Thelma Assis, vencedora do BBB 20, fala da realização na comunicação e do sonho de ser mãe
Em entrevista exclusiva a O Liberal, a médica paulista revela sua paixão pela medicina e a importância de representatividade na TV
Médica anestesista, bailarina profissional, comunicadora e influenciadora digital. Assim se define Thelma Assis, a vencedora do Big Brother 2020. Thelminha, como era chamada no programa, participou da edição que foi um divisor de águas no reality global. Em 2020, pela primeira vez, houve a divisão entre pipoca (participantes desconhecidos) e camarote (personalidades e influenciadores) e em meio à pandemia da covid-19, o reality teve uma visibilidade ainda maior, ultrapassando as barreiras da televisão, invadindo em definitivo a internet. Entre atores conhecidos e influenciadores com milhões de seguidores, foi a anestesista preta, que teve posicionamentos firmes sobre racismo, feminismo e representatividade no reality que levou o prêmio para casa. Hoje, é um nome forte no mercado publicitário e colaboradora médica fixa no elenco do programa “Bem Estar’, da rede Globo.
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Thelma arrumou um tempo em sua agenda corrida para responder às perguntas de O Liberal.
Thelma, já se foram dois anos desde o ‘BBB 20’, e você continua como uma das ex-participantes do programa mais influentes na mídia. Você imaginava que essa trajetória seria assim?
Dentro do programa, você não tem ideia de como é visto aqui fora, então, quando você sai, e se depara com um retorno positivo do público, a sensação é muito surreal. E a minha edição aconteceu durante o auge da pandemia. As pessoas estavam em suas casas, sem poder sair. Então o programa ocupou um lugar especial na vida dos telespectadores. Demora um pouco para cair a ficha. Eu não tinha noção de tudo aquilo. Hoje, sou eternamente grata por tudo o que o programa me proporcionou e o que venho construindo desde então.
Você continua na TV, está no YouTube, segue influente no Instagram. Sendo alguém que veio da medicina, como tem sido trilhar os caminhos de uma pessoa da mídia? E o que veremos da Thelminha do futuro?
A medicina segue sendo a eterna paixão da minha vida, mas também me encontrei na área da comunicação. A arte de se expressar e levar informação para as pessoas é fascinante, e eu estou aprendendo muito sobre técnicas de comunicação. Sempre fui uma médica exibida (risos). Meu canal no Youtube existe há um tempo, bem antes do BBB, e agora eu posso conciliar a medicina e a comunicação nos meus projetos.
Recentemente você esteve na Amazônia para o projeto ‘O Som do Rio’, da Maria Gadú. Como foi essa experiência? Está ansiosa para o público ver o resultado?
Muito! Essa é uma minissérie apresentada pela Gadú com a ativista indígena Val Munduruku, onde contarão a história da região amazônica enquanto percorrem o Rio Tapajós. É um projeto muito especial que traz um olhar diferenciado e de muito carinho para essa região e a bela natureza e cultura que a cercam. Eu amei ter recebido o convite e estou ansiosa para ver o resultado. O lançamento acontece em junho.
Carnaval já era algo muito forte em sua vida antes mesmo do ‘BBB’, e esse ano você pôde brilhar em São Paulo e no Rio. Você parece ter conquistado muitos sonhos desde o reality, mas tem algum ainda nos planos do futuro?
Sim! O Carnaval deste ano, com certeza, estará marcado na minha vida! Tive a oportunidade de estrear no carnaval carioca como musa da São Clemente, e representar novamente a Mocidade em São Paulo, onde já desfilo há mais 15 anos. Desta vez, estive na avenida como destaque da comissão de frente. Foi, de fato, um momento muito especial para mim. Um dos meus maiores sonhos com certeza é continuar tocando positivamente as pessoas, tanto como médica, como levando informação e dando voz a causas sociais através da comunicação. Dentro do meu coração, também vive o grande sonho de ser mãe algum dia.
Depois do ‘BBB’ você se tornou uma voz importante na luta antirracista no país. O quão importante para você tem sido seguir como representante dessa luta? Ainda é difícil ser uma pessoa negra em meio no circuito midiático do Brasil?
Infelizmente, ainda existe muito racismo explícito em todos os setores da nossa sociedade. O preconceito está por todos os lados e a luta contra isso é diária. Comecei a conviver com o racismo desde o momento em que nasci e sei como ele nos deixa marcas para a vida toda. Na minha infância, por exemplo, eu não conseguia me ver na TV, porque não tínhamos muitas referências de mulheres pretas na televisão. Hoje, estando no Bem Estar, por exemplo, ou aparecendo num comercial de uma marca, sei que posso ser referência para outras meninas e isso tem um significado enorme para mim. Faz toda essa visibilidade que ganhei após o BBB fazer sentido.
Thelma, estamos em ano de eleição. Posicionamento político parece nunca ter sido uma questão para você, mas ainda tem muitos artistas que se mantém calados sobre qualquer assunto político. Como você enxerga essas atitudes? Acredita que devia ser diferente?
O alcance que nós influenciadores e artistas temos é uma ferramenta muito poderosa para ajudar a promover bandeiras e causas sociais. Lutar por aquilo que acreditamos é algo que pode verdadeiramente mudar vidas, por isso eu acho muito importante usar essa visibilidade em prol de algo maior.
Para finalizar, você tem fãs em todo o país, e Belém não é diferente. Quando pretende desembarcar por aqui?
Amo muito a região norte do país! Gravar a série “O Som do Rio” no Rio Tapajós foi uma das experiências mais belas que eu já tive na minha vida. Espero voltar muito em breve e com a oportunidade de visitar Belém.
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