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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Contradições universais

Linomar Bahia

Entre as tantas contradições universais, responsáveis pelas desigualdades que desagregam a humanidade, as que mais chamam a atenção e ensejam opiniões controversas, são a fome e o trabalho infantil. Assumem proporções alarmantes, com as consequentes preocupações, sem que se tornem efetivas as soluções propostas e tamanhas mazelas continuem aumentando. Há mais de meio século, governos e organizações não governamentais internacionais, entre elas algumas respeitadas e outras questionáveis “ONGS”, consomem preciosos tempos e bilionários recursos, com promessas para ao menos amenizar os problemas. Mas os resultados têm ficado longe de serem alcançados, como demonstram, principalmente, as constatações de que, pelo contrário, famintos e trabalhadores infantis se multipliquem. 

Segundo as recentes pesquisas internacionais, as vítimas da fome no mundo já rondam os 10% dos cerca de um bilhão da população do planeta, dos quais estão no Brasil 36% dos “sem alimentos”, equivalente a mais de 70 milhões de brasileiros. Significa que em cada 100 habitantes do país, 36 não têm como se alimentar, fazendo com que o país, somente nos últimos sete anos, despencasse do 36ª para a 80ª posição no “ranking” entre 120 nações. Desafiam as ações com que sucessivas lideranças mundiais confirmem, na prática, a teoria com que recheiam discursos demagógicos e se efetivem a segurança alimentar.

Enquanto 870 milhões de pessoas passam fome diariamente, são desperdiçados milhões de toneladas dos alimentos que faltam.

Contradições gritantes também se manifestam nas campanhas com que pretendem combater o trabalho infantil. Estatísticas mundiais informam haver no mundo 160 milhões de menores de idade em todo o mundo, dos quais 1,7 milhões no Brasil, desempenhando algum tipo atividade laboral, não recomendável às respectivas faixas etárias, havendo a previsão de aumento em quase 9 milhões após a pandemia. Segmentos institucionais e setores da sociedade civil organizada se mobilizam frequentemente, inclusive em caminhadas prestigiadas por autoridades, em proclamações com que pretendem disseminar a consciência de que crianças e adolescentes devem estar destinados exclusivamente às escolas. 

Contudo, tem se mostrado intransponível conciliar a teoria com a prática, capaz de resolver os problemas da fome e do trabalho infantil, entre as tantas carências responsáveis pelas desigualdades sociais e pela violência. Preocupações com a falta de alimentos para alguns decaem no conceito universal, contrastando com as mordomias de eventos, como tem ocorrido nas 50 edições do “Fórum Econômico de Davos”, que acaba de realizar a 51ª na modelar Suíça, sem que resolvesse nestes 50 anos qualquer problema básico dos povos. Quanto ao combate ao trabalho infantil, continuam passando por crianças mendigando, distantes das comidas mostradas na tv e à espera de solução para sobreviverem e, enfim, não precisarem trabalhar.

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