Luiz Braga, o artista que conversa com a luz

Fotógrafo é o homenageado da 41ª edição do Arte Pará, maior projeto de arte do Norte do país

Bruna Lima
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Com um trabalho de essência linear, a qual exalta a beleza, a simplicidade e a vida na Amazônia, o fotógrafo paraense, Luiz Braga, construiu seu nome e leva a fotografia da Amazônia para o mundo. O próprio fotógrafo diz que se for medir sua trajetória com um compasso, vai ser possível verificar que sua essência é transitar pela Amazônia e mostrar o que é daqui para fora. Luiz Braga é o artista homenageado no 41º Arte Pará. O projeto é apresentado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet, e realizado pela Fundação Romulo Maiorana (FRM). A abertura está marcada para 3 de outubro, na Casa das Onze Janelas.

O fotógrafo pontua que uma das curiosidades sobre sua trajetória é a respeito da essência linear que traça. “Por mais que eu tenha diversas fases nessa minha trajetória e um acervo imenso, é possível perceber que a minha linguagem e a minha expressão seguem uma essência linear, ela não fica oscilando”, explica o Luiz Braga. 

image Luiz Braga

Outro aspecto da grife “Luiz Braga” é de ser um fotógrafo que não tem essência desbravadora no sentido de querer extrair e explorar novos lugares, paisagens e personagens. “Eu gosto de circular pelo meu espaço. Se for colocar um compasso para medir minha trajetória, vai verificar que o meu conteúdo é o meu espaço, a Amazônia. Eu não tenho aquela característica de fotógrafos europeus que se desafiam em fotografar e conquistar novos espaços. Eu sempre rodo e paro por aqui mesmo”, pontua.

É baseado nas coisas simples da vida da Amazônia que o fotógrafo consegue invadir galerias e montar exposições fora do país. “Eu prezo pela conversa, pela troca e conhecimento de vida que as pessoas me passam quando transito pelos cantos da Amazônia. A fotografia é a arte de conversar através da luz que vai e vem”, pontua o fotógrafo.

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Segundo o fotógrafo, a construção de confiança, conhecimento e de dedicação são alguns dos pilares para conquistar uma assinatura e o respeito na profissão. “Grandes autores e grandes personalidades construíram, elas não são feitas de um boom. Elas são feitas de uma construção que se faz com determinação, com humildade. É importante que se conte para os mais jovens que eles podem usufruir do glamour da fotografia hoje, porque muita gente, como eu e tantos outros, plantaram lá atrás, a valorização e o respeito à profissão de fotógrafo”, destaca Luiz Braga.

image Luiz Braga

 Nesta edição do Arte Pará, o público vai conhecer um recorte que mapeia sua trajetória do fotógrafo que comemora 50 anos de carreira, em 2025. “Esse recorte mapeia o meu percurso como artista. Lá, vão ter obras de diversos períodos da minha carreira. Isso é muito importante e, também, terão diversos segmentos e técnicas. Também terá a experimentação com a luz nas fotografias coloridas e com o preto e branco. Tem registros dos anos 80. Vai ter os primeiros passos que eu dei na fotografia, que coincide com o primeiro Arte Pará”, explica.

O fotógrafo tem uma história antiga com o Arte Pará, onde atuou de diversas formas. Luiz já participou como convidado, já foi premiado por três vezes, já participou como jurado e, este ano, será o grande homenageado. “O Arte Pará é uma iniciativa exemplar. É um projeto que tem história. Ao longo do tempo, quantos artistas estiveram presentes? Acho que é um trabalho de incentivo fundamental numa terra que tem muitos artistas e que, infelizmente, não tem tantas políticas públicas de incentivo. Não é fácil fazer o salão, muitas vezes, eu percebi de perto como era difícil realizar e conseguir apoio. Ele tem um papel importante na minha carreira por permitir, expor o meu trabalho. Quando você permite que um artista monte o seu trabalho e que o público tenha acesso, você está formando plateia e está discutindo a obra. Então, acho que esse é um dos grandes papéis do salão, de formar cidadania”, reflete Luiz Braga.

image Luis Braga

O tempo não para, mas a fotografia sim. Luiz Braga diz que só se deu conta do tempo, quando estava com 30 anos de carreira, pois, antes, ele agia como um nadador do time de 50 metros. “Se o nadador for parar para pensar em qualquer coisa depois que ele se joga na piscina, ele não vai ganhar nunca. Então, foi assim que agi até os meus 30 anos de carreira. Um tiro de cinquenta metros. Eu fotografava, fotografava, fotografava. Tanto que, tem muitas fotos que eu só fui ver com a atenção devida, décadas depois de ter feito”, avalia.

Após a comemoração dos 50 anos de carreira, o próximo passo é fazer uma exposição sobre o Marajó, uma vez que o fotógrafo sintetiza que o local concentra todos os elementos que considera essenciais na vida, como a simplicidade, o respeito pela natureza, a cordialidade e o acolhimento.

Maior projeto de arte do Norte do país, o Arte Pará traz para a edição 2024, o tema “Um Norte [transcursos – caminhos]” com curadoria da artista Nina Matos. Na edição deste ano, o formato será de uma mostra com a participação de 20 artistas paraenses convidados e uma sala especial para o artista homenageado na Casa das Onze Janelas.

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