Livro que desbrava histórias e vivências do carimbó será lançado em Belém
A obra ‘Carimbó – Ritmo Coreográfico Da Resistência Cultural’ possui 180 páginas ilustradas que se aprofundam neste símbolo da cultura paraense

Um mergulho profundo nas raízes do carimbo e nas pessoas responsáveis por torná-lo patrimônio imaterial do Brasil. Esta é a proposta do livro ‘Carimbó – Ritmo Coreográfico Da Resistência Cultural', que será lançado no dia 19 de março, na Praça do Chafariz, em Belém.
Produzido pela BTC do Grupo Rímoli/Duetto, a obra conta com 180 páginas ilustradas, com fotos que apresentam as diversas nuances artísticas e culturais do carimbó, abordando a dança, os instrumentos, e toda a gastronomia e artesanato amazônico que compõem a identidade deste patrimônio paraense.
O livro foi idealizado pela antropóloga Elisa Casagrande, que desde 2019 estuda o universo em torno do carimbo. Para entender todas as particularidades da cultura, ela percorreu mais de 15 comunidades em Belém e no interior do Pará, regiões onde ela conheceu mais de 40 mestres e mestras da música regional, os quais também estão presentes nas páginas do livro.
Segundo Elisa, toda a sua jornada pelo carimbó começou por meio de amigos paraenses, que apresentaram o universo cultural que encantou a antropóloga.
“Em 2019 fui visitar os amigos que eu fiz no Pará, eu passei 20 dias, e bem na época de um festival de carimbó em Marapanim. Lá eu conheci pessoas maravilhosas e depois, quando voltei pra casa, senti a vontade de fazer algo, de usar minha profissão para valorizar os mestres que fazem o carimbo. Foi um projeto que me trouxe bastante conhecimento, porque eu não fiz sozinha, o livro foi feito junto com os mestres e as pessoas que estão envolvidas no fazer, no dia a dia do carimbo, porque sem elas, o projeto não teria acontecido”, pontua a antropóloga.
Sobre o livro, a pesquisadora conta que ele tem o objetivo de apresentar histórias das pessoas que vivem do carimbo, servindo como um documento histórico que registra a grande importância desses personagens para a cultura paraense.
“Ele traz uma pesquisa geral sobre o carimbó, os adereços, música, a dança, mas o meu foco no livro são as histórias dos mestres. São mais de 40 pessoas entrevistadas, entre mestres e lideranças culturais, porque eu queria trazer a essência do que o carimbó significa na vida dessas pessoas. Quero transmitir isso para as pessoas que não são do Pará, e também tornar esse livro material que colabora para a valorização das narrativas das vidas desses mestres”, explica Elisa.
Os encantos do carimbó pegaram Elisa de surpresa, já que ela é natural do estado do Rio Grande do Sul. Ela relata que, ao vivenciar diversas experiências com o ritmo paraense, acabou se apaixonando pela cultura amazônica, um amor que ela deseja compartilhar com o mundo todo.
“Carimbó é lindo, deslumbrante, é uma coisa que está no sangue das pessoas, que contagia demais quando a gente está perto. O que mais me encanta é ver todo tipo de pessoa dançando, é uma manifestação artística muito democrática porque todo mundo dança junto, é uma energia linda, gostosa. Eu não me aventuro muito na dança (risos), porque eu fico só admirando a união das pessoas, é uma coisa muito legal porque elas não estão competindo, mas sim lutando pela manifestação do carimbó. Eu tenho esse encantamento pela cultura popular, feita pelas pessoas que estão na ponta, essa é a essência do que é ser brasileira, uma energia que não vemos em outro lugar”, acrescenta.
O livro ‘Carimbó – Ritmo Coreográfico Da Resistência Cultural’ será lançado em um período especial, já que fazem 10 anos que o carimbó foi reconhecido como patrimônio imaterial do Brasil. No ano da COP 30, em que o Pará está ainda mais em evidência, a obra de Elisa chega reforça ainda mais a importância das produções culturais e as lutas ambientais pelas pessoas que vivem na Amazônia.
“O carimbó tem uma relação muito forte com o meio ambiente, tem muitas letras que falam sobre a preservação, sustentabilidade, natureza, isso tem uma relação com a COP 30, a gente vê que as comunidades regionais já fazem essa preservação, que acontece através das comunidades ribeirinhas. Acho que a COP 30 é uma forma de refletir sobre isso, da gente conseguir valorizar esses produtores culturais que merecem a visibilidade e o incentivo de todas as políticas culturais. Acho que quanto mais a gente visibilizar a cultura mais a gente ganha como nação”, conclui a antropóloga.
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