Ministério Público investiga desenvolvedor do game 'Simulador de Escravidão', Google e usuários
Pessoas que baixaram o jogo e deixaram comentários racistas e outros discursos de ódio na página do app, que foi removido, também serão investigados, como apontou o MP de São Paulo
A Google, o desenvolvedor do jogo de celular "Simulador de Escravidão" (Magnus Games) e os usuários que baixaram o game na loja virtual Play Store — ou ue deixaram discursos racistas e de outros eséctros de ódio — estão sendo investigados, como informou io Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP). O app foi removido da loja, após a intensa repercussão pelo conteúdo que foi enquadrado como crime de racismo.
O app se apresentava como um jogo de celular, com a premissa de simular o período da escravidão brasileira, com pessoas negras que poderiam ser comercializadas, exploradas de várias formas e castigadas. Em tese, no game, o jogador assumiria o papel de tirano ou libertador. Ainda que houvesse um caminho "do bem", o conteúdo do outro caminho retratava com uma realidade considerada ilegal pela legislação atual a tortura de negro.
Antes da remoção, pouco se falava sobre o jogo, que tinha cerca de 1 mil downloads e aproximadamente 70 comentários e avaliações. Para o MPSP, o que chamava a atenção era a quantidade de comentários racistas, ofensivos e que reclamavam de "poucas formas de castigos" para as pessoas escravizadas. O desenvolvedor tem sede na Malásia, como tem tradução em Português, uma das investigações é se a empresa é sediada no Brasil e se pode ser necessário avaliar condições diplomáticas entre os dois países.
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Investigações podem ser internacionais e avaliam se houve "filtro humano" na disponibilização do jogo na Play Store
O Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi) do MPSP abriu um procedimento preliminar, na semana passada, como o jogo acabou passando pelos critérios da Google até ser disponibilizado para o público. Parte da investigação é saber se houve algum tipo de filtro ou análise humana técnica para o processo. Somente no dia 24 de maio, o MP recebeu 10 representações contra a Big Tech e o desenvolvedor do app.
A Google tem até esta semana para prestar esclarecimentos à Promotoria do caso. Depois, o MP decidirá se irá instaurar um Procedimento Investigatório Criminal (PIC). Entre os possíveis crimes a serem investigados estão o crime de ódio e racismo, que são identificados, por exemplo, quando há segregação, discriminação e imposição de hierarquia com fundamento na raça.
A Google também pode ser responsabilizada pelo dano social que causou. A Educafro Brasil — Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes — pede indenização no valor de R$ 100 milhões em uma ação civil pública contra a empresa. O Ministério da Igualdade Racial deve se reunir nesta semana com representantes do Google. O Ministério Público Federal (MPF) do Rio Grande do Sul também instaurou um procedimento para acompanhar o caso.
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