Documentário 'Entre Raízes e Rituais Ancestrais' estreia nesta terça (25) em Santarém
O longa-metragem revela a força de cura das mulheres amazônidas e os ensinamentos repassados de geração em geração

A população santarena irá conhecer as histórias ancestrais de mulheres da região e como esses ensinamentos são repassados de geração para geração nesta terça-feira (25). A estreia do documentário “Entre Raízes e Rituais Ancestrais” será às 19h, no auditório Wilson Fonseca da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) campus Rondon, e irá contar as histórias de mulheres parteiras, erveiras e tantas outras, que irão revelar as suas relações com a espiritualidade amazônica, com os saberes antigos e também sobre o conhecimento ancestral que protegem.
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Dirigido por Joyce Viana, “Entre Raízes e Rituais Ancestrais, Mãos de Cura - Mulheres da Amazônia” é uma forma de homenagear as mulheres que mantêm viva a cultura de resistência e a sabedoria dos povos antigos até os dias de hoje. A indígena Maria Susete Kumaruara, do município de Santarém, revela como descobriu que suas mãos tinham o propósito especial de trazer vida ao mundo, mesmo sabendo que o chamado que ecoava em seu peito era desaprovado por sua mãe.
Susete revela que tudo mudou quando fez 12 anos e realizou o seu primeiro parto, mesmo sem nunca ter sido ensinada. “O pai da criança pediu que eu fizesse companhia para a grávida enquanto buscava uma parteira. Mas minha mente foi guiando, minhas mãos souberam o que fazer. O bebê não estava na posição certa, e, sem saber como, ajeitei e trouxe ele ao mundo”, revelou a parteira. Histórias como a de Maria Susete são comuns por toda a Amazônia, seja em quilombos, comunidades ribeirinhas e aldeias, locais onde o conhecimento não se detém a livros, mas no olhar das matriarcas.
Além da história de Maria Susete, outras histórias são contadas dentro do documentário, trazendo narrativas de mulheres que carregam em seu corpo e sua alma, saberes antigos. Maria Barreto é benzedeira e conhece as palavras certas para afastar males e trazer alívio. Nelci Escher, Alaíde dos Anjos e Luciene Borari são erveiras, entendem o poder curativo das folhas, raízes e cascas da floresta. Já Jovelina Oliveira e Railanda Maia são as puxadeiras, que dominam a arte de alinhar corpos e energias com suas mãos firmes. Por outro lado, Neide Viana é puxadeira e erveira, sendo assim consegue unir os dois conhecimentos em um só, trazendo equilíbrio entre corpo e espírito.
Para mergulhar dentro da cultura das guardiãs da ancestralidade amazônica, cada mulher teve uma música exclusiva composta por Allan Carvalho, que traduziu em melodia as histórias, a energia e a essência de cada uma delas. Dessa forma, as canções se transformaram em orações que vibram como a pulsação da floresta, transformando a trilha sonora do documentário em um álbum musical, o que ampliou de forma considerável o alcance da narrativa.
Para construir o documentário, Joyce Viana, diretora do documentário, destaca que a aproximação com as protagonistas precisou ser feita com cautela, respeito e escuta. “O conhecimento delas é passado de geração em geração, de mãe para filha, em rituais silenciosos que acontecem longe dos olhos do mundo. Foi preciso tempo para que se sentissem seguras para compartilhar”, revelou a diretora.
Para ela, o documentário é muito mais que um registro, é uma reza, um chamado, um testemunho de que essas mulheres continuarão fazendo a Amazônia pulsar de forma imensa e sagrada. “Espero que o público sinta o peso e a beleza desses saberes. Essas mulheres são a base da floresta. Seu conhecimento não pode ser esquecido”, finaliza a diretora Joyce Viana.
(*Gustavo Vilhena, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Abílio Dantas, coordenador do núcleo de Cultura)
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