que produzir para ele comer e o resto ele vende”, disse sorrindo.

Oportunidades para Agricultura Familiar no Pará

Evaldo Silva já obteve financiamento do Banco da Amazônia, por meio de linhas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

O segmento de pequenos agricultores tem chances de aumentar a produtividade este ano, a partir do acesso às linhas de crédito do Basa, que, em 2023, destina R$ 9,9 bi no Plano Safra 2023/2024. Desse total, R$ 5,5 bi são direcionados à agricultura familiar, mini e pequenos produtores.

Somente para o Pará, são R$ 79 milhões. O Banco da Amazônia tem sido o principal indutor do crescimento da agricultura familiar no Pará. Nos últimos 10 anos, 2013/2023, o Banco aplicou R$ 1,8 bilhão para atender 62.370 agricultores familiares locais.

Tanto o governo estadual quanto a iniciativa privada reconhecem o papel essencial da agricultura familiar para a economia paraense. No Brasil, a atividade ocupa a 8ª posição entre os maiores produtores de alimentos do mundo.
No contexto regional do Pará, o segmento também tem uma atuação fundamental no abastecimento do mercado interno. O Basa destaca, por exemplo, a produção diversificada desses agricultores, o que inclui culturas como açaí, mandioca, feijão, arroz, milho, frutas tropicais, além da pecuária e da produção de leite.

Confira os destaques da agricultura familiar no Pará, conforme o Banco da Amazônia, entre 2013/2023

 

Açaí – 21.631 produtores – R$ 389,6 milhões aplicados

Mandioca – 6.895 produtores – R$ 36.8 milhões aplicados

Pimenta – 2.068 produtores – R$ 59 milhões aplicados

Cacau – 925 produtores – R$ 33,6 milhões aplicados

Dendê – 670 produtores – R$ 45 milhões aplicados

Abacaxi – 198 produtores – R$ 2 milhões aplicados

*Fonte Banco da Amazônia

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