LINOMAR BAHIA

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Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Onde azeite e vinagre se misturam

Linomar Bahia

As recentes convenções partidárias exibiram novamente as facetas que constituem as jabuticabas também cultivadas na política brasileira. Ao mesmo tempo, retratam a completa disfunção do que se convencionaria denominar de “partido”. Federações, ou quaisquer outros nomes que se deem a esses conchavos de interesses e circunstanciais, continuam desvirtuando os princípios e as funções das origens e razões de ser dos “partidos”. Enquanto tentam superar o desgaste por nenhuma identificação com as raízes, mudando as denominações, cores e logomarcas, continuam funcionando somente como meios para atingir os fins convenientes.

Lembro o comentário formulado por saudoso professor de Ciência Política, preciso ao rememorar os primórdios e visar os porvires dos fatos. Sintetizou que “política é a arte de somar votos e dividir homens”, principalmente em países em que democracia e autoritarismo chegam a se confundir, como se fosse alguma outra forma de regime institucional, como no Brasil. Mais uma vez a máxima daquele mestre continua sendo corporificada nas ações e decisões de influência na vida nacional, renovando e fortalecendo as esperanças e as expectativas acalantadas pela redemocratização a partir de 1985, desperdiçando quase 40 anos nos desvãos.

Na origem greco-romana, “partido” denominava um grupo de seguidores da mesma ideia, doutrina ou pessoa. Ganhou na Inglaterra do século XVIII pela primeira vez, a configuração de instituição de direito privado, formatada no partido Whig e no “partido” Tory, com o objetivo de congregar partidários de um pensamento político. A ideia de organizar e dividir os políticos em “partidos” se alastrou pelo mundo, a partir da segunda metade do século XVIII, sobretudo com o reordenamento institucional após a Revolução Francesa e pela independência dos Estados Unidos.

Pela forma como se comportam os políticos e a inconsistência estrutural e filosófica dos “partidos”, teriam que ser estabelecidas novas formas de pensar e atuar no país, tarefa difícil, senão impossível, de superar os vícios em que prevalece o particular “venha a nós, ao vosso reino, nada”. Caso contrário, as legendas continuarão sendo seres mutantes, perdendo cada vez mais a identidade ideológica, como meras figuras decorativas, sem a atender qualquer finalidade original de constituírem grupo organizado de partes comprometidas com a democracia. 

Composições entre legendas heterogenias, como se vê, conseguem tão somente a proeza de que as uniões dos contrários seriam comparáveis à mistura química de azeite com vinagre. Além do que, o absurdo número de 33 partidos resulta numa sopa de letrinhas, em que se misturam e simulam conviver os tantos ideologicamente inodoros ditos de “esquerda”, “direita”, “centro” ou nenhum eles. Em meio a tudo, os cinco bilhões de fundo partidário, o objeto do desejo, do qual o povo é o único que não participa, embora a Constituição sofisme ser o dono.

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