Festival Choro Jazz celebra 15 anos e confirma novas edições no Pará em 2025

Após edições marcantes em Belém e Soure, evento destaca a descentralização da cultura e planeja projeto especial envolvendo indígenas caruanas e Egberto Gismonti.

Matheus Viggo

Após passar por Soure, no Marajó, e Belém, o Festival Choro Jazz, que celebra 15 anos, desembarcou no Ceará no último final de semana, começando por Fortaleza e seguindo para Jericoacoara. Este foi o primeiro ano como festival itinerante. Em Fortaleza, contou com a participação da paraense Leila Pinheiro, que cantou ao lado de Roberto Menescal, um dos fundadores do movimento Bossa Nova. Em Jericoacoara, além das apresentações musicais, o festival também oferece oficinas, reunindo mestres e estudantes de música.

“É uma maravilha, né? Eu venho há muitos anos já com ele, mas há muitos anos a gente não vem por aqui, né? Aqui em Fortaleza. É esse públicaço maravilhoso que canta da primeira à última música. Eu tô muito feliz, muito emocionada e muito grata a esse público aqui, ao Dragão do Mar, ao Ceará, né? Muito obrigada por nos receber assim”, disse Leila ao O Liberal.

image Roberto Menescal e Leila Pinheiro (Imagem: Choro Jazz)

 

 


 

O festival contou com a participação do músico Mimi Rocha, que homenageou o paraense Aldo Sena ao apresentar uma versão da guitarrada Lambada Complicada misturada com rock ‘n’ roll. “Eu sou muito fã do Aldo Sena, inclusive tive o prazer já de tocar com ele algumas vezes aqui. E isso aconteceu, essa música, a gente foi tocar num local, numa praça aqui, num local mais afastado aqui de Fortaleza, alguns anos atrás. E como eu ia fazer um show instrumental, na hora eu pensei: ‘Cara, a gente tem que tocar alguma coisa bem conhecida’. E tal, eu pensei numa coisa do Luiz Gonzaga e tal, aí eu lembrei desse carinha, o Aldo Sena”, contou Mimi Rocha.

O Festival Choro Jazz, realizado no Ceará, é apresentado pela cantora Lorena Nunes, nascida no Rio de Janeiro, mas filha de paraenses. “Minha mãe ela nasceu em Mosqueiro, mas foi registrada em Belém, meu pai nasceu em Belém e é isso, assim, eu sou um paraense de pai e mãe, né? Eu, por acaso, nasci no Rio, fiz uma curvinha, nasci no Rio, aí com 11 meses eu já cheguei aqui em Faltaleza, né? Cresci aqui em Faltaleza, então eu me reconheço enquanto cearense e lembro das minhas raízes paraenses, né?”, explicou Lorena.

image Lorena Nunes (imagem: Choro Jazz)

Uma das atrações em Jericoacoara foi o músico Ney Conceição, que também ministrou uma das oficinas promovidas pelo festival. “Estou muito feliz de participar pela segunda vez, né? Que eu toco aqui em Jericoacoara nesse festival maravilhoso. Já são 15 anos de festival. E eu vim há dois anos atrás, com o Nelson. Agora eu vim com o nosso trio. E estou muito feliz de estar aqui participando dessa coisa de resistência, de cultura mesmo, só tem música boa aí”, comentou Ney.

Ele também expressou seu desejo de participar das próximas edições no Pará. “E estou querendo na edição, ano que vem, do Choro Jazz lá no Marajó, em Belém, que vai ter lá. Já falei para o Capucho que eu quero ir lá. Então vamos torcer para tudo o que é certo e vamos reencontrar todos os meus conterrâneos, queridos”, revelou.

image À esquerda, o músico Ney Conceição (imagem: Choro Jazz)

Apresentado pela Petrobras, o projeto conta com a idealização e curadoria de Antônio Ivan Capucho, que celebrou a realização do evento em Jericoacoara, destacando a integração entre cultura e natureza, além da alegria de retornar à cidade após 15 anos do início do festival. “É sempre uma alegria, né? Conseguir linkar a cultura com o meio ambiente, né? A natureza. Aqui é uma felicidade, né? A gente nasceu, né? São 15 anos, né? Começou em 2009. É sempre bom voltar aqui. Estou muito feliz de estar debutando aqui em Jericoacoara”, afirmou Capucho.

Em entrevista, Capucho falou sobre o sucesso das edições de 2024 em Belém e Soure, no Pará, que superaram expectativas, com grandes públicos e apresentações marcantes, como Dona Onete e Hermeto Pascoal. “Foi uma experiência maravilhosa. Eu gosto do desafio. Eu gosto de levar a música a um dos lugares mais difíceis. Para mim é mais tipo a descentralização da cultura, né? Eu gosto de levar a música onde ela tem pouco acesso, onde você pode levar um conhecimento, levar e aprender e levar um pouco também. Então, esse é o propósito do Festival. Quando você faz uma coisa que você acredita, você sempre tem aquela esperança de sucesso e não foi diferente, porque tinha filas para entrar depois de a gente começar lá em Belém. E Soure tinha 4 mil pessoas na Dona Onete, o Hermeto Pascoal, então você fazer esses encontros também é muito importante”, declarou.

image Roberto Menescal e Antônio Capucho (Imagem: Choro Jazz)

Para 2025, Capucho confirmou novidades no festival no Pará, incluindo um projeto especial que combina a cultura indígena caruana com Egberto Gismonti, prometendo surpreender o público. “Acho que tem tempo pra pensar ainda, apesar de eu já estar com algumas coisas adiantadas, tem uma coisa que eu tô pensando muito interessante lá pra ilha do Marajó. Eu vou contar mais na frente assim, mas eu acho que vai envolver uma coisa bem interessante assim, juntar os indígenas caruanas com o Egberto Gismonti, vai ser um negócio… já contei, acabei contando, mas é isso, né? Eu gosto de criar coisas”, finalizou.

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