Feira de Artesanato do Círio deve receber 60 mil pessoas e faturar R$ 1,5 milhão, diz Sebrae
Artesanato indígena tem destaque pela 1ª vez no evento; Empreendedora espera ter no mínimo R$30 mil em vendas durante a Feira.
A abertura da Feira de Artesanato do Círio 2024 ocorreu na manhã desta quinta (10.10), a partir das 10h, no estacionamento do Parque Urbano Porto Futuro em Belém. O início contou com o rito da bênção, celebrado pelo bispo auxiliar na arquidiocese de Belém, Dom Antônio de Assis Ribeiro, com a presença da imagem de Nossa Senhora de Nazaré da Guarda de Nazaré.
Com mais de 3000 m² de área, distribuídos entre 120 estandes para exposição e comercialização de produtos dos artesãos, a feira tem área de alimentação, espaço kids, Vitrine Amazônia, Mundo Amazônia e ampla programação musical. Segundo organizadores do evento, é a maior estrutura de todas as edições da Feira, que vai ocorrer de 10 a 16 de outubro.
Neste ano, a área de exposição reúne o trabalho de 113 artesãos, de 19 municípios, em várias tipologias, como miriti, balata, cerâmica, sementes, trançados em fibras, cuias e madeira, além de peças inspiradas no Círio de Nazaré. Os artesãos foram selecionados por uma equipe de curadores, que levou em conta sete critérios: qualidade, inovação, originalidade, agregação de valor, acabamento, uso da tag e qualidade de embalagens.
Artesanato indígena tem destaque pela 1ª vez na FAC
De Altamira, Mara Cristina, de 33 anos, representa uma rede de artesanato indígena e participa pela primeira vez da Feira de Artesanato do Círio. “A gente tá com uma expectativa de ter muitas vendas e retornar com recurso para os indígenas, principalmente para as mulheres que produzem os artesanatos”, revela.
Cristina conta que, neste ano, há um espaço especial para o artesanato indígena. “Esse é o primeiro ano que tem essa parte para os artesanatos ordinários da floresta”, comemora. A vendedora afirma que a equipe dela trabalha com produtos da chamada sociobiodiversidade. “Além do artesanato, a gente trabalha borracha, com a castanha-do-Pará, com óleos”, elenca. Segundo ela, os produtos da sociobiodiversidade são produtos extrativistas de origem florestal.
“A gente quer mostrar os produtos dos povos originários da floresta para mais pessoas, então a gente veio lá do Xingu para mostrar o artesanato e a cultura dos povos xikrin, chipaia, parakanã e assurini”, declara Cristina sobre o objetivo da participação no evento. Com a venda dos itens na FAC 2024, ela e o grupo representante do artesanato indígena querem expandir a cultura para mais pessoas conhecerem.
Sobre as vendas, Cristina revela que a expectativa é ter, no mínimo, R$ 30 mil em vendas durante todo o evento. “Dos produtos que a gente trouxe, a gente acredita que consiga vender tudo. Como são produtos de outros territórios, não são daqui de Belém, então os próprios moradores de Belém também se interessam pelos produtos”, explica.
“A gente fica muito feliz com essa parceria entre a Sepi e o Sebrae, com esse espaço dedicado e exclusivo às empreendedoras indígenas, que são mulheres fortes e mostram que são capazes de mostrar um pouco dessa diversidade da nossa cultura dos povos originários em forma de artesanato”, declara Puyr Tembé, secretária da Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (SEPI).
Artesã reaproveita madeira para vender itens na feira
A artesã Marinete Reges de 37 anos participa pela segunda vez na Feira de Artesanato do Círio. Do município de Tailândia, ela trabalha há três anos com serragem e reaproveitamento de madeira. Marinete se inscreveu no evento na categoria de artesanato sustentável.
“Meu objetivo é chegar ao patamar alto, que é sustentar minha família através do meu trabalho”, afirma a artesã. Ela espera vender em torno de R$ 10 mil no evento deste ano - o dobro de vendas ano passado, que foi de R$ 5 mil.
Conforme Marinete, o trabalho de exposição na FAC 2024 também é importante para o conhecimento de turistas. “Para conhecer que o reaproveitamento da madeira vai pro lixo e vem para o luxo”, brinca com o trocadilho das palavras.
Para a artesã, o Sebrae tem feito um trabalho excelente de apoio aos empreendedores do artesanato. “Essa estrutura aqui é maravilhosa. O Sebrae tá de parabéns pra esse evento”, declara.
Símbolos do Círio são vendidos como bonecos de pano em estande
Lucilene Lima, artesã de Ananindeua, tem como foco o artesanato com símbolos do Círio de Nazaré em formato de bonecos de panos. A imagem de Nossa Senhora de Nazaré e a berlinda são alguns dos itens vendidos.
A empreendedora de 51 anos também participa pela primeira da Feira de Artesanato e tem a melhor expectativa possível para o evento. “De venda, de negócio, de divulgação do nosso trabalho”, afirma. Ela pretende ter R$ 10 mil em vendas no mínimo.
O que os visitantes dizem sobre a FAC 2024?
Paulo Marques, publicitário de 35 anos, acompanha todo ano a Feira de Artesanato do Círio. Segundo ele, a atual edição do evento está maior em tamanho e bem estruturada. “Tem muitas opções de artesanato e de vários artistas daqui. Eu tô feliz de ver que várias pessoas tiveram oportunidade de participar”, comemora.
O publicitário sempre compra produtos de artesanato local na Praça da República e foi ao evento ver opções para comprar o que ainda não tem. Marcando presença na inauguração, ele pretende ir a outros dias da Feira durante a semana. “Gosto de objetos de miriti, gosto de acessórios, gosto de cerâmica”, revela Paulo.
Caio Gomes, professor de 30 anos, participa pela primeira vez da 12ª edição da Feira de Artesanato do Círio. “Eu acho maravilhoso porque você dá visibilidade para outra dimensão do Círio, da economia criativa, da economia sustentável e das várias culturas que têm no Pará que se convergem para Belém na época do Círio”, avalia o professor.
Em médio, o professor pretende gastar R$ 250 durante a Feira. “Eu busco chaveiro, talvez uma camisa ou algum cordão ou pulseira”, conta. Ao participar da Feira, ele busca observar o trabalho dos artesãos e poder colaborar com a economia criativa.
Sebrae espera 60 mil turistas e R$ 1,5 milhão em faturamento
“Aqui tem a cultura pura do Pará, através de 122 estandes de artesãos, mas também o total de 143 vendedores, porque aqui também tem a nossa comida, a nossa culinária, a nossa ancestralidade”, afirmou Rubens Magno, diretor-superintendente do Sebrae no Pará, na abertura do evento na manhã desta quinta (10).
O objetivo da FAC 2024, segundo Magno, é mostrar ao Brasil que a Amazônia tem uma economia forte com condições de entregar para o planeta bons resultados. “A COP30 vai deixar muito legado e o legado vem sim através da oferta de grandes produtos que você encontra aqui na FAC”, declarou.
Segundo o diretor, a expectativa da 12ª edição do evento é gerar R$ 1,5 milhão em negócios, que inclui faturamento durante o evento e as entregas futuras, e atrair mais de 60 mil visitantes. “O estado recebe cerca de 85 mil pessoas a cada Círio. O nosso público estimado, para este ano na FAC, é sessenta mil pessoas”, disse.
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