‘Fli Ananin’ homenageará ícones da cena literária de Ananindeua

Marcado para ocorrer nos dias 7 a 9 de junho de 2024, em um shopping localizado na rodovia BR 316, Km 4, no bairro do Coqueiro, o evento tem como objetivo contribuir à rica tradição literária da região e celebrar a diversidade das vozes que a compõem

Fabyo Cruz
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Neste ano, a segunda edição da  Festa Literária de Ananindeua (Fli Ananin) homenageará dois ícones locais da literatura: Jetro Fagundes e Rejani Aguiar. Suas contribuições marcantes para a cena literária do município serão celebradas e suas obras serão o centro das atenções durante o evento. Além disso, será uma oportunidade para honrar a memória do inesquecível poeta Ramon Stergmann, cujo legado artístico ecoa através das décadas.

A Fli Ananin retorna para sua segunda edição, prometendo ser mais do que um simples evento cultural, mas sim um verdadeiro encontro de mentes criativas e um festival de histórias. Marcado para ocorrer nos dias 7 a 9 de junho de 2024, em um shopping localizado na rodovia BR 316, Km 4, no bairro do Coqueiro, o evento tem como objetivo contribuir à rica tradição literária da região e celebrar a diversidade das vozes que a compõem.

Sobre os homenageados desta edição, Álvaro Andrade, idealizador e produtor do evento, diz que Jetro Fagundes é merecedor do reconhecimento. “Sua trajetória de vida, partindo das vendas simples para se tornar uma figura tão importante na cena literária local, é inspiradora e digna de reconhecimento. Sua história nos lembra que o sucesso pode vir de qualquer origem, desde que haja dedicação, paixão e talento. Que Jetro Fagundes continue a inspirar futuras gerações a perseguirem seus sonhos, não importa de onde venham”, afirmou Andrade.

image Idealizador e produtor da Fli Ananin, Álvaro Andrade já está com tudo pronto para o evento (Divulgação)

Em relação a Rejane Aguiar, Álvaro diz que a artista possui capacidade de expressar sentimentos e realidades por meio da poesia, especialmente dando ênfase às experiências das áreas periféricas: “Rejani Aguiar é um exemplo de como a arte pode transcender fronteiras e conectar comunidades. Que sua poesia continue a ressoar e a inspirar todos aqueles que a escutam, elevando as vozes das periferias para que sejam ouvidas e apreciadas por todos”.

Prestar uma homenagem para Ramon Stegmann, um artista cuja vida foi dedicada às artes, é trazer luz para esse grande artista de Ananindeua, declara Álvaro. E ressalta: “Seu comprometimento com a expressão artística e sua paixão por criar obras,  emocionam e inspiram a todos nós que puderam ser testemunhas da sua longa jornada. Ramon Stegmann é um exemplo brilhante de como a criatividade pode enriquecer nossas vidas e tocar nossas almas. Que sua arte perdure no tempo, trazendo beleza e reflexão para todos aqueles que tiveram o privilégio de apreciá-la”.

 

História dos homenageados


Ramon Stegmann: uma vida dedicada às artes

Ramon Stegmann, nome artístico de Carlos Alberto Ferreira Bitencourt, é uma verdadeira  polivalência das artes. Nasceu em Belém do Pará, em 6 de agosto de 1943, filho de Raimundo de Souza Bintercourt e Albertina Ferreira Bintencourt, descendentes de imigrantes alemães que se estabeleceram na Amazônia no século XVIII.

image Ramor Stegmann também foi um artista cuja vida foi dedicada às artes (Divulgação)

Sua infância foi marcada pelo bairro de São Braz, onde hoje repousa o Clube Monte Líbano, antes de se mudar para o município de Ananindeua, onde fixou residência no bairro da C. Nova VI. Foi nesse cenário que suas atividades artísticas floresceram, transformando-se em um ponto de referência para jovens aspirantes à arte, vindos de diversos lugares em busca de formação.

Seu interesse pela arte despertou cedo, estudando na Escola Jozino Viana e completando o ensino médio na Escola Augusto Meira. Desde a adolescência, participou ativamente de grupos culturais, como os Grupos de Pastorinhas e Cordões de Pássaros, explorando os municípios do Pará e entrando em contato direto com a rica cultura ribeirinha e indígena, influenciando profundamente sua produção artística.

Ramon Stegmann não se limitou a uma forma de expressão artística. Além de seu talento como artista plástico, também se destacou como jornalista, ator, diretor teatral e dramaturgo. Sua obra reflete não apenas sua habilidade técnica, mas também sua profunda conexão com a história e a diversidade cultural da Amazônia.

Sua trajetória é um testemunho vivo do poder transformador das artes e do compromisso em compartilhar seu conhecimento e paixão com as gerações futuras. Através de sua vida e obra, Ramon Stegmann continua a inspirar e influenciar a cena artística não apenas em Ananindeua, mas em toda a região amazônica.


Jetro Fagundes: de vendedor de farinha a ícone literário

Jetro Fagundes, um nome que ecoa não apenas nas ruas de Ananindeua, mas também nos círculos literários do Pará, é mais do que apenas um vendedor de farinha. Nascido em 23 de março de 1963, nas profundezas do Rio Baiano em Breves, no Marajó, Fagundes é filho de poetas, uma herança que moldou sua vida de maneiras imprevisíveis.

image Jetro Fagundes é um nome que ecoa nas ruas e na literatura de Ananindeua (Divulgação)

Após desembarcar em Belém em 1971, encontrou seu lar em Ananindeua, onde reside até hoje. Orgulha-se dos filhos, Filipe e Juliana Beatriz, ambos formados na Universidade Federal do Pará (UFPA). Enquanto equilibra sua vida entre a venda de farinha de tapioca e a criação de poesias, Jetro também mergulha no mundo literário.

Seu envolvimento com a Academia Paraense de Literatura de Cordel e a posterior fundação da Academia de Letras de Ananindeua (Alanin) ilustra seu compromisso com as artes literárias. Reconhecido com o Mérito Marajoara pela Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó (Amam) e agraciado com os títulos de 'Cidadão de Ananindeua' e 'Homem Destaque Ananin 2020', Fagundes é uma figura reverenciada em sua comunidade.

Sua obra literária abrange temas sociais, históricos e românticos, com livros como "Jesus, o Cristo Libertador", "Os Heróis da Fé" e "Heróis do País da Cabanagem". Seu mais recente trabalho, "Marajoando em Cordel", é uma homenagem às 17 cidades do Arquipélago do Marajó, demonstrando seu profundo amor pela região.

Embora evite entrevistas, seguindo os passos de seu inspirador Dalcídio Jurandir, Jetro Fagundes deixa sua marca não apenas como um vendedor de farinha, mas como um guardião da cultura e da literatura em Ananindeua e além. Seus colegas da Alanin prestam homenagem a este humilde aprendiz de poeta, cujo legado transcende as ruas onde vende seus produtos.


Rejani Aguiar: a voz poética que ecoa nas periferias 

Rejani Aguiar, uma poeta que faz da palavra sua ferramenta de transformação, nasceu em 3 de agosto de 1973, completando 50 anos de vida. Residente de Ananindeua, ela é uma bibliotecária por formação e paixão, reconhecendo-se como uma mulher negra consciente de seu papel na sociedade como agente de mudança. Aos 45 anos, celebrou a chegada de Edgard, seu filho, honra conquistada com amor e dedicação.

image Rejani Aguiar tem uma vida dedicada à cena literária da cidade (Divulgação)

Sua atuação transcende os limites das páginas dos livros, engajando-se no ativismo cultural para levar a leitura e a cultura às periferias da Região Metropolitana de Belém. Rejani é uma figura presente em saraus literários que acontecem em diversos locais, desde ruas e bares até escolas e feiras culturais. Como integrante do Grupo Sarau do Recomeço desde 2012, ela acredita na poesia como sustento da vida.

Além disso, é membra fundadora da Academia de Letras do Município de Ananindeua (Alanin), ocupando a Cadeira de Número 13, tendo como patronesse a renomada escritora Cecília Meireles.
 
Seu compromisso com a literatura também se reflete em sua posição na diretoria da Alanin, onde atua como Primeira Secretária. Rejani é uma articuladora ativa do Coletivo Mulherio das Letras Belém/PA, promovendo a representatividade feminina na literatura.

A poesia de Rejani Aguiar é inspirada pelo cotidiano e pelas experiências vividas ao seu redor. Ela encontra na escrita uma forma de expressar suas intensas emoções, transformando-as em versos que ecoam verdade e sensibilidade. Seu livro "Intensamente Poética", lançado durante a 26ª Feira Pan Amazônica do Livro em setembro de 2023, é um testemunho de seu talento e compromisso com a arte literária.

Com poemas publicados em antologias e contos em coletâneas, Rejani Aguiar continua a ser uma voz importante na cena literária de Ananindeua e além, inspirando outros a encontrarem sua própria voz através da poesia.

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