Julieta Hernández: Artistas de Belém falam da amizade com a palhaça Jujuba
Durante sua passagem pelo Brasil, Julieta chegou a visitar Belém, onde deixou sua marca como artista independente e fez grandes amizades
A morte da artista Julieta Hernández, também conhecida como palhaça Jujuba, abalou a comunidade artística de diversas regiões do Brasil, que receberam a visita da venezuelana durante suas viagens de bicicleta pelo país. A multiartista foi encontrada morta na última sexta-feira (5), em uma área de mata em Presidente Figueiredo, no Amazonas.
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Julieta integrava o grupo artístico “Pé Vermei”, que conta com artistas e cicloviajantes. Durante os oito anos em que percorreu o Brasil, a venezuelana chegou a visitar Belém, onde interagiu e trabalhou com artistas locais. Foi nesta oportunidade que a atriz e diretora Romana Melo conheceu e se encantou com a palhaça Jujuba.
“Ela tinha uma energia muito contagiante, um sorriso largo, era uma artista de rua incrível. Em Belém ela participou com a gente de em uma live do nosso 1º Festival Internacional de Mulheres Cômicas de Belém. No dia 6 de dezembro de 2022 organizamos o teatro Waldemar Henrique para uma apresentação dela, para que ela pudesse levantar um dinheiro e continuasse sua jornada pelo Brasil”, conta Romana.
A palhaça jujuba era conhecida por percorrer diversos locais do Brasil utilizando apenas a sua bicicleta. Determinada a espalhar alegria e bom humor, Julieta conheceu diversas cidades do país e apresentou números teatrais de palhaçaria para todos os tipos de público. Estas experiências também ficaram marcadas durante sua apresentação em Belém, explica Romana.
“Ela trazia essa vivência de andar de bicicleta, e já entrava em cena com a própria bicicleta em que viajava. A apresentação era muito interativa com o público, sempre chamando as pessoas para cantar, dançar, foi um espetáculo muito livre, de muita alegria e liberdade”, relata a diretora artística.
Para a atriz, Julieta deixará saudades em toda a comunidade artística, que tinha uma conexão muito forte com a artista venezuelana.
“É uma perda muito grande. Ela já estava no brasil desde 2015, então a gente tem uma rede nacional de palhaçaria, e de palhaças, mesmo muitas não se conhecendo pessoalmente, a gente tem um vínculo muito forte. Ela era uma pessoa muito incrível, que por ponde passava deixava amor, alegria, e uma energia serena”, lamenta Romana.
Rodolpho Sanchez era amigo pessoal e um dos artistas paraenses mais próximos de Julieta. Ele chegou a abrigar a palhaça em casa, durante a passagem dela em Belém.
“Ela ficou na casa onde eu morava com amigos, a sede do circo matutagem. Lá a gente montou espetáculos juntos, ela trocou com a gente, assistia nossos ensaios e montava coisas dela. Julieta era bonequeira também, e confeccionou bonecos palhaços do nosso grupo, e eu pude mostrar Belém pra ela. Ela conheceu o carimbó, a nossa música, a culinária, sempre foi uma artista de grande sensibilidade, uma mulher com força feminina muito grande”, destaca Rodolpho.
Ainda muito abalado com o crime que vitimou sua amiga, Rodolpho conta que conversava frequentemente com Julieta. Ele afirma que, como artista, ela deixa um legado inspirador para todas as pessoas que produzem arte no país.
“A gente trocava muita ideia sobre nossas vidas, sonhos, artes. O maior ensinamento dela pra mim, foi sua atuação como palhaça. Muitas vezes os palhaços ficam nervosos antes de entrar em cena, mas ela se jogava, ira pra cima mesmo. Era uma artista independente que fazia sua arte ser acessível e que não cobrava por esse trabalho, apenas mostrava o seu chapéu para quem pudesse ajudar”, conta o artista.
De acordo com Rodolpho, a comunidade artística como um todo sentiu muito a perda de Julieta. Vários grupos estão se organizando para prestar homenagens à artista, que era extremamente querida por todos.
“Estamos evitando falar sobre o crime neste momento. O que a gente ta focando agora é homenageá-la, pra deixar esse legado bonito, da poesia, da arte, do riso, da palhaçaria feminina. A palhaçaria é necessária, o riso é uma questão de saúde pública e a Julieta era uma artista de muita garra, que nos inspirava a levar o riso aos lugares mais difíceis do Brasil”, expressa Rodolpho Sanchez.
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