Polícia Civil do DF vai investigar pastor que declarou “reserva no inferno” a LGBTs
Investigação foi aberta para apurar se fala foi criminosa ou está dentro do que determina a liberdade religiosa
Uma investigação foi aberta pela Polícia Civil do Distrito Federal para apurar as declarações de um pastor que afirmou que homossexuais, transgêneros, bissexuais e drag queens têm um lugar garantido no inferno. A questão em pauta é se a fala do pregador foi um discurso de ódio criminoso ou está dentro do que prevê a liberdade religiosa.
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A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) será responsável pela investigação. Caso fique comprovado o crime, a pena pode variar de 4 a 10 anos.
A Decrin recebeu uma representação da Aliança Nacional LGBTI+ e da Associação Brasileira de Famílias Homoafetivas (ABRAFH) relatando o ocorrido no Congresso Evangélico União das Mocidades das Assembleias de Deus. Embora o pastor seja estrangeiro, o crime foi praticado em território brasileiro, em local público e através da internet, conforme explicou Ângela Maria, delegada-chefe da Decrin.
Além disso, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa pediu investigação e o deputado distrital Fábio Felix (PSol), presidente da comissão, também entrou com uma representação no Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT).
Durante o evento da Assembleia de Deus no pavilhão do Parque da Cidade, durante o Carnaval, o pastor norte-americano David Eldridge proferiu um discurso polêmico em que passou a julgar quem iria ou não para o inferno, entre leituras do Evangelho e palavras de fé. Além do público LGBTQIA+, ele afirmou que prostitutas, pessoas que assistem "coisas sexuais" na TV, mulheres que usam saia curta e até homens que gostam de calça apertada estariam condenados.
“Você, moço, que está usando calça apertada, que é o espírito de homossexual: isso vai para o inferno! Você, moça, que quando sai de casa a saia está curta e apertada, você sabe o que está fazendo? Você tem uma reserva lá no inferno!”, disse, em inglês, enquanto um tradutor acompanhava.
Em outras partes de seu discurso, o pastor alegou que quando chegou ao Brasil, sentiu um chamado para salvar os brasileiros do inferno. Em 2019, durante a discussão sobre a criminalização da homofobia e transfobia, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu que a repressão penal à prática da homotransfobia não limita o exercício da liberdade religiosa, porém, o discurso de ódio é configurado quando é incitada a discriminação, hostilidade ou violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
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