Considerações sobre o Oscar 2025 Marco Antonio Moreira 08.03.25 0h06 A edição de 2025 do Oscar demonstrou que a Academia de Artes e Ciências Cinematográfica de Hollywood mantém seu viés mercadológico, que, às vezes, apresenta um vínculo artístico evidenciado por meio de alguns filmes indicados. O maior destaque do Oscar deste ano foi o filme brasileiro "Ainda Estou Aqui", que ganhou o prêmio de "Melhor Filme Internacional". Um belo reconhecimento para um excelente filme brasileiro, dirigido por um grande cineasta: Walter Salles. Anora de Sean Baker, surpreendentemente ganhou os prêmios de Melhor Filme, Direção, Atriz, Roteiro Original e Montagem. Um exagero de premiações para um filme mediano, repleto de problemas de direção, roteiro e montagem, além de diversos clichês e estereótipos que enfraquecem a boa ideia da história. Mas é difícil esperar avaliações artísticas de alto nível em um evento onde se pensa prioritariamente no cinema em termos de números e bilheteria. Talvez, ao premiar Anora, a intenção tenha sido agradar um público mais jovem, que tem frequentado as salas de cinema com muita frequência e colaborado com a indústria cinematográfica americana para manter seu poderio mercadológico mundial. Talvez! Premiar Anora é uma sinalização de valorização do cinema independente americano? Vamos aguardar. Espero que sim. Outros prêmios, premiados ou não premiados, surpreenderam por outras razões. Ralph Fiennes não ganhou o Oscar de Melhor Ator por Conclave de Edward Berger, que pelo menos recebeu o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado. Fiennes é um grande ator em uma atuação extraordinária. Fernanda Torres era a melhor indicada na categoria de Melhor Atriz, mas, mais uma vez, o Oscar errou, assim como quando não premiou Fernanda Montenegro por Central do Brasil. Dessa forma, o Oscar diminui mais uma vez sua importância artística. O polêmico Emília Perez Jacques Audiard, que esteve envolvido em diversas controvérsias exageradas, venceu nas categorias de Melhor Atriz para Zoe Saldaña e Melhor Canção. É um filme interessante, mas com muitos equívocos de roteiro e direção. No entanto, gerou muitas opiniões radicais, às vezes assustadoras. Tempos modernos? Aclamado no Festival de Veneza, O Brutalista de Brady Corbet venceu em três categorias: Melhor Ator (Adrien Brody), Melhor Fotografia e Melhor Trilha Musical. Muitos reclamaram da longa duração do filme, mas, sinceramente, esse é um debate enfraquecido desde que o espectador assista ao filme e perceba suas qualidades. Essa “perseguição” aos filmes de longa duração é lamentável! Tempos modernos? Duna 2 de Denis Villeneuve venceu nas categorias de melhor som e melhores Efeitos Visuais. Prêmio merecido! Kieran Culkin foi premiado na categoria de Melhor Ator Coadjuvante pelo filme A Verdadeira Dor, de Jesse Eisenberg, e confirmou o favoritismo ao prêmio. É importante destacar os vencedores nas seguintes categorias: melhor documentário: No Other Land de Yuval Abraham, Basel Adra, Rachel Szor, Hamdan Ballal, melhor documentário de Curta-Metragem: The Only Girl in the Orchestra de Molly O'Brien e melhor animação: Flow de Gints Zilbalodis. Filmes elogiados pela crítica internacional que geraram vários debates expressivos. A cerimônia do Oscar 2025 foi repleta de momentos estranhos. “Festa estranha com gente esquisita”, como diria Renato Russo em uma bela música. Entre diversas extravagâncias de produção, é lamentável lembrar da infeliz piada que o “engraçado” apresentador da cerimônia fez com o filme Ainda Estou Aqui. Um absurdo que revela incompetência — ou seja, não assistiu ao filme — ou falta de humanidade. Espero que as próximas edições do Oscar sejam mais sobre CINEMA. Além dessa piada infeliz apresentada no início da cerimônia, foi lamentável o “esquecimento” de diversos artistas, como o cineasta Carlos Diegues, no momento de homenagem aos profissionais do cinema que faleceram recentemente. Diegues teve uma carreira cinematográfica nacional e internacional relevante e deveria ter sido lembrado como uma forma de respeito e admiração pelo seu trabalho. Viva o cinema brasileiro, que finalmente ganhou seu primeiro Oscar de Melhor Filme Internacional! Dicas da semana - Ainda estou aqui de Walter Salles (Cine Líbero Luxardo) - Mickey 17 de Bong Joon-ho (diretor de Parasita), Um Completo Desconhecido de James Mangold sobre o extraordinário cantor e compositor Bob Dylan, Flow de Gints Zilbalodis (circuito comercial). - Gata em teto de zinco quente de Richard Brooks. Com Elizabeth Taylor e Paul Newman. Baseado na peça homônima escrita por Tennessee Williams (Cineclube SINDMEPA. Dia 11/3, às 19h. Entrada gratuita). 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