Ativismo linguístico Linomar Bahia 18.07.23 11h52 Mudanças de hábitos e novas formas de viver têm implicado em que nada do que se fez ou se pratica está imune a modismos e invencionices. Até o sentido das coisas sofre inversão, quando o certo passa a ser o errado e vice-versa. Impõem que determinados segmentos sociais e econômicos procurem se adequar, até para evitarem não ficar à margem das “inovações”, algumas com viso político e outras meramente convenientes, vicejando no terreno fértil dos avanços tecnológicos. Enquanto uns procuram otimizar ações e produções construtivas, necessárias a acompanhar a velocidade com que a humanidade caminha, outros, por ignorância ou má fé, se dedicam a práticas que em nada de útil influem nem contribuem. Vegetam numa vulgaridade que, como toda vulgaridade, vai passando sem lamentações, algumas por inócuas, outras inconsequentes, geralmente apenas refletindo o ativismo político pela distinção entre as tendências ideológicas de grupos. Exemplos disso são os movimentos que têm envolvido inclusive a linguagem, procurando impor variantes em expressões de natureza culta, numa forma de dialeto para distinguir entre os gêneros masculino e feminino, sedimentados na língua portuguesa adotada no país. Por isso, defensores do chamado neutro no português e opositores de alterações de gênero,vêm se empenhando em debate sobre o uso de “todos” e “todas”, já incluindo “todes” e “todxs”.como definidores de sexo. Todavia, na essência da língua que professamos, expressões assim diferenciadas incorrem em redundância gramatical, cometida inclusive por um presidente da República que, embora também envergando o fardão de escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras, passou a se inscrever entre os frequentes modismos que assolam o país, abrindo discursos presidenciais com um redundante “brasileiros e brasileiras” que. à época, soou somente como charme em ser diferente como na versão de agora. Tem sido perceptível a estranheza de audiências às expressões identitárias de “todos” e “todas”,considerados gramaticalmente incorretas. Cultores do idioma passaram a defender a expressão realmente escorreita em respeito à histórica da língua,esclarecendo que na transição do latim para o português, o neutro assumiu a condição de masculino, consagrando “todos” como norma culta, deixando variantes classificadas apenas entre os “dialetos”à margem do vernáculo. Será que o ativismo ideológico e político conseguirá fazer com que “tod@s”, “todxs” e “todes” se sobreponham ao português escorreito, prosperando como deturpação do idioma conceituado por Luiz de Camões? Ou ficarão circunscritos à classe dos “dialetos” para identificação de determinados segmentos? Enquanto isso, “todos” continuarão a ser “todos”, e não somente alguns, que, entretanto, são livres para utilizarem quaisquer designativos para distinguir os diferentes. Veremos até quando. Linomar Bahia é jornalista, escritor e membro das Academias Paraense de Letras, Jornalismo e Interiorana Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave Linomar Bahia linomar bahia COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Linomar Bahia . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM LINOMAR BAHIA Linomar Bahia Facetas eleitorais 24.09.24 11h51 Linomar Bahia Lembrando Malba Tahan 12.09.24 17h38 Linomar Bahia Palavras-chave 27.08.24 12h48 Linomar Bahia Os “xis” das questões 26.04.24 11h56