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Velório de bebê indígena morto por coronavírus pode ter espalhado doença em aldeias

A cerimônia de despedida da criança foi feita com o caixão aberto

Redação Integrada, com informações do G1

Um dos motivos para a propagação do novo coronavírus na  Terra Indígena Marãiwatsédé, do povo xavante, no Mato Grosso, foi a cerimônia fúnebre pela morte de um bebê de oito meses, vítima da covid-19. O garoto havia sido internado em 10 de maio com problemas respiratórios graves e suspeita de infecção pela doença. Ele foi intubado, o quadro de saúde piorou e a criança não resistiu. Ele morreu em um hospital público do município mato-grossense de Água Boa, no dia seguinte à internação.

De acordo com a Operação Amazônia Nativa (Opan), o corpo do garoto foi levado em um caixão para a aldeia em que ele vivia, onde há mais de 600 moradores, e os indígenas seguiram os procedimentos fúnebres habituais de enterros. O velório da criança foi feito na casa da família, com o caixão aberto. Isso pode ter colaborado para o surgimento de novos casos do vírus na aldeia, com "transmissão descontrolada". Os indígenas xavante possuem uma estrutura precária de atendimento à saúde e, depois da morte do bebê, outros 12 moradores testaram positivo para a doença. Eles, assim como a equipe de saúde que acompanha os moradores da aldeia, alegam que não foram informados sobre a suspeita do coronavírus.

De acordo com relatos de indigenistas que acompanham a aldeia, a criança apresentava problemas de saúde havia semanas. O garoto estava em estado crítico de desnutrição e desidratação, mas os pais do bebê de oito meses só levaram ele a uma unidade de saúde quando os problemas se agravaram. Não há estimativas de quantas pessoas participaram da cerimônia de despedida.

Apenas no dia 19 de maio, mais de uma semana após a morte, ficou pronto o resultado do exame do garoto, que atestou que ele tinha a covid-19. Os xavante, entanto, negaram que o bebê tivesse o vírus, e alegaram que a criança morreu em decorrência da desnutrição e desidratação e por ter nascido prematura, aos seis meses.

O modo como a criança contraiu o vírus ainda é considerado um mistério. A principal suspeita é de que o bebê, que não havia saído da aldeia semanas antes de morrer, tenha sido infectado por um indígena ou não indígena que tinha sintomas leves. Dias após o falecimento, um idoso de 70 anos, da mesma aldeia, foi internado com a covid-19 e permanece em estado grave. O avô materno do bebê também testou positivo para a covid-19, mas já recebeu alta e retornou para a aldeia. No início desta semana, 10 indígenas de diferentes aldeias da Marãiwatsédé também tiveram exames positivos para a doença.

A área da Terra Indígena Marãiwatsédé tem 165 mil hectares, divididos em nove aldeias. Ao todo, são 1.057 habitantes - mais da metade dos moradores vive na aldeia central, onde o bebê de oito meses morava com a família. No local, há apenas uma Unidade Básica de Saúde Indígena que ficou quase um ano sem médico, e um novo profissional chegou à região no início desta semana.

Com o avanço da pandemia do novo coronavírus, até o momento, segundo dados da Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib), foram registradas cerca de 180 mortes por covid-19 entre indígenas e mais de 1,8 mil infecções no Brasil. Já a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) afirma que há 1,6 mil casos e 60 indígenas mortos pela covid-19. Entre os mortos, há ao menos outros dois bebês, além do xavante que faleceu em 11 de maio.

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