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‘Ecos da Amazônia’: exposição revela nuances da força criativa feminina na região

Valorizar a presença e atuação das mulheres no bioma é estrutural para a preservação dos ecossistemas naturais

Eduardo Rocha
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O olhar sensível e perspicaz de mulheres que vivem na Amazônia é estrutural não apenas para a compreensão da realidade dessa região, mas, também, para que sejam superados os desafios ambientais e sociais nesse bioma vital à Terra. Por esse motivo e para que possam ser alvo de reflexões, artistas plásticas apresentam, em Belém, nuances do cotidiano e do que se quer para essa área verde no norte do Brasil, por meio da exposição “Ecos da Amazônia: A Força Criativa Feminina”. Essa mostra será aberta às 19h desta sexta-feira (14), na Galeria Edgar Contente, do Centro Cultural Brasil Estados Unidos (CCBEU).

A iniciativa é do Instituto Mulheres Artistas da Amazônia (IMAA), e o vernissage da mostra reunirá artistas unidos pela causa urgente da preservação da região amazônica e também no propósito de homenagear a força e a criatividade das mulheres que produzem arte nesse território. Isso em pleno ano de realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), na capital paraense, no mês de novembro.

E nesse contexto ambiental, a mostra terá, entre muitas outras atrações, a participação da artista indígena Carla Bethânia Yyapotin. Ela vai expor obras que refletem sua ancestralidade, ou seja, como valorização da arte produzida em aldeias indígenas. A presença dessa artista na exposição significa a atitude do IMAA de dar voz às comunidades originárias e sua conexão profunda com a terra.

Carla Bethânia Yyapotin pertence ao povo Aruâ (comunidade Cajuúna), de Soure, no Arquipélago do Marajó. O título de um dos seus trabalhos (serão três no total) é “Mãe Terra”, e ele reflete sua conexão profunda com a Mãe Terra e suas tradições. Segundo a artista Yyapotin: “Diante das mudanças climáticas a Mãe Terra vem trazer essa reflexão de todo esse ciclo de vida e morte e seu papel em dar conta de manter todo o tipo de vida. Porque até a morte é vida".

Ressonância

A artista plástica Andréa Noronha preside o IMAA. Ela destaca que o título da mostra foi escolhido “para refletir a ressonância das vozes femininas na arte da região”. “A Amazônia é um espaço rico em cultura e biodiversidade, e as mulheres têm um papel central na preservação e transformação desse legado. A mostra busca celebrar essa força criativa, destacando o impacto significativo que as artistas locais têm em sua sociedade e no meio ambiente”, diz.

image Obra de Andréa Noronha é uma das que sugerem reflexão sobre o cuidado com a vida nos ecossistemas da região (Foto: Divulgação)

Desse modo, como destaca Andréa, o foco central da mostra é a visibilidade e valorização da produção artística feminina na Amazônia. “Queremos mostrar como as mulheres usam a arte como uma ferramenta de expressão, resistência e consciência ambiental. Por meio de diferentes linguagens artísticas, nossa intenção é criar um diálogo sobre o papel da mulher na sociedade amazônica e sua relação com a natureza”, pontua a presidente do IMAA.

A exposição conta com o apoio institucional do CCBEU, do Grupo Liberal e da Cerveja Caribeña. “Sem o apoio deles, seria difícil organizar uma iniciativa de tal magnitude. Inclusive estamos em busca de patrocínios para as próximas exposições. A exposição acontece de forma colaborativa”, explica Andréa Noronha. Ela informa que, nessa mostra, o público confere 50 obras de 16 artistas.

Todas as obras expostas são de mulheres artistas plásticas, o que sublinha a missão de promover e destacar a produção artística feminina. A artista convidada, será a Carla Bethânia Yyapotin(comunidade Cajuúna-Soure-Marajó) e as demais artistas  do Instituto Mulheres Artistas da Amazônia que estão expondo são: Andréa Noronha, Ariany Machado, Aracely Miranda, Camila Lima, Cristina Gemaque, Clau Barreto, Daniela Guerra, Danoely, Lilia Lena, Milene Fonseca, Nazaré Mello, Renata Costa, Rose Maiorana, Rose White, Rosana Uchôa e Semiramis Libonati.

image Obras, como esta da artista plástica Rose Maiorana, mostram a realidade amazônica e contribuem para o debate acerca do futuro da região (Foto: Divulgação)

Como explica Andréa Noronha, a exposição reúne uma diversidade de linguagens e técnicas. “Temos vários trabalhos: pintura a óleo, acrílica, aquarela, crochê, bordado, mural, pintura sobre tecido, artesanato e fotografia. Essa variedade reflete a rica expressão criativa das artistas e sua capacidade de dialogar com a realidade da Amazônia”.

No caso de Andréa Noronha, ela vai apresentar a “Série Amazônia”, à qual tem se dedicado bastante por meio de pesquisas. Um dos trabalhos dessa série chama-se "Morototó" e é realizado em aquarela acrílica, utilizando sementes do morototó adquiridas em uma comunidade em Alter do Chão. Essa comunidade trabalha com essas sementes de forma sustentável. “Além disso, trago também obras que provocam a reflexão sobre o descaso em relação a determinadas espécies vegetais e a valorização de nossa flora tão abundante”, acrescenta.

Já a artista plástica Rose Maiorana, diretora comercial do Grupo Liberal, vai expor um díptico sob o título “Minhas Flores”, explorando a rica e colorida flora amazônica, assim como também a beleza da paisagem ribeirinha dos rios da região. E para tal, ela utiliza a técnica de acrílica sobre tela.

Vestir arte

Uma das atrações ao público em “Ecos da Amazônia” é uma instalação com manequins relacionada à flora e fauna amazônidas. “Vamos mostrar uma nova maneira de valorizar a arte que produzimos na Amazônia. Desta vez, com uma proposta de vestir arte. Produzimos pinturas em vestidos, assim como apresentamos uma releitura do crochê e do bordado de uma forma bem artística, para que o público perceba que a criatividade pode colaborar na valorização da nossa arte produzida com temáticas da Amazônia”, detalha Andréa Noronha.

“Essa instalação visa informar e sensibilizar os visitantes sobre a importância da biodiversidade e os desafios enfrentados pelo bioma amazônico. É uma experiência imersiva que esperamos que desperte reflexões profundas sobre a relação entre humanos e natureza. Esses vestidos foram fruto de nossa participação no Amazônia Fashion Week em novembro do ano passado”, completa Andréa.

“Ecos da Amazônia” envolve olhares expressivos da relação das mulheres com a Amazônia, algo profundamente enraizado na história, cultura e economia local. Elas desempenham papéis fundamentais na preservação das tradições, na gestão dos recursos naturais e na luta por direitos. No entanto, enfrentam desafios significativos, como a falta de oportunidades e a violência de gênero.

image A Galeria Edgar Contente, do CCBEU, em Belém, recebe obras que revelam o universo de referências ambientais na Amazônia (Foto: Divulgação)

Os frutos dessa relação incluem um vigoroso ativismo ambiental e um fortalecimento das vozes femininas, que são fundamentais para a construção de um futuro mais sustentável para a região e para suas comunidades. E é nesse contexto que atua o IMAA há um ano. Desde a sua fundação, o Instituto tem trabalhado para promover e apoiar a arte feminina, criando espaços de visibilidade e diálogo para as mulheres artistas na região.

 

Essa atuação, como repassa Andréa Noronha, se dá por meio de diversas iniciativas, incluindo a realização de exposições, gestão de carreira, programas de capacitação e parcerias com organizações locais.  “Nosso objetivo é empoderar as mulheres  por meio da arte, proporcionando-lhes ferramentas de expressão e oportunidades de se envolverem ativamente em suas comunidades”, arremata Andréa.

Serviço:

O que: Exposição "Ecos da Amazônia: A Força Criativa Feminina"

Vernissage: 14 de março de 2025, às 19h

Onde: Galeria Edgar Contente, Centro Cultural Brasil-Estados Unidos (CCBEU), Belém

Endereço: Trav. Padre Eutíquio, 1309, bairro de Batista Campos

Período de visitação: 17/03 a 15/05/2025, das 14 às 17h

Entrada: Gratuita

 

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