Atriz indígena Ywyzar Tentehar brilha em novos projetos e estreia no remake de 'Vale Tudo'

Em entrevista exclusiva ao O Liberal, a atriz de 21 anos falou sobre sua carreira, projetos futuros e representatividade indígena

Hannah Franco | Especial em OLiberal
BALBIO / DIVULGAÇÃO
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A atriz indígena Ywyzar Tentehar, de 21 anos, está conquistando espaço no cenário audiovisual brasileiro e promete ser um dos grandes destaques do ano. Natural do Maranhão e pertencente ao povo Tentehar, também conhecido como Guajajara, a jovem estará no remake de "Vale Tudo", da TV Globo, além de outras produções. Em entrevista exclusiva ao O Liberal, ela compartilhou detalhes de sua trajetória e expectativas para os novos projetos.

Sobre sua preparação para "Vale Tudo", a atriz revelou que assistiu apenas alguns capítulos da primeira versão da novela, mas seu verdadeiro aprendizado se deu nos estúdios da Globo. "Vi os primeiros capítulos da primeira versão, mas nada muito aprofundado. Meu processo de preparação começou no Projac mesmo, com a Cris Moura, Isabella Secchim, Márcia Rubim e Adriana Micarelli", contou.

Na trama, Ywyzar interpretará Flávia, uma estudante de Veterinária e melhor amiga de Fernanda, personagem de Ramille. "Depois fui me aprofundando no texto, entendendo a minha personagem, o lugar dela na trama, a relação dela com o trabalho e os animais, e fui trocando não só com as preparadoras, mas também com meus colegas de cena", afirmou.

Além de "Vale Tudo", a atriz integra o elenco do longa "Rio de Sangue", ao lado de Giovanna Antonelli; da novela "Guerreiros do Sol", junto com Alice Carvalho; e será protagonista de "Tarã", ao lado de Xuxa e Angélica.

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O remake conta com um elenco de peso, que promete fazer jus ao clássico de 1988. Na versão original, Regina Duarte, Glória Pires e Beatriz Segall deram vida às três personagens icônicas. Agora, Taís Araújo, Bella Campos e Débora Bloch assumem esses papéis. O elenco ainda traz nomes como Cauã Reymond, Carolina Dieckmann, Paolla Oliveira, Alice Wegmann, Humberto Carrão, Renato Góes e Alexandre Nero.

Sobre trabalhar ao lado de tantos artistas renomados, Ywyzar compartilhou suas impressões: "Acho que é normal no começo ter um friozinho na barriga, porque a gente nunca sabe como será de fato. Mas depois que começa, as coisas vão fluindo com mais leveza. As pessoas que encontrei e pude trocar até agora são incríveis, pessoas leves e animadas, e que estão com sangue nos olhos para entregar seu melhor."

Outros projetos

Entre tantos projetos, "Tarã" ocupa um lugar especial no coração de Ywyzar. Prevista para estrear em 2025 no Disney+, a série marca sua primeira protagonista e carrega um significado profundo para a atriz. "Aprendi e amadureci muito com o processo da série e isso é o mais valioso pra mim, a experiência e o conhecimento adquirido. Pude resgatar e fortalecer os sonhos da minha criança interior", afirmou.

Compartilhar a cena com Xuxa e Angélica é, para ela, um privilégio: "Até hoje é difícil acreditar que tudo isso foi e é real. Está do lado desses grandes nomes, mulheres muito inteligentes, empoderadas, com posicionamentos fortes, trajetórias longas e cheia de sucesso me inspira".

Outro projeto que promete emocionar o público é "Guerreiros do Sol", novela da Globoplay prevista para abril. A atriz interpretará Isalda, uma jovem de 18 anos levada sem saber para um prostíbulo. "Fiquei orgulhosa de estar fazendo parte de uma produção tão incrível, cercada de um elenco muito potente". Apesar do entusiasmo, a atriz evita revelar detalhes da trama, mas adianta que sua personagem representa a história de muitas jovens da época do cangaço.

"A gente vê muita coisa acontecendo nas comunidades indígenas e sendo pouco divulgada, principalmente nas grandes mídias. Sofremos muito com essa invisibilidade. Acredito que todas as formas políticas de se expressar são muito válidas e a arte está aqui para isso também, para levantar pautas importantes e necessárias, para contar histórias que normalmente são inviabilizadas", diz Ywyzar.

No cinema, Ywyzar viverá Edilene em "Rio de Sangue", ao lado de Giovanna Antonelli. A personagem é uma jovem indígena Munduruku, e dar vida a uma representante de outro povo foi um grande desafio. "Me aprofundei o máximo que eu podia na história do povo e, principalmente, na língua, que foi um desafio pra mim. Assim que recebi o resultado do teste, fui correndo procurar pessoas da região para me ajudarem com o texto. Mas foi muito prazeroso ser acolhida e fazer parte dessa produção", ressaltou.

Carreira e representatividade

Desde pequena, a jovem sempre soube que queria seguir a carreira artística, apesar dos desafios impostos pelo contexto em que cresceu. "Vindo de onde eu vim, a gente é ensinado a limitar nosso espaço, limitar nossos sonhos, e isso muitas vezes nos desestabiliza, faz a gente se sentir impotente e acaba desacreditando na capacidade de conseguir alcançar esses sonhos aqui fora", revelou.

Ywyzar é pertencente ao povo Tentehar, também conhecido como Guajajara. Ywyzar é pertencente ao povo Tentehar, também conhecido como Guajajara. (BALBIO / DIVULGAÇÃO)

Ywyzar destacou a importância da sua presença e de outros artistas indígenas nas grandes produções. "Minha tia, Zahy Tentehar, é minha maior referência de artista indígena e uma coisa que ela sempre me fala é que, independente de formação ou não, nós somos capazes e podemos ser tão bons quanto qualquer outra pessoa", afirmou. "Estar nesses espaços de grandes produções acredito que traz a possibilidade de dar visibilidade não só ao nosso trabalho, mas a nossa cultura e as nossas lutas", enfatizou.

Para a artista, personagens indígenas devem ser interpretados por atores indígenas, algo que ainda acontece de forma limitada na indústria audiovisual. "Ninguém sabe contar nossas histórias melhor que nós mesmos. Queremos protagonismo, na prática e não só na teoria. Queremos nos ver nas telas, nos palcos, nos palanques. E, quando um de nós conquista algo, todos vibramos, porque somos ensinados que somos um só", afirmou.

"Queremos ver e ouvir nossas histórias sendo contadas por nós e não por terceiros", diz Ywyzar.

Sobre o futuro, a atriz reforçou sua vontade de continuar estudando sua profissão, mas também destacou um desejo maior: ver mais indígenas ocupando espaços na indústria cultural. "Quero poder fazer parte de uma produção com indígenas na direção, no roteiro, na arte e um elenco indígena escalado em diferentes posições. Quero ver mais jovens indígenas, principalmente aldeados, tendo oportunidades no mercado", concluiu.

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