Dia de Preto Velho: conheça a história dessa entidade sábia

Esses espíritos, conhecidos por sua sabedoria, simplicidade e resiliência, carregam consigo uma história marcada por muito sofrimento e superação

Luciana Carvalho
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No dia 13 de maio é comemorado o "Dia dos Pretos Velhos", uma festividade em honra às entidades que representam os ancestrais negros e negras na religião de matriz africana. Esses espíritos, conhecidos por sua sabedoria, simplicidade e resiliência, carregam consigo uma história marcada por muito sofrimento e superação. Considerados uma das linhas mais poderosas dessa religião, os Pretos Velhos transmitem ensinamentos valiosos sobre a vida, todos baseados em suas experiências de obstáculos superados com fé e perseverança.

O dia 13 de maio também marca a abolição da escravatura no Brasil, ocorrida em 1888. Os Pretos Velhos representam uma linha de trabalho espiritual na Umbanda, que se apresentam sob o arquétipo de velhos africanos que viveram nas senzalas, muitos como escravos, que morreram no tronco ou de velhice e que, continuam a transmitir suas histórias e ensinamentos sobre o período de cativeiro.

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Como surgiram os Pretos Velhos?

Os africanos foram trazidos ao Brasil sob as condições desumanas e cruéis do tráfico de pessoas durante a era da escravidão. Originários de diversas etnias, como Bantos, Congos, Angolanos, de Luanda, da Guiné, entre outras, foram forçados a viajar juntos em navios negreiros, resultado de uma cruel mistura imposta. Apesar de terem sido privados de seus títulos devido às guerras territoriais em seu continente, a população negra jamais se mostrou frágil. Entre eles havia reis, rainhas, guerreiros e sábios, não apenas no Brasil, mas também em toda a Europa e Américas.

Ao chegarem ao Brasil, foram vendidos e submetidos à escravidão. As mulheres eram destinadas a trabalhar como amas de leite e cozinheiras na Casa Grande, enquanto os homens mais fortes eram utilizados como reprodutores para perpetuar a linhagem escrava. As senzalas, onde viviam, tornaram-se o berço da resistência negra. Ali, africanos de diferentes origens eram forçados a conviver em um mesmo espaço, assim como nos navios negreiros.

Os senhores brancos acreditavam o fato de não falarem a mesma língua e as rivalidades étnicas dos africanos impediriam qualquer tipo de revolta. No entanto, isso não aconteceu. Os africanos, compreendendo que estavam todos na mesma situação independente de sua origem na África, começaram a dialogar entre si. Pouco a pouco, passaram a compreender e respeitar as culturas regionais uns dos outros, seus costumes e crenças, encontrando semelhanças nas diferenças e fortalecendo a união.

Assim, surgiram os movimentos pela liberdade, os quilombos, as fugas. Muitos mantinham seu temperamento e sua fé, enfrentavam castigos brutais e eram chicoteados, enquanto outros ofereciam abrigo e orientação aos mais jovens e fortes, incentivando-os a buscar a libertação. Dessa resistência da população negra, surgem os Pretos e Pretas-velhas, entidades sábias e ancestrais, que retornam à Terra para guiar e amparar seus descendentes.

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