Vítimas abrem o verbo contra Marcius Melhem: encostava pênis em colegas e insinuou sexo oral
Após Dani Calabresa, mais 4 mulheres e 7 testemunhas assumem relatos de assédio sexual contra o ator e humorista. Ele nega.
Caiu como uma bomba, ao longo desta sexta-feira (24), a matéria do portal Metrópoles em que atores e produtores de identidade revelada acusam de assédio sexual Marcius Melhem, ex-chefe do núcleo de humor da Rede Globo. As atrizes Renata Ricci, Georgiana Góes, Veronica Debom, Maria Clara Gueiros, as roteiristas Luciana Fregolente e Carolina Warchavsky, os diretores Cininha de Paula e Mauro Farias, e os atores Marcelo Adnet e Eduardo Sterblicht trouxeram à tona novas revelações sobre o comportamento do ex-chefe nos bastidores da tevê.
A humorista Dani Calabresa, que denunciou Melhem em 2019, e, até então, mostrava a cara sozinha, também foi ouvida pela reportagem. Ela responde a processo por danos morais movido por ele.
Num dos vídeos da entrevista, as atrizes afirmam que, durante as gravações, Melhem "forçava beijos de língua, encostava nos colegas com o pênis ereto e manipulava seus subordinados". No próprio discurso em que nega essas acusações, no entanto, reconhece que encostava mesmo o pênis em homens com quem tinha "intimidade" e que "não tinha nada de erótico nisso".
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Na entrevista, Georgiana afirmou que o comediante "tinha momentos de constrangimento que eu demorei pra entender que aquele constrangimento não era normal". Veronica Debom revelou que "ele detonava nossa autoestima para manter todo mundo sob controle, por isso ele tinha tantos gênios debaixo da asa dele".
Luciana disse que, no primeiro dia de trabalho, em 2014, Melhem abriu a porta de cueca. "Eu paralisei quando vi aquilo, ao mesmo tempo era o emprego dos meus sonhos, sabe? Eu tava chegando ali, tava super feliz e de repente o chefe abre a porta de cueca", recordou. Ela também disse que, certa vez, ele chamou todos os produtores para entrarem na jacuzzi com ele, na casa de campo dele, em mauá, interior do Rio de janeiro.
Renata Ricci afirma que nem todas as mulheres que acusam Melhem se conheciam e nem sabiam que outras haviam passado por situações semelhantes. "A Dani ter coragem de falar foi o estopim, só que não está fácil. Se eu tô aqui, eu não dormi essa noite, tô tremendo de medo. Tem muitas pessoas que também não estão aqui", disse.
Dani destacou que Melhem busca desqualificar as vítimas: "Essa é uma amante vingativa, essa é uma ex-namorada louca, essa é uma ambiciosa que quer fama. Ele inverte, como ele (Melhem) não consegue comprovar, não consegue negar porque é verdade, ele tenta confundir a opinião pública e tentar manipular a narrativa de que são todas loucas. Olha quantas ‘loucas’ (apontando para os demais presentes), e esse grupo não está completo", afirmou a artista, que se reuniu com as demais denunciantes.
"Estava insustentável trabalhar em um ambiente em que eu comecei a perceber que eu era barrada dos convites; que eu não era liberada para as coisas; que eu estava trabalhando com tremedeira; que ele se aproveita das brincadeiras para brincar ereto; que ele pega de verdade; ele tenta enfiar a língua de verdade. Não é selinho, não é piada, não é brincadeira", acrescentou.
Debom, no relato dela, disse ter sido vítima de importunação sexual. "O Marcius olhou para mim e falou assim 'você fez bem essa cena, você é talentosa'. 'E pensar que você estava escondida em outra emissora, né? Você me deve um boquete!'", disse.
Marcelo Adnet, ex-marido de Dani e Eduardo Sterblicht também participaram da entrevista. Sterblitch de forma remota, via chamada de vídeo.
Marcius Melhem nega
Ouvido pela reportagem, Melhem voltou a negar as acusações de assédio. Ele disse que o ambiente de trabalho era de humor e que havia brincadeiras nos bastidores o tempo todo. "Eu fiz brincadeiras na época, que eu como chefe não deveria ter feito".
"Eu nunca encostei pênis ereto em nenhuma mulher. Nunca forcei beijo. Eu tinha uma brincadeira com um redator de brincar, de chegar, só com os meninos e não todos, só com quem tinha mais intimidade. Que era chegar e encostar o pênis no homem. Não tinha nada de erótico nisso", afirmou.
Em relação ao episódio que Luciana contou, ele disse: "Ela amava essa brincadeira. Era uma brincadeira lá do passado, de trote. Você recebia a pessoa no primeiro dia de cueca. Homens e mulheres. Tomavam aquele susto, brincadeira babaca". "Ela queria o crédito que ela não teve, ela saiu do Zorra porque estava sem ambiente".
"A TV Globo me chamou pra ser chefe e eu topei. O que eu acho que hoje já existe, eu deveria ter tido um treinamento. Olha, agora você não é mais colega, agora você é chefe. Isso você não pode mais fazer", disse.
"Ao longo de qualquer ano da minha vida, qualquer relação de trabalho, por qualquer razão. Qualquer pessoa que eu noto, que eu perceba que a pessoa possa ter ficado chateada, eu imediatamente perguntava", afirmou o humorista.
Melhem ainda declarou que algumas pessoas foram convencidas que seriam vítimas do assédio dele. "Eu acho que tem gente ai de bom coração. Tem gente que está ai com sentimento de causa, de pertencimento, que inclusive nem sabe que é vítima. Que foi convencido por esse tríade".
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