Presente precioso

Em 1994, o escritor estadunidense Spencer Johnson, que viveu entre 1938 e 2017, publicou o best-seller “O presente precioso”, um livro em que o pequeno volume compensado pela lição de vida na metáfora em torno das coisas da própria vida. Pode ser enquadrado na categoria das chamadas fábulas fabulosas, ao ensinar que, enquanto vivemos procurando, por todas as formas possíveis, por algo que melhor nos satisfaça, mas o que procuramos, está pertinho de nós, às vezes em nosso próprio interior.

Assim parece ocorrer no dia-a-dia de cada um de nós, em particular com aqueles que exercem funções delegadas ou conquistadas, perdidos  entre o que fazer e a dependência de assessores, às vezes movidos por interesses, circunstâncias ou conveniências. Palpites e intuições se misturam com teorias e vaidades técnicas e funcionais, como costuma ocorrer em vias públicas em que desprezam o caminho natural e plantam passagens que ninguém usará, a exemplo dos gramados das praças.

Está aí uma das principais razões da “solidão do poder”, em que líderes se sentem isolados, pela necessidade de fugir das pressões nas gestões, se distanciado em relação à realidade da vida e a consequente falta de elementos que melhor orientem as ações e decisões dos cargos. Tive oportunidade de perguntar ao então presidente Sarney como ele via a situação caótica que o país vivia país naqueles dias de superinflação e insatisfações generalizadasmanifestações de todas as classes em todo o país.

A resposta do presidente, com a calma e a gentileza contrastando com aquele momento difícil para ele e para o país, vale como resumo para a necessidade de uma assessoria oportuna e sincera, refeque não omita nem distorça as verdades. Disse ele que as informações lhe chegavam tão filtradas, separando o que consideravam ser desagradável e informando somente algo melhor. Disse que sempre que procurava saber “como vão as coisas”, as respostas falseavam a verdade de que tudo estava bem.

Há, entretanto, uma assessoria gratuita e acessível capaz de resolver a relação direta com as verdades de cada dia. Exerci essa função em várias oportunidades como assessor de imprensa, fornecendo aos meus superiores logo ao café da manhã um “briefing”. Consistia num resumo das principais notícias de interesse direto ou indireto com a corporação para qual eu trabalhava, acrescida de eventuais comentários e sugestões pertinentes, proporcionando inteira sintonia com o mais relevante do novo dia.

Um “presente precioso” grátis e eficiente, bastando aos gestores de qualquer coisa, em especial, em órgãos públicos, que lhes repassem as verdades dos comentários, editoriais e artigos, separando os identificáveis como a serviço de causas e interesses dos profissionais autênticos. Proporcionam uma visão real dos problemas e eventuais soluções, obtidos nos contatos das ruas e nos ambientes que frequentam, onde se respiram os problemas que mais afetam a população e afetama  popularidades.

Linomar Bahia é jornalista e escritor