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Quase metade dos bares e restaurantes paraenses está inadimplente, aponta Abrasel/PA

De acordo com o levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Pará, a maior parte das dívidas está relacionada a impostos federais

Kamila Murakami
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Contas em atraso atingem 47% dos bares, restaurantes e lanchonetes paraenses – que compõem o setor de alimentação fora do lar –, é o que aponta uma pesquisa realizada em dezoito municípios do estado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Pará (Abrasel/PA), no período de 22 a 29 de julho. De acordo com o levantamento, a maioria das dívidas está relacionada com impostos federais, com o qual, entre os participantes da pesquisa, 63% estão inadimplentes.

Em segundo lugar entre os débitos da categoria estão as dívidas com as taxas municipais (33%); seguida por impostos estaduais (30%); encargos trabalhistas e previdenciários (26%); fornecedores de insumos (26%); débitos com serviços públicos como água, luz, gás e telefone (26%); empréstimos bancários em atraso (22%), débitos de aluguel (19%); dívidas com fornecedores de equipamentos e serviços (4%). Devido à ausência de dados locais do mesmo período do ano passado, não foi possível fazer uma comparação do quanto mudou de 2023 para 2024.  

Em entrevista exclusiva ao Jornal O Liberal, o presidente da Abrasel/PA, Rafael Menezes, contou como uma das razões para a inadimplência o fato das empresas que atuam no ramo ainda estarem tentando se recuperar dos impactos negativos causados pela pandemia de Covid-19, que deixou diversos estabelecimentos em situação de endividamento. Rafael é gastrólogo e há dez anos é proprietário de um restaurante em Belém especializado em comida saudável. 

“O setor de alimentação fora do lar foi um dos mais afetados, e a gente ainda vive reflexos desse caos que foi a pandemia. Então, temos muitas empresas endividadas ainda, devendo tributos federais, municipais e encargos trabalhistas”, cita.

Com as medidas de restrição e o lockdown, os estabelecimentos precisaram passar por um longo tempo fechado e, em seguida, se adaptar a um novo formato de funcionamento, como o delivery para tentar manter o capital de giro e a lucratividade. No entanto, mesmo com as estratégias de adesão ao formato, muitos empreendimentos precisaram recorrer a empréstimos e programas de crédito. No entanto, o que parecia ser uma medida resolutiva a curto prazo, acabou se tornando para muitos uma dor de cabeça.

“As empresas adotaram, na ocasião da pandemia, programas como o Pronampe e outros tipos de empréstimo, também deixaram de pagar INSS, FGTS, e isso vem se acumulando ao longo do tempo e acaba refletindo nos resultados financeiros dos bares e restaurantes hoje”, explica.

Ainda de acordo com Rafael, apesar do cenário de endividamento, o setor tem expectativas positivas para o futuro e já trabalha com estratégias de recuperação, porém defende que é necessária a parceria com agentes governamentais para alcançar um resultado favorável. ”Nós temos boas perspectivas e estamos melhorando esse número. A gente tende a diminuir esse nível de endividamento, mas também a gente precisa da ajuda dos órgãos federais, estaduais e municipais para sanar e equilibrar as nossas contas”,

64% dos restaurantes operaram sem lucro em junho

Outro ponto abordado pela pesquisa realizada pela Abrasel/PA aponta que em junho deste ano 64% dos estabelecimentos paraenses de alimentação fora do lar operaram sem lucro no mês. De acordo com o presidente da associação no Pará, um dos grandes desafios enfrentados pelos empresários do setor é a adequação dos preços ao ritmo da inflação, que acaba contribuindo para o desempenho negativo.

“Isso é um cenário recorrente. Nós temos um ponto de inflação que acaba estrangulando as nossas margens e o setor não consegue repassar integralmente esse aumento inflacionário para o consumidor. Então, a gente acaba absorvendo parte dessa inflação”, destaca Rafael.

Apesar dos desafios, o empresário conta que o setor espera por uma melhora ainda no segundo semestre deste ano, uma vez que em outubro a movimentação na cidade aumenta com os festejos do Círio de Nazaré.

“COP-30 é uma luz no fim do túnel”, afirma presidente da Abrasel/PA

A pouco mais de um ano para Belém sediar a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), estabelecimentos de diversos setores já se preparam para receber o alto fluxo de turistas e chefes de estado que irão desembarcar na capital paraense para prestigiar o evento.

Diante disso, Rafael Menezes conta que os empresário e microempreendedores veem um cenário favorável. “Alguns números do próprio Ministério do Turismo mostram que está aumentando o número de turistas aqui na região, e o cenário da COP-30 é uma luz no fim do túnel para os donos de bares e restaurantes”, afirma.

image Rafael conta que setor tem apostado em capacitação para se preparar para a COP  (Foto: Carmem Helena)

Até lá, segundo o presidente da Abrasel/PA, o momento é de preparação e capacitação. Para isso, ele reforça a importância dos investimentos em linha de crédito, por exemplo, a fim de preparar os estabelecimentos para atender à demanda das pessoas que virão para a cidade no período.

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“A preparação tá vindo através das linhas de créditos, via Fungetur (Fundo Geral de Turismo), que está ajudando bastante o setor. No entanto, existem as empresas que estão negativadas, o que não ajuda muito. A Abrasel, como entidade associativa, também está ajudando nessa preparação técnica junto com o Sebrae e outras entidades, para que a gente torne o setor cada vez mais profissionalizado”, comenta Rafael.

Segundo Rafael, os cursos, as capacitações técnicas e até mesmo a implementação de boas práticas compartilhadas de outras regiões do Brasil ajudam a tornar o setor mais eficiente, aumentar a produtividade e diminuir os índices de inadimplência.

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