Presidente do Inep afirma que Enem não demoniza o agronegócio e que questões são de anos anteriores
Manuel Palácios respondeu a perguntas em sessão da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palácios, assegurou nesta quarta-feira, 8, que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não possui nenhum viés ideológico contra o agronegócio, em meio a críticas que questionavam o enfoque das questões sobre o agronegócio no exame.
Manuel Palácios estava presente em uma sessão da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados para esclarecer dúvidas relacionadas ao exame, que é o principal processo seletivo para ingresso em universidades públicas no Brasil.
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No último domingo, 5, a prova enfrentou críticas aobre a presença de um suposto "viés doutrinário" e "esquerdismo raso" nas perguntas, levando a Frente Parlamentar da Agropecuária a solicitar a anulação das questões.
Uma das questões mencionava que, no Cerrado, o "conhecimento local" está submetido à "lógica do agronegócio" e que o "capital impõe conhecimentos biotecnológicos" com impactos negativos na população rural. Outra abordava a relação entre competitividade econômica e práticas de dumping.
"É claro que o Enem não faz um julgamento negativo do agronegócio, e é evidente que o Inep não o faz também. Todos reconhecemos a imensa importância do agronegócio no país, mas essa importância é óbvia", enfatizou Palácios.
Ele também ressaltou que o governo não interfere na elaboração da prova, explicando que as questões do Enem deste ano foram produzidas durante a administração de Jair Bolsonaro.
Banco de questões tem temas desde 2012
Dados do Inep revelam que, das 50 questões do caderno de Linguagens, 42 foram elaboradas entre 2019 e 2021, enquanto as restantes foram criadas entre 2012 e 2018. Já na prova de Ciências Humanas, 39 das 45 questões foram desenvolvidas entre 2019 e 2021.
Durante sua exposição na Câmara, Palácios argumentou que as questões do Enem avaliam as habilidades dos estudantes e não se destinam a expressar concordâncias ideológicas.
"A avaliação educacional é uma tarefa dos professores. Os textos utilizados nas provas do Inep são provenientes de fontes respeitadas pela comunidade científica ou reconhecidas pelo público, como fontes jornalísticas. As questões não têm relação direta com os argumentos ideológicos dos autores, mas sim com a compreensão do texto e a capacidade de fazer inferências a partir do conteúdo apresentado", argumentou Palácios.
O primeiro dia do Enem ocorreu no domingo, 5, quando os estudantes foram avaliados nas áreas de Linguagens, Ciências Humanas e Redação. Este ano, o tema da redação foi "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil", que gerou discussões.
Palácios defendeu que "o racismo é crime, e o feminismo não é uma doutrina, mas sim a defesa dos direitos das mulheres". Ele argumentou que as questões do Enem não promovem doutrinação e destacam questões importantes relacionadas à raça e à discriminação de gênero.
As questões do Enem são formuladas por professores independentes do Ministério da Educação (MEC) e, em seguida, passam por testes preliminares para verificar sua eficácia na avaliação. O Inep forma um grupo de colaboradores por meio de uma chamada pública para criar as perguntas que compõem o Banco Nacional de Itens (BNI), utilizado em diversas avaliações do Inep, não se limitando apenas ao Enem.
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