Carnaval com respeito ao feminino

A maior visibilidade das pautas feministas tem refletido em diversas manifestações culturais brasileiras, entre elas, o período carnavalesco. Antes palco de várias ocorrências de assédio contra as mulheres, o Carnaval, agora, se adéqua à obrigatoriedade do respeito ao gênero e à pluralidade de corpos e ideias. É o caso de dois blocos que ganham as ruas da capital paraense amanhã, 1º de fevereiro: o III Baile das Sereionas e o Bloco Auroras 2020, que ocorrem na Lambateria Casa de Dança, a partir das 21h e na Império de Samba Quem São Eles, a partir das 14h, respectivamente. Com isso, o brilho das purpurinas e alegria dos brincantes soma-se, também, à relevante discussão em torno do feminino.

Focando, principalmente, na reflexão sobre gordofobia, o Baile das Sereionas conta com apresentações de Ana Paula Castro, Dj Ananindeusa Afro-Ameríndia, da exclusivamente carnavalesca banda Matricária feat. as Gêmeas Agatha e Amanda Souza e a performances das Drags Gigi Hibrida Bolero e Luna Skyyssime. Na música, canções com versões feministas e músicas que exaltam a mulher. Já as apresentações performáticas enfatizam a normatização dos corpos que não são padronizados e que, de certa maneira, enfrentam "vigilância" tanto no carnaval quanto em outras épocas do ano, explica Roberta Brandão, cantora da banda Marticária e idealizadora da iniciativa ao lado da DJ Carol Pabic Ananindeusa.

"A militância  pode ser feita de alegria revolucionária. Por isso fazer ato político no carnaval. A gente tem o costume de achar que política não tá estritamente relacionada com a arte. Existem as feministas terceiro mundistas, que são as feministas do 3º mundo, que muitas são poetisas e feministas, e filósofas e cantoras... Então, inspiradas um pouco nelas, a gente idealizou esse movimento", pontua.

O respeito pelos diferentes corpos, para Brandão, é a tônica do bloco, que na terceira edição e mais consolidado, passa de um evento carnavalesco para se tornar um coletivo feminista. "Nós somos mais que um bloco, hoje intitulo como um coletivo feminista, porque nós somos um coletivo antirracista, antigordofóbico, feminista e corpo livre. O nosso objetivo é entender os atos políticos como uma alegria revolucionária. Não precisamos necessariamente falar de coisas sérias com seriedade porque somos artistas", defende.

Lançando luz à obediência à negação feminina, o Bloco Auroras percorre as ruas do bairro do Umarizal, a partir das 14h, com cortejo marcado para às 16h. Com open bar, e a festa segue na Escola de Samba Quem São Eles com as apresentações do DJ Bernardo Pinheiro, Bateria do Quem São Eles, Big Band do DBL feat. Letícia Moura, DJ Big, Dj Zek Pikoteiro feat. Leona vingativa, Jeff Moraes feat. Nanna Reis e Diego Aquino de Marabá. Os brincantes terão acesso às tatuagens temporárias com os dizeres "Não é Não". A programação também rende apoio à Cooperativa de Catadoras de Lata e Lixo. Os ingressos estão esgotados.

"Nossas expectativas sempre são as melhores. Cuidamos de todas as pessoas que estão ali dividindo esse momento com a gente e mantendo um carnaval com segurança, cheio de alegria e música boa. Além disso, mostramos que as mulheres no comando podem fazer um carnaval lindo e cheio de respeito!", pontua Tuane Costa, diretora cultural do bloco ao lado de Camila Maués, Bárbara Flores e Lorena Fadul.

AGENDE-SE

III Baile das Sereionas

Amanhã, 1º de fevereiro, a partir das 21h

Lambateria Casa de Dança(.R. Vinte e Oito de Setembro, 1155)

Ingressos antecipados: R$15 à venda em www.sympla.com.br

Bloco Auroras 2020

Amanhã, 1º de fevereiro, a partir das 14h

Império de Samba Quem São Eles (Tv. Alm. Wandenkolk, 1233)

Ingressos: esgotado