MENU

BUSCA

O que é o 'Novo El Niño'? Conheça o fenômeno chamado de 'interruptor do clima'

O padrão climático, batizado de “Onda Número 4 do Padrão Circumpolar do Hemisfério Sul" (SST-W4) ocorre no Pacífico e pode atingir todo o hemisfério sul do planeta

Lívia Ximenes

Pesquisadores apontam a existência de um padrão climático semelhante ao El Niño, em publicação no Journal of Geophysical Research: Oceans (Jornal de Pesquisa Geofísica: Oceanos, em tradução livre). De acordo com o estudo, o Novo El Niño funciona como um “interruptor do clima” e provoca alterações em todo o hemisfério sul do planeta. O fenômeno foi batizado de “Onda Número 4 do Padrão Circumpolar do Hemisfério Sul", ou SST-W4.

VEJA MAIS

Com o fim do El Niño em junho, Inmet aponta acumúlo de chuva no norte do Pará
Na Região Norte, o instituto aponta que os maiores acumulados de chuva devem ocorrer no noroeste do Amazonas, norte do Pará, Roraima e Amapá

Amazonas já registrou mais de 5 mil focos de calor este ano, segundo o Inpe
Dados do Programa BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), apontam aumento de 107,6% em relação ao mesmo período em 2023. Moradores do sul do estado têm sido afetados por queimadas.

Queda de temperatura no Brasil é esperada devido à ‘onda de calor’ na Antártida; entenda
Em evento raro do clima, temperaturas sobem cerca de 30º C acima do normal durante esse período na Antártida. A situação deve colaborar para o avanço de uma frente fria para o Brasil.

O entendimento de mudanças climáticas, bem como a previsão do tempo, será melhor compreendido com esse novo padrão. Diferente do El Niño, o SST-W4 surge no sudoeste do Pacífico subtropical em direção à Austrália e Nova Zelândia, mais ao sul do que o primeiro. Mesmo que a região que controla essas alterações seja consideravelmente pequena, mudanças de temperatura em todo o hemisfério sul podem ser desencadeadas.

Balaji Senapati, principal autor do estudo e pesquisador do Departamento de Meteorologia da Universidade de Reading (Inglaterra, Reino Unido), afirma, à BBC, que a descoberta é “como encontrar um novo interruptor no clima da Terra”.

“Isso mostra que uma área relativamente pequena do oceano pode ter efeitos de longo alcance no clima global e nos padrões climáticos”, diz o pesquisador Balaji Senapati.

A pesquisa permitiu simular o padrão do Novo El Niño, utilizando um modelo que representou 300 anos de condições climáticas. Há anos as flutuações da temperatura da superfície do mar na região eram afetadas, mas não havia entendimento de como acontecia. Com componentes da atmosfera, oceano e gelo marinho, foi possível criar uma imagem extensa do sistema climático da Terra.

“O padrão climático funciona como uma reação em cadeia global. Esse padrão cria quatro áreas quentes e frias alternadas nos oceanos, formando um círculo completo no hemisfério sul”, explicam os cientistas. Além de Balaji, há três pesquisadores envolvidos: Yushi Morioka, Swadhin K. Behera e Mihir K. Dash.

Uma pequena região perto do mar da Nova Zelândia e Austrália funciona como uma alavanca de controle para o Novo El Niño. Assim, quando há alteração na temperatura do oceano nessa porção, as temperaturas atmosféricas sofrem influência. “Isso cria um padrão ondulatório que viaja pelo hemisfério sul, impulsionado por fortes ventos de oeste”, explicam.

Com as mudanças nos padrões de vento, há alteração na temperatura do oceano e surgem áreas alternadas de ar quente e frio. Tanto ar aquecido, quanto ar resfriado, podem ser transportados por ventos do oeste - fortalecendo ou enfraquecendo as oscilações de temperatura. A fase de aquecimento é comparada a do El Niño e a de resfriamento, a do La Niña.

Entretanto, o Novo El Niño (ou SST-W4) ocorre de maneira independente. Isso sugere que o padrão sempre aconteceu, mas nunca foi identificado antes. O fenômeno pode ajudar a esclarecer a razão do hemisfério sul estar mais seco, aquecido e tempestuoso. “Compreender esse novo sistema climático pode melhorar muito as previsões meteorológicas e climáticas, especialmente no hemisfério sul”, destaca Balaji.

VEJA MAIS

Belém: 'A COP na Amazônia trará soluções com muito mais força', diz Ana Toni
Em entrevista exlusiva ao jornal O Liberal, Ana Toni, secretária de Mudanças do Clima do Ministério do Meio Ambiente, destaca a importância estratégica da COP 30 em Belém

Ministério da Saúde cria setor especial para monitorar emergências climáticas
A sala passará a monitorar especificamente duas situações climáticas: queimadas intensas no Pantanal e seca prolongada na região amazônica

Ministério do Meio Ambiente não terá cortes no orçamento
Ministério da Saúde será o mais afetado no congelamento de gastos

(*Lívia Ximenes, estagiária sob supervisão da coordenadora de Oliberal.com, Heloá Canali)

Curiosidades