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O.J.C. MORAIS

OCÉLIO DE JESÚS C. MORAIS

PhD em Direitos Humanos e Democracia pelo IGC da Faculdade de Direito Coimbra; Doutor em Direito Social (PUC/SP) e Mestre em Direito Constitucional (UFPA); Idealizador-fundador e 1º presidente da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social (Cad. 01); Acadêmico perpétuo da Academia Paraense de Letras (Cad. 08), da Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cad. 18) e da Academia Paranaense de Jornalismo (Cad. 29) e escritor amazônida. Contato com o escritor pelo Instagram: @oceliojcmorais.escritor

E a busca da verdadeira felicidade entre os bens material e espiritual

Ocelio de Jesús Morais

Quero começar essa breve pensata com algumas perguntas: (1) quantos de nós já parou e se deu conta das tantas vezes  que choramos na vida e o que significaram as dores de nossas lágrimas? (2) Quantas vezes sorrimos e cantamos e quantas nos sentimos infelizes, tristes ou felizes? (3) Quantos de nós já se deu conta das vezes  que ficamos doentes e recuperamos a saúde  e, a partir disso, o que mudou no nosso sentido de vida? (4) Quantos de nós  já se deu conta  das vezes que fizemos o bem ou o  mal para alguém?

É possível que as coisas do cotidiano desviem nossas atenções  às questões  imediatistas e materialistas,  portanto, deste modo, abafando ou mortificando  o que poderia ser o sábio  encontro do eu material com o eu espiritual. 

Essa é, sem dúvida, uma das características da modernidade, o período da sociedade líquida  – onde as relações socioeconômicas  e as relações humanas são frágeis, fugazes e maleáveis –  conceito temporal estruturado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman para caracterizar o período após a década de 1960.

A pressa das  relações humanas tão frágeis, tão fugazes e tão maleáveis da modernidade líquida,  agora, na pós-modernidade – marcada pela  Era digital – que cria a Era da Super-velocidade informacional, e fomenta a Era da artificialidade comandada pela Inteligência Artificial. 

De modo geral,  estamos vivendo (e quase não percebemos) a Era do esvaziamento progressivo dos valores primários da condição humana. E quais são esses valores primários?  (fraternidade, solidariedade e caridade) – valores que o maior filósofo, o maior profeta, o maior teólogo  de todo os tempos (Jesus Cristo, o Messias)  legou para a humanidade como a fonte natural mais  nobre à sublimação da alma, portanto, para a realização da felicidade humana.

Ah!, a Felicidade!!!  Mas, o que é felicidade? 

Eis uma questão central das nossas vidas, mas não pragmática ao ponto de ser respondida com um conceito. 

Mas podemos partir do que disse o teológico e filósofo  Agostinho de Hipona – o  único Santo Católico que foi canonizado por aclamação popular – :   a verdadeira felicidade não está nas coisas materiais (riquezas e poder,  e do que disse decorar)  porque a riqueza material e o poder  são efêmeras e podem desvirtuar o caráter humano.  Mas, a verdadeira felicidade  é a espiritual, porque é duradoura só pode ser encontrada em Deus, a fonte de todo o bem.

Então, formulo a seguinte questão:   a felicidade é um bem relacionado à virtude material (ou seja, não desvirtuamento da ética)  e à virtude espiritual (aquela alimentada nas virtudes teológicas: a fé, a esperança e a caridade?

Vamos  visitar o conhecimento legado pela sabedoria da  Antiguidade e pela  Idade Moderna e ver o que disseram, a esse respeito, três importantes  filósofos: 

Aristóteles disse que  a virtude ética é cultivada por meio da prática contínua e do desenvolvimento do caráter. 

Logo, posso afirmar: a realização da felicidade depende da opção ética como virtude ao desenvolvimento do caráter honesto. 

Sêneca (o Moço nascido em Córdoba, Espanha) afirmou  que a virtude é um meio prático de alcançar a tranquilidade da alma, pois ela (a virtude) está na capacidade de controlar os impulsos corruptivos da vida, focando em viver de acordo com a razão ética.

Com efeito, se a serenidade da  alma depende da virtude como um meio prático  para controlar os desvios corruptivos,  nessa perspectiva também é possível afirmar que a experiência da felicidade é o resultado da escolha pela ética virtuosa.

Khalil Gibran,  o poeta e filósofo libanês,  nos apresentou a  virtude como expressão da Alma e da compaixão, porque entendeu que as virtudes não são regras rígidas ou comportamentos controlados, mas, sim,  uma expressão natural da alma humana e da comunhão espiritual com os semelhantes.

Por outras palavras: a experiência da felicidade individual exige  o compartilhamento, através da compaixão, isto é,  a comunhão de sentimentos nobres e espirituais com os semelhantes, o que, na prática, significa a caridade deve ser prevalecente, mesmo em relação àqueles de quem não se tem simpatia ou não se gosta. 

Essas reflexões levam à  outra questão, como aderência prática e  de aplicação aos dias  atuais:

→   Se estamos na Era do esvaziamento progressivo  dos valores  primários da condição humana,  e, se, como consequência, temos a redução das virtudes ética – sobre o que constitui uma vida ética e virtuosa – então, tudo ou quase tudo está perdido no tempo de existência?

A resposta é a seguinte: depende dos valores que individualmente cada um escolhe para a vida, assim como dependerá do que a sociedade adota como pilares  para a sua própria civilidade. 

E isso parte da natureza  personalíssima. Recorde-se: quando cada indivíduo  – um a um ao seu tempo – nasceu, houve a definição de um propósito: um propósito humano-espiritual, como costumo dizer, qual seja, cumprir a missão da semeadura, parábola que também serve para mostrar que – como ontem, e ainda hoje – pouco aprendemos (com toda singeleza  espiritual) o que  significa a lei da semeadura. 

Sim, é verdade:  ainda não aprendemos a semear  na   boa terra e nem aprendemos colher  os bons frutos, porque não sabemos escolher as boas sementes e tampouco sabemos arar a terra .

Ora, a boa tarrea é  o nosso ambiente social  (a família, o grupo de amigos, o  trabalho, o ambiente do nosso Silogeu),  onde cada um de nós deve aprender a ser o semeador  e  a semear –  com insistência e perseverança  virtuosas  –  as sementes da felicidade:   a fraternidade, a caridade, a solidariedade, a esperança e a fé.

Portanto, é seguro afirmar: semear na boa terra é uma escolha honesta. Dessa escolha ética dependerá os esforços para a construção das bases do bem-estar   coletivo (não apenas como utilidade de subsistência, mas também como princípios de sociabilidade e solidariedade) – bem-estar que seja mais eticamente aceitável para a edificação de uma sociedade realmente justa, fraterna e solidária. 

A felicidade humana é o resultado da lei da semeadura. Essa é a missão especial que recebemos ao vir ao mundo, e para a qual fomos designados com corpo, alma e espírito.

 Por isso, finalizo com o meu Mestre profético e preferido: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!, disse Jesus, conforme Mateus, (18:9). Em conclusão, eis a sentença teleológica do propósito espiritual designado a cada ser humano ao nascer: a busca da felicidade espiritual como o resultado da lei da semeadura.

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Océlio de Morais
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