Professor paraense comenta viralização de 'Brás Cubas', de Machado de Assis: 'Ideia colonizadora'
Escritor criticou o fato de muitos só tomarem conhecimento da obra após vídeo falar sobre o autor brasileiro
O professor paraense Geovane Belo comentou sobre o sucesso repentino do livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de 1881, na internet após a escritora e leitora Courtney Henning Novak, norte-americana, avaliar a obra no TikTok. Segundo o cronista, Machado de Assis já faz parte da identidade cultural brasileira há bastante tempo, por meio do trabalho de professores e críticos, muito antes de vídeos e postagens nas redes sociais viralizarem.
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Em um vídeo publicado nas redes sociais, Belo afirma que tomar conhecimento destes escritos somente por meio de um viral, e acreditar que apenas este caminho os torna conhecido, é deslegitimar as aulas de literatura e o trabalho de intelectuais brasileiros. Além disso, o professor classifica como uma atitude colonizadora o fato de muitos internautas acreditarem que Machado faz sucesso apenas agora, ao ser reconhecido por uma influenciadora no exterior.
"Quer dizer que Machado de Assis passa a ter o livro mais vendido na Amazon e nas livrarias, de repente, porque uma norte-americana teceu grandes elogios à sua obra? Machado sempre esteve aí em todos os currículos, aulas de literaturas e livros didáticos", iniciou.
Em seguida, Geovane fez um questionamento aos seguidores. Ele perguntou se, para legitimar o que é bom na própria cultura, é necessário ter a avaliação positiva de alguém de foram. Nos comentários, muitos seguidores do cronista apoiaram a sua fala e concordaram com os pontos levantados por Geovane.
"Não adianta nada nossos professores, críticos, já dizerem isso à exaustão? Não adianta os clubes de leitura, os 'booktubers', os 'bookgrans' brasileiros que falam o tempo inteiro de Machado? Só uma coisa me admira no vídeo que viralizou: só agora os leitores de língua inglesa estão conhecendo Machado? Como são atrasados esses norte-americanos", finalizou o artista.
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