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Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

Carlos Diegues: Memórias e filmes

Marco Antonio Moreira

Um dos maiores cineastas do cinema brasileiro, Carlos Diegues, faleceu semana passada. Ele deixou um legado importante e essencial para o cinema nacional. Tenho muitas memórias com ele e seus belos filmes. Conheci Cacá Diegues primeiro pessoalmente, depois por seus filmes. Lembro-me de que o conheci quando ele veio a Belém para inaugurar os cinemas 1 e 2, em 1978, com seu belo filme Chuvas de Verão (foto). Ele e o roteirista do filme, Leopoldo Serra, vieram para Belém para esse momento especial, e tive a oportunidade de conversar com eles. Ele era uma pessoa muito gentil e demonstrava um grande amor pelo cinema. Algumas vezes, me chamava de jovem cineasta, e conversar sobre cinema com ele foi muito agradável.

image Cena do filme Chuvas de Verão (Divulgação)

Depois, Cacá voltou a Belém para as filmagens de Bye Bye Brasil, e novamente retomamos contato. Lembro-me de que as filmagens desse excelente filme aconteceram no Palácio dos Bares e que algumas cenas/takes foram exibidos no Cinema 1 para ele e sua equipe. Eu estava lá e assisti, maravilhado, a diversos takes de muitas cenas do filme.

Quando representei a Empresa Brasileira de Filmes (EMBRAFILME) no projeto de divulgação de filmes nacionais, no final dos anos 1980, Cacá veio a Belém para divulgar Um Trem nas Estrelas. Gentil como sempre, ele lembrava dos contatos feitos na época de Chuvas de Verão, como Alexandrino Moreira e Pedro Veriano. Lembro-me de que o levei para divulgar seu filme em rádios e televisões locais, e a divulgação foi suficiente para garantir um bom público em Belém.

Algum tempo depois, durante meu mestrado em arte, retomei contato com ele para sua colaboração em relação ao trabalho de meu pai como cinéfilo e exibidor. Ele foi generoso ao responder diversos e-mails com belos depoimentos, que foram incluídos em minha dissertação.

Quando a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE), da qual sou associado, elaborou uma lista dos 100 melhores filmes brasileiros, enviei minha seleção, que incluiu diversos filmes dele. Para o lançamento de um livro de críticas baseado na lista geral da ABRACCINE, escolhi escrever sobre o querido filme Chuvas de Verão. Posteriormente, enviei minha crítica para ele por e-mail e, mais uma vez, foi generoso comigo, elogiando minhas interpretações sobre seu filme.

Como programador do Cinema Olympia, em 2015, reconhecendo a importância da obra de Diegues, elaborei uma mostra de seus filmes para que novas gerações de cinéfilos tivessem a oportunidade de conhecer seu trabalho. Falei com Diegues, e ele ficou muito feliz com a homenagem, enviando os filmes para exibição no Olympia. Como programador e cinéfilo, fiquei satisfeito em homenageá-lo por sua relevância como diretor essencial na história do cinema brasileiro. Rever seus filmes na tela do cinema foi incrível, e pude reafirmar minha admiração por obras como Chuvas de Verão, A Grande Cidade, Joana Francesa, Xica da Silva, Deus é Brasileiro e O Maior Amor do Mundo.

O contato mais recente com ele foi por e-mail, quando celebrou 80 anos de vida. Gentil como sempre, agradeceu, lembrou-se de meu pai e perguntou como estavam Pedro Veriano e Luzia Álvares. Esses momentos de interação com ele são inesquecíveis e sempre estarão em minhas memórias.

Escrever sobre sua obra no cinema é perceber e reconhecer seu talento em desenvolver olhares críticos sobre o Brasil, um país repleto de complexidades culturais, sociais, políticas e históricas, que deveriam estar sempre presentes no cinema brasileiro. A fundação do Cinema Novo, da qual Carlos Diegues foi um dos mentores, nos anos 1960, representou um marco expressivo de que o cinema é um agente de transformação cultural e deveria se inserir na realidade de um país tão plural como o Brasil. Nas próximas semanas, escreverei sobre alguns filmes da expressiva e relevante filmografia de Diegues como meio de homenageá-lo.

Obrigado, Cacá Diegues!

Dicas da Semana

Flow, Kasa Branca, Salão de Baile, Meu Bolo Favorito (Cine Líbero Luxardo)

Ainda estou aqui, Conclave, O Brutalista (Circuito comercial)

Roda de Cinema do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) sobre o Oscar 2025. Dia 27/2 às 18h30. Entrada franca. 
“Asas” de William A. Wellman, Harry d'Abbadie d'Arrast. Com Clara Bow e Richard Alen. Primeira produção premiada com o Oscar de melhor filme. Acompanhamento musical de Paulo José Campos de Melo (Cineclube SINDMEPA. Terça-feira, dia 25/2 às 19h. Entrada gratuita).

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