Bibliotecas comunitárias atuam como agentes de transformação em Belém
Espaços recebem doações de livros e trabalham com para a democratização da leitura e difusão da arte
As bibliotecas comunitárias têm se destacado como espaços de acesso democrático ao conhecimento, oferecendo não somente livros, mas atividades que promovem a arte, a cultura e o senso crítico da população. Em Belém, essas iniciativas são muitas vezes lideradas por indivíduos peças-chave da comunidade, que assumem o papel de "bibliotecários", indo além das funções tradicionais da profissão, atuando como verdadeiros agentes de transformação social. Em comemoração ao Dia do Bibliotecário, celebrado nesta terça-feira, 12, o Grupo Liberal destaca o papel vital dessas pessoas, não apenas como curadores de livros e promotores de atividades pedagógicas, mas também como defensores do conhecimento nas comunidades.
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Um desses projetos que leva acesso à leitura às crianças e adolescentes, por meio de ações voluntárias, é a Barca Literária. Localizada nas palafitas da comunidade ribeirinha Vila da Barca, no bairro do Telégrafo, a biblioteca itinerante existe há quase quatro anos, e, pertence à ONG Comissão Solidária Vila da Barca. O público alvo são meninos e meninas de 6 a 18 anos moradores do bairro.
Gisele Mendes, a criadora do projeto, revela que uma das maiores missões da Barca Literária é democratizar o acesso à leitura e promover valores de transformação social, causando impactos sociais positivos no bairro. Priorizando obras de autores negros, indígenas e da periferia, a biblioteca comunitária busca valorizar a cultura e as histórias que refletem as experiências e realidades de seus participantes.
"Os livros são uma base, mas também valorizamos nossa oralidade amazônica, através da contação de histórias que muitas vezes são herdadas dos nossos ancestrais. Com isso, os moradores da comunidade são oportunizados bem próximos deles, a participar e construir um trabalho educativo coletivo, no qual se enxerga resultados diários em atitudes", destacou Gisele.
No projeto, além do compartilhamento de livros, é trabalhado a contações de histórias e iniciação à leitura para adolescentes, que são incentivados a ensinar os menores; apresentações culturais, alfabetização não formal, leituras ao ar livre e reforço emocional com psicólogas.
"Funcionamos com atividades de educação continuada. De segunda a sábado, com ações realizadas dentro da sede administrativa, localizada nas palafitas e saímos de forma itinerante uma vez na semana, para que a comunidade possa de forma mais ampla participar e compreender como ocupamos o território", acrescentou.
Resistência cultural
O Guamá, bairro situado na periferia da capital paraense, é envolto de estigmas e preconceitos que, de certa forma, "ocultam" a riqueza cultural do espaço. E, por conta de iniciativa de Victor Ramos, secretário do Espaço Cultural Nossa Biblioteca (ECNB) e educador social, junto a equipe de voluntários e coordenadores, que bairro está redefinindo sua narrativa, transformando-se em um centro de leitura e aprendizado.
"É de grande importância termos um espaço como esse, uma biblioteca a qual desenvolve atividades socioeducativas e culturais, que incentiva a leitura, e oportunidade as crianças e adolescentes a terem um espaço agradável, salubre o qual possam estudar se reunir para conversar e desenvolver atividades que contribuíram para o desenvolvimento pessoal e profissional", afirmou Victor.
A biblioteca, segundo Ramos, é mais do que um depósito de livros; é um ponto de combate as adversidades. Com cerca de 50% dos seus livros vindos de doações, a Nossa Biblioteca possui um processo de triagem e catalogação, garantindo um acervo atual e diversificado aos visitantes.
"Nosso carro-chefe é a mediação de leitura com crianças e adolescentes, além de círculos de leitura com as mães das crianças que frequentam a biblioteca", revelou Victor.
A Nossa Biblioteca funciona de segunda a sexta-feira, de 9h às 12h, e reabre de 15h às 19h. Funciona aos sábados por conta de algumas atividades pontuais, de 9h às 12h. Quanto aos empréstimos de livros, qualquer pessoa pode ter acesso, contato que faça um cadastro simples no banco de dados do espaço, informando nome completo, idade, CPF, endereço, e-mail e telefones para contato. Se for menor de idade, é necessário que o responsável faça o cadastro. O leitor pode levar até três livros e ficar os mesmos por 15 dias, precisando atualizar conosco caso necessite ficar mais tempo.
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