Romances LGBTQIA+ ganham espaço

Autores paraenses avaliam o mercado no Dia Internacional de Enfrentamento à LGBTfobia.

Enize Vidigal
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Em datas de referência, como neste 17 de maio, Dia Internacional do Enfrentamento à LGBTfobia, é que alguns avanços sociais ocorrem no sentido da superação do preconceito à livre orientação sexual. Um desses avanços tem se dado na literatura com a crescente publicação de romances com protagonismo LGBTQIA+. O escritor e dramaturgo paraense Saulo Sisnando, com 25 anos de carreira, narra essa evolução da narrativa LGBTQIA+, na qual ele iniciou publicando livros e crônicas com pseudônimo feminino até estrear o seu primeiro romance gay “Terra de Paixões”, em 2021. Outro autor paraense, Michel Jorgee, comemora mais de 25 mil exemplares vendidos de seu “Enquanto Deus dormia”, de 2020.

“Não é um nicho literário pouco explorado, mas está em crescimento e precisa ser mais explorado. Já se vê livros de protagonismo LGBT, de vários segmentos, mas ainda há muitos espaços a serem explorados. Vejo as pessoas muito interessadas em ler esse tipo de literatura, jovens sobretudo”, avalia Sisnando.

“O mercado literário (dos romances LGBTQIA+) ainda é bastante tímido no Brasil e romances gays ainda não são bem aceitos por algumas editoras tradicionais”, avalia Michel Jorgee. Com 138 mil seguidores no Instagram @micheljorgee , ele atingiu 25 mil exemplares vendidos em dois anos do seu romance gay de estrela.

image Michel Jorgee (Instagram)

Evolução

Saulo Sisnando divide a própria carreira literária entre antes e depois de “Terra das Paixões”: “Eu precisava escrever com pseudônimo feminino (no passado) para falar das minhas paixões, das minhas crises enquanto homem gay. As editoras não publicavam se fosse manifestadamente LGBT. Vivenciei essa mudança na literatura, essa permissão. Eu sempre digo para as pessoas aproveitarem o que estamos vivenciando agora porque é único”, comemora.

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Saulo recorda que, quando estava com 20 anos de idade, consumia os romances de banca de revista e sonhava em encontrar ali um romance de protagonismo LGBTQIA+. Pois somente uma editora publicava romances dessa natureza, mas em edições reduzidas que eram entregues em embalagens preto para as outras pessoas não notarem. “Agora, você vê em Belém uma prateleira inteira de livros LGBTs. Isso é uma grande mudança. Eu pude, no meio da minha trajetória, dizer: ‘agora eu vou publicar como um homem gay’”, recorda.

Hoje, ele vende suas obras em versão de e-book pela Amazon e em formato físico site saulosisnando.com.br e Instagram @saulosisnando. Saulo está longe de parar, pois criou uma coletânea de romances LGBTQIA+, de livros que ainda serão lançados, intitulada “Infinita Coleção”.

Aceitação

“Recebo diariamente muitas mensagens de leitores de vários lugares do Brasil agradecendo pelo o que escrevo. É bastante gratificante”, celebra Michel Jorgee. Ele vende as obras em livrarias e nas plataformas da Amazon, Americanas e Magalu. “Hoje temos bastante escritores fazendo romances LGBTQIA+. Há os que ainda acreditam no crescimento deste nicho”.

Michel já havia lançado o primeiro livro, “Poesias de Maria Madalena” (2013), quando decidiu escrever um romance LGBTQIA+. “Eu escrevi o meu primeiro livro quando saí de casa aos 16 anos, após uma briga com a minha família que não aceitava a minha sexualidade. Foi uma decisão libertadora”, revela. “Enquanto Deus dormia” narra o romance entre um adolescente e um padre no interior do Sul do país. “O livro mostra o amor, a aceitação e a visão que tenho sobre Deus”, declara. Michel também prepara um novo romance de protagonismo gay.

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