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A paixão pelos HQs resiste em Belém, apesar da pandemia

No Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos, comemorado neste domingo, 30, conversamos com colecionadores, vendedores, consumidores e quadrinistas sobre a cena que movimenta dinheiro e paixão.

Enize Vidigal, O Liberal

Neste domingo, 30, se comemora o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos. Em Belém, o público que consome, vende, troca HQs e também os artistas sentem falta de um espaço próprio para interação de forma frequente. A pandemia suspendeu a realização de eventos do setor e quebrou alguns pequenos negócios. Mas a paixão pelos HQs resiste firme e forte entre algumas surpresas, como o recente lançamento de “Brega Store” (Editora Brasa), a segunda publicação do quadrinista Gidalti Júnior.

Radicado em São Paulo, Gidalti superou a exclusão da capa do seu primeiro HQ, “Castanha do Pará”, de 2017, em uma exposição em Belém, após a ilustração ser criticada por pessoas ligadas a policiais militares. Nessa capa, o personagem – é um adolescente que pratica atos infracionais e cujo apelido dá nome à obra – aparece sendo perseguido por um policial de cassetete na mão em pleno Ver-o-Peso. A crítica acabou rendendo mais divulgação à obra vencedora do Prêmio Jabuti.

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Após “Castanha do Pará”, Gidalti volta a mergulhar no cenário paraense ao abordar o brega em um enredo de falcatruas e mentiras no qual um cantor nortista busca o sucesso nacional e internacional a qualquer custo. “Eu relacionei com a cultura do brega no sentido do ritmo e da dança e também dos clichês de amor e traição. Outra motivação foi a visualidade, as cores do brega, uma identidade cromada que pouco se vê nos quadrinhos estrangeiros, em especial dos Estados Unidos, Europa e Japão, com imagem contrastante de cores. Isso configura a identidade nortista. Como artista visual, trabalhar com nessa fórmula foi atrativo e desafiador”, conta o artista.

Sebos e geek

O universitário Matheus Melo, de 21 anos, foi um dos fãs que visitou a feira de HQs, durante a 8ª Semana do Quadrinho Nacional, promovida pela Fundação Cultural do Pará (FCP), entre os últimos dias 24 e 28, no Centur. “São poucos os locais que dão atenção ao público de HQs”, lamenta. Nessas feiras acontecem o encontro dos artistas, a venda e troca de lançamentos e de sebos, sem falar na procura de uma série de artigos Geek, como bonecos de personagens, DVDs, chaveiros, canecos e outros.

Quase sempre por traz de um dos vendedores de HQs está um colecionador. Max Lima coleciona revistas em quadrinhos há 40 anos, mas há quatro anos montou a loja virtual. “Comecei vendendo as revistas da minha coleção para ter mais espaço em casa. Além das revistas, eu colecionava bonecos, mas aí foram aparecendo mangás, DVDs, livros de RPG...”, conta. Ele afirma que um boneco raro, de um personagem pouco encontrado, pode custar até R$ 2 mil, e que s revistas mais valiosas são as edições nº 1 de personagens da DC Comics e Marvel Comics.

Valnize Gonçalves, outra comerciante de HQs, é uma das organizadoras da Feira de Gibis que aconteceu mensalmente no Espaço da Palmeira, em Belém, a partir de 2016 até janeiro de 2020. O evento chegava a atrair 40 empreendedores do setor e mantinha um público médio de 200 pessoas a cada edição. “Paramos com a pandemia, mas assim que for possível vamos voltar”.

image HQ's seguem em alta entre os fãs (Filipe Vale/O Liberal)

HQs no Pará

O arte-educador e desenhista Vince Souza lançou o documentário “VHQ, Uma breve história do Quadrinho Paraense” e o livro “Breve História dos Quadrinhos Paraenses” (Secult, 2019), como resultado de uma pesquisa contemplada com incentivo cultural do Instituto de Artes do Pará (IAP). “Tivemos o registro do primeiro HQ no Pará nos Anos 70. Bichara Gaby (artista plástico e arquiteto) publicou uma entrevista com um grupo de teatro em formato de quadrinhos no jornal Folha do Norte”, aponta. “Ele também criou um personagem de HQ para O Liberalzinho (encarte infantil de O Liberal)”, completa. Ainda segundo Vince, nos anos 80 surgiram as exposições e editoras dessas publicações e, na década seguinte, com o surgimento da internet, nasceram os coletivos de HQs.

Outro artista, Alan Yango, encontrou nas plataformas de financiamento coletivo a alternativa para publicar a recente coletânea das cinco edições do HQ Maximus (Ed Universo Fantástico, 2020), de autoria dele. “Eu comecei a fazer os quadrinhos em 2007 e passei a publicar a partir de 2011 de forma independente e on line com o selo autoral Yangoverso Quadrinhos”, recorda. “É difícil conseguir apoio para publicar. As edições (independentes) esgotaram porque eu enviava para todo o Brasil, mas com a editora (o trabalho) ganhou uma visibilidade ainda maior”.

 

 

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