Morre aos 89 anos o ator Robert Blake

Blake morreu de doença cardíaca, cercado por familiares em casa em Los Angeles

O Liberal

O ator Robert Blake, conhecido por sua atuação na série de televisão "Baretta", morreu nesta quinta-feira (9), em Los Angeles (EUA), aos 89 anos, em decorrência de doença cardíaca. O anúncio foi feito em um comunicado divulgado em nome de sua sobrinha, Noreen Austin.

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Blake foi uma figura controversa em Hollywood. Aclamado como um dos melhores atores de sua geração, ganhou notoriedade pelo papel do assassino na vida real Perry Smith no filme "A Sangue Frio", de Truman Capote. Mas, da aclamação da academia, por sua atuação na telas, ele passou à notoriedade por uma tragédia familiar, quando foi julgado - e absolvido - pelo assassinato de sua esposa, Bonny Lee Bakley.

Ele estava convencido de que não havia matado sua esposa e um júri acabou absolvendo-o. Mas um júri civil o consideraria responsável pela morte dela e ordenaria que ele pagasse US$ 30 milhões à família de Bakley, uma sentença que o levou à falência. Foi um final vergonhoso para uma vida vivida sob os holofotes desde a infância.

Blake ganhou um Emmy de 1975 por sua interpretação de Tony Baretta, embora nos bastidores o show tenha sido abalado por disputas envolvendo a estrela temperamental. Ele ganhou a reputação de um dos melhores atores de Hollywood, mas um dos mais difíceis de se trabalhar.

Sua saga pessoal foi tão dramática quanto qualquer um dos personagens que ele interpretou e mais tarde ele admitiu ter suas próprias lutas contra o vício em álcool e drogas na infância.

O crime que mudou a biografia

A história de Blake e Bonny Lee Bakley começou em 1999, quando os dois se encontraram em um clube de jazz. “Lá estava eu, com 67 ou 68 anos. Minha vida estava parada, minha carreira estava paralisada”, relatou em entrevista à Associated Press. "Eu não tinha motivos para não gostar de Bakley; ela me tirou das arquibancadas e me colocou de volta na arena. Eu tinha algo pelo que viver.”

Tempos depois Bakley deu à luz uma menina, a quem ela deu o nome de Christian Shannon Brando, como aquele a quem ela apontava como sendo o pai, Christian Brando, filho do também ator Marlon Brando. Porém, testes de DNA feitos à época apontaram a paternidade de Blake. Diante da comprovação, Bonny então registrou a filha como Rosie Lenore Sophia Blake.

A primeira vez que ele viu a pequena Rosie ela tinha dois meses, dali em diante a menina se tornaria o foco de sua vida. Por causa dela, Blake decidiu se casar com Bonny Lee.

Na noite de maio de 2001, Blake e Bonny Lee, então com 44 anos, saíram para jantar em um restaurante da vizinhança, o Vitello’s. Quando se preparavam para voltar para casa, já dentro do carro, Blake lembrou que havia esquecido uma arma que costumava carregar consigo sobre a mesa do restaurante e voltou para apanhá-la enquanto Bonnie ficou esperando no carro. Ao voltar, Blake a encontrou morta com dois tiros, na cabeça e nos ombros.

Inicialmente, Blake foi acusado do assassinato de Bonny Lee. A promotoria alegou que ele planejava matar a esposa para obter a custódia exclusiva do bebê, e teria contratado pistoleiros para o trabalho. Mas as evidências foram confusas e o júri rejeitou essa teoria, decidindo pela absolvição. No entanto, um julgamento civil o considerou culpado de morte por negligência e ordenou que pagasse US$ 30 milhões à família de Bonny. 

Ele gastou milhões em sua defesa e acabou vivendo da previdência social e de uma pensão do Screen Actor’s Guild. Em uma das últimas entrevistas concedidas, em 2006, um ano após sua absolvição, Blake disse que ainda esperava reiniciar sua carreira. “Eu gostaria de dar o meu melhor desempenho”, disse ele. “Gostaria de deixar um legado para Rosie sobre quem eu sou. Ainda não estou pronto para um cachorro e uma vara de pescar. Gostaria de ir para a cama todas as noites desesperado para acordar todas as manhãs e criar um pouco de mágica."

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