Ação educativa do Arte Pará seleciona mediadores para a edição de 40 anos
Oito estudantes vão atuar na Casa das Onze Janelas e na Galeria Fidanza, localizada no Museu de Arte Sacra, a partir de 22 de setembro
A ação educativa do Arte Pará selecionou oito estudantes de diferentes graduações para compor a equipe de mediadores que atuará em atividades educativas presenciais e, ou remotas, com foco no atendimento ao público na Casa das Onze Janelas e na Galeria Fidanza, localizada no Museu de Arte Sacra, a partir de 22 de setembro, quando a exposição será aberta ao público.
Rafhael de Luiz Melo, Flavya Pinheiro de Sousa Melo, Aluízio Fonseca de Neves, Rita Helena Cunha Oliveira, Dilene Nazaré Silva Cunha, Ana Cristina Weyl, Mauro Joaquim Nascimento e Matheus do Nascimento Sousa são os estudantes selecionados. Eles participaram de todo o ciclo de aprendizagem continuada que ocorreu aos sábados, no período de 30 de julho a 30 de agosto.
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Os oito estudantes vão receber uma bolsa auxílio no valor de R$ 800,00 durante três meses do período da mostra. Vânia Leal, que é curadora adjunta do Arte Pará e também curadora do educativo, explica que o critério de seleção foi a avaliação de 100% de frequência no ciclo de palestras, participação ativa durante os debates, pontualidade e o texto final que foi passado como atividade.
"A avaliação foi processual, nesse decorrer do processo de aprendizagem eu fui avaliando cada um desses critérios até chegar aos selecionados. E algo importante nesse processo todo é que nos preocupamos com a questão da inclusão. Um dos selecionados tem necessidades especiais e uma das estudantes tem habilidade em libras e vai poder contribuir bastante com o público", explica Vânia Leal.
A ação educativa do Arte Pará é interdisciplinar, uma vez que a plataforma contemporânea da arte é híbrida e traz questões sociológicas, antropológicas e culturais, por isso, inclui estudantes de vários cursos e não apenas das artes visuais.
Processo de aprendizagem envolveu debates múltiplos
O primeiro encontro da aprendizagem continuada do Arte Pará contou com a presença das artistas Moara Tupinambá e Nayara Jinknss, que foram selecionadas na categoria de fomento à produção de artistas emergentes da Amazônia Legal, nesta edição do projeto. Elas falaram sobre seus processos artísticos e de seus trabalhos selecionados no Arte Pará.
O segundo encontro foi comandado por Vânia Leal, que tratou sobre o que é mediação cultural em espaços expositivos e também tratou de ética na mediação envolvendo aspectos políticos, estéticos, sociólogos e mostrando o papel do mediador no espaço de exposição.
“Mediador é um propositor, no qual vai promover um diálogo entre o público, as obras e o próprio espaço. Vai mediar uma conversa fluida a partir do que o público traz de repertório. A arte contemporânea faz vários atravessamentos de diferentes campos de conhecimento e insere o público nessa trajetória. As pessoas que visitam esses espaços costumam ser pessoas ativas e que demandam debates nos espaços expositivos”, pontua Vânia.
O terceiro encontro teve a participação de mais um dos artistas selecionados na mostra de fomento à produção de artistas emergentes da Amazônia Legal, Ramon Reis, que falou da linguagem da performance, a qual foi selecionada, e de sua trajetória.
A obra do artista, denominada “Corpo (In)finito” é experimental, fala da questão da vida e da morte e traz uma possibilidade de colocar o corpo em cena, um corpo que funciona como suporte e que percorre por outros lugares. O trabalho foi feito dentro do cemitério da Ordem Terceira, em Belém.
O artista destacou o objetivo do projeto e quais os caminhos entre o projeto e a área de formação, que é a antropologia. “Levantei a questão de como relacionar essas áreas dentro da questão da teoria e da prática, que é um dos pontos que o educativo do Arte Pará leva muito em consideração, que é a aproximação entre as áreas, a interdisciplinaridade e tornar o museu em um espaço de diálogo criativo. O museu não é essa coisa parada no tempo”, destaca.
O quarto encontro teve a participação da artista Sanchris Santos, que é diretora da Casa das Onze Janelas e falou de como se dá a arte contemporânea nos espaços museológicos, mais precisamente sobre a questão da leitura da obra contemporânea, que se trata de uma obra aberta e promove diferentes debates.
E para fechar o ciclo de palestras e enriquecer o processo de aprendizagem, o professor John Fletcher, que tem tese de doutorado sobre o Arte Pará e atua há alguns anos nesse processo de aprendizagem continuada do projeto, apresentou a historiografia do Arte Pará e pontuou sobre a questão da visualidade amazônica e o quanto influencia na questão produtiva do tema da arte no estado.
“É um trabalho que venho realizando há alguns anos na ação do educativo e, nessa edição de 40 anos, a palestra ocorreu pontuando a perspectiva historiográfica e entender alguns pontos conceituais. Essa perspectiva historiográfica ajuda a compreender os percursos curatoriais desde o início do projeto até hoje. Entender a dinâmica de elaboração, conceituação e avanços que ocorrem no salão”, pontua o professor e pesquisador.
Jonh Fletcher destaca que a Historiografia do Arte Pará é densa pela sua história e aspectos que vem construindo ao longo de 40 anos. E ter todas essas questões abordadas na ação educativa, torna o projeto cada vez mais importante e dentro dos preceitos atuais de um projeto de arte, pois inclui artistas, pesquisadores e público de um modo geral em um processo de conhecimento e aprendizagem.
“O papel educativo do Arte Pará é indispensável. É o que dá pulsação social e trabalha numa perspectiva de conteúdo para diversas plataformas. O Arte Pará já vem de alguma forma compartilhando com medidas de missão extremamente atuais para a nova definição de museu”, destaca.
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