Soda cáustica e água oxigenada são detectadas em laticínios durante operação do Ministério Público
O caso foi registrado no Rio Grande do Sul e, até o momento, quatro pessoas foram presas
A Operação Leite Compensado, do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), detectou a presença de soda cáustica e água oxigenada em laticínios. A ação investiga a adulteração de produtos lácteos e tem como foco uma fábrica da Dielat, em Taquara. Nessa quarta-feira (11), durante a 13ª fase da operação, quatro pessoas foram presas.
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Entre os presos está Sérgio Alberto Seewald, chamado de “Alquimista” e “Mago do Leite”. Alvo da 5ª fase da operação, ocorrida em 2014, Alberto já havia sido implicado em fraudes e estava sob medida cautelar. Segundo a empresa, ele foi contratado como assessor na produção.
Até o momento, ocorreram 16 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva — realizadas em empresas e residências localizadas em Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e São Paulo. A ação foi conduzida pelas Promotorias de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre e de Defesa do Consumidor. As investigações revelaram a adição de substâncias nocivas à saúde, sujeira e “pelos indefinidos” em leite UHT, leite em pó, composto e soro.
A operação teve apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Receita Estadual, Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), Ministério Público de São Paulo (MPSP) e a Delegacia do Consumidor da Polícia Civil (DECON). Segundo o promotor Mauro Rockenbach, da Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre, apenas duas denúncias sobre adulteração do leite foram feitas após 2017, mas uma nova realizada nesse ano chamou a atenção: “Era para ele [Sérgio Alberto Seewald] estar usando tornozeleira eletrônica, era para sair a condenação dele da [Operação] Leite 5. Mas, enquanto essas questões básicas não ocorrem, o que ele faz? Adultera leite e pior, aprimora seus mecanismos de ação, já que tem a fórmula exata da quantidade de soda cáustica para uma quantidade exata de litros de leite, fazendo com que os ajustes não sejam detectados nos exames.”
O uso da soda cáustica foi adotado para regular o pH do leite e diminuir a acidez, conforme o promotor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, da Promotoria de Defesa do Consumidor. “Além de aprimorarem as fórmulas para adulteração, também aprimoraram as práticas criminosas. Eles utilizam alguns códigos – ‘vitamina’ e ‘receita’ – para tentar despistar qualquer tentativa de investigação. Vale lembrar que as irregularidades não foram detectadas apenas no leite UHT, mas no leite em pó, em compostos lácteos para fazer bebidas derivadas do produto e no soro de leite”, explica. A operação também contou com participação dos promotores André Dal Molin, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Rio Grande do Sul (RS); Manoel Antunes, do GAECO/RS; e João Paulo Gabriel de Souza, do GAECO de São Paulo.
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