Artista combina crochê com imagens de cera em coleção exclusiva para o Círio
Roberta Mártires trabalha há mais de 10 anos com artes visuais e desenvolveu a coleção ‘Senhora de Nós’ a partir de um experimento
Proprietária de uma marca de crochê autoral e artista visual há mais de 10 anos, Roberta Mártires possui facilidade em misturar elementos tradicionais e contemporâneos em seus materiais. Natural de Bragança, a artista desenvolveu uma relação especial com o Círio de Nazaré de Belém a partir de referências femininas na família, o que a impulsionou a lançar a coleção "Senhora de Nós" para a festividade nazarena. As peças exclusivas, feitas em colaboração com uma fábrica de velas octogenária da região, retratam imagens de Nossa Senhora de Nazaré feitas de cera, com o manto delicadamente pintado e decorado com fios de crochê.
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“Essa coleção é toda autoral e limitada, feita especialmente para a época do Círio. As pessoas gostam porque é um suporte diferenciado, a cera, que carrega uma história bonita de mais de 100 anos”, explica Roberta.
Segundo ela, a coleção "Senhora de Nós" está em seu quinto ano de existência e combina a tradição da fabricação de velas com a arte contemporânea, utilizando fios coloridos que representam a diversidade cultural e a identidade vibrante da Amazônia. “Trabalho principalmente com fios, apesar de fazer outras coisas. Minha assinatura é o uso de fios em cores vibrantes, algo que é muito presente na cultura ribeirinha e amazônica”, acrescenta.
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O processo de criação das peças, porém, não é simples. A cera apresenta desafios únicos, especialmente na aplicação de tintas e outros materiais. “Logo nas primeiras peças, tive problemas porque a tinta não colava na cera. Um rapaz da fábrica me ensinou a passar álcool para limpar e depois aplicar a tinta. No final, passamos verniz para garantir maior durabilidade”, detalha a artista. Esse método permite que cada peça da coleção seja única.
Conexão afetiva e cultural
Além de ser um objeto decorativo, a coleção de Roberta tem um profundo significado cultural e afetivo. “Há uma conexão íntima das pessoas com a santa e com o Círio. É uma festa muito matriarcal, onde as mulheres, especialmente avós e mães, desempenham um papel central”, observa. A relação de Roberta com o Círio é, em grande parte, inspirada pela memória de sua avó, uma devota fervorosa de Nossa Senhora de Nazaré. “Minha avó era muito devota. Na casa dela, o Círio era sempre uma ocasião especial com um belo almoço para a família. Isso moldou minha relação com a Santa e com a festa”, lembra.
A resposta do público à coleção tem sido extremamente positiva. Roberta menciona que muitas pessoas já possuem várias peças de suas coleções anteriores e esperam ansiosamente pelos novos lançamentos. “As pessoas têm uma relação afetiva com a Santa e com o Círio. Muitas têm mais de uma peça e aguardam o lançamento de novas para ampliar suas coleções”, diz Roberta. A artista também destaca que seu trabalho vai além do conceito de arte regional, buscando uma expressão que une tradição e contemporaneidade de forma única.
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Com o sucesso de suas criações, Roberta planeja expandir a produção e talvez até oferecer oficinas para ensinar suas técnicas a outros interessados. “Temos interesse em expandir, mas para isso, precisaríamos aumentar a equipe. Também pensamos em dar oficinas para que mais pessoas possam aprender a técnica”, revela.
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