'Ser visionária na cultura pop tinha sempre uma hiperssexualização', diz psicóloga no Chá de Canela
Entrevistada da semana foi a psicóloga feminista, mestre e dra. em Psicologia Social, Jéssica Modinne
Se uma mulher é livre, ela pode usar a sexualização do próprio corpo como forma de ganhar dinheiro ou isso seria reforçar um estereótipo e servir a um interesse masculino? A pergunta polêmica sobre a hiperssexualização dos corpos femininos foi a tônica do papo do Chá de Canela desta semana, que entrevistou a psicóloga feminista, mestre e dra. em Psicologia Social, Jéssica Modinne. O programa vai ao ar hoje (19), às 20h, no Youtube e LibPlay de OLiberal.com e também nas plataformas de streaming.
Para Modinne, é difícil sacrar uma resposta do que é certo ou errado. "Esse assunto é muito mais complexo do que ter uma opinião 8 ou 80. Tem pessoas que dizem que "se o corpo é delas elas podem usar com quiseres, e tem muitas que chegam e dizem que é errado porque acaba com a imagem das mulheres brasileiras", detalha. (...) Ao mesmo tempo que é prejudicial, tem um bom efeito de alguma maneira. Em momento histórico a gente tá pronta pra largar isso?", indaga.
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Na conversa, naturalmente surgiram os nomes de artistas como MC Pipoquinha, Anitta e Luísa Sonza, artistas de grande repercussão que têm se apropriado de uma hiperssexualização como impulsionamento da fama. A profissional lembra, entretanto, que esse movimento de auto hiperssexualização já ocorreu outras vezes.
"Ser visionária na cultura pop tinha sempre essa hiperssexualização. A gente teve Carmen Miranda, Lady Gaga, Madonna, Leila Diniz... Até que ponto a pessoa está sendo visionária ou até que ponto a gente tá repetindo a mesma coisa com uma cara nova?", questiona. "Não é uma coisa nova, o que muda é a cara, porque a hiperssexualização é um produto, é algo vendável que a gente vai comprar, vai consumir. Tudo o que tem a ver com o corpo da mulher é pra que ela seja hiperssexualizada, a não ser na maternidade", aponta.
Para a profissional, é importante também lançar mão de uma reflexão mais crítica, para que a reprodução de "moralismos e outras práticas violentas" não seja passada adiante e sirva de munição para o julgamento de outras mulheres.
Sobre o Chá de Canela
Semanalmente, o videocast Chá de Canela aborda assuntos tabus em uma dinâmica de roda de amigas, com informação descontraída e de um jeito leve. A iniciativa foi concebida pelas jornalistas Ana Carolina Matos e Bruna Lima em 2020, ainda como formato de podcast. Três anos depois, o projeto foi ampliado para o formato de videocast em uma temporada de 12 episódios lançados toda quarta-feira, às 20h.
O Chá de Canela tem apoio do Grupo Liberal e do curso de comunicação social da Universidade da Amazônia (Unama).
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