Faculdade de SP expulsa 12 alunos de medicina por faixa com alusão a estupro
Outros 11 estudantes também foram responsabilizados, recebendo sanções como suspensão, embora a instituição não tenha especificado quais foram as punições aplicadas

A Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, expulsou 12 alunos do curso de Medicina após um episódio considerado grave e incompatível com os valores da instituição. Durante um evento esportivo realizado em março, os estudantes foram flagrados ao lado de uma faixa com os dizeres “entra [censurado], escorre [censurado]”. A frase, interpretada como apologia ao estupro, gerou forte repercussão e indignação.
Em comunicado divulgado na segunda-feira (28), a faculdade informou que a decisão foi tomada após sindicâncias internas iniciadas em 21 de março, motivadas pelas imagens registradas no dia 15. A apuração ficou a cargo da Comissão de Ética e Disciplina, com base no regimento da faculdade e nos princípios de respeito à dignidade humana.
Além das expulsões, outros 11 estudantes foram punidos com medidas como suspensão, cujos detalhes não foram divulgados. A Associação Atlética Acadêmica, responsável pela organização do evento, foi interditada por tempo indeterminado.
A Santa Marcelina reafirmou seu compromisso com a ética e destacou que atitudes incompatíveis com seus valores não serão toleradas. Ao ingressar na faculdade, os alunos assumem o compromisso com normas internas, conduta acadêmica responsável e a legislação vigente.
VEJA MAIS
Repercussão
O caso gerou repúdio de estudantes, ex-alunos e do público, que denunciaram a persistência de comportamentos machistas em universidades, especialmente em cursos de Medicina. Para muitos, o episódio reacende o debate sobre a cultura do estupro no meio acadêmico, marcada por trotes violentos e simbologias abusivas.
Segundo o Coletivo Francisca, a frase da faixa fazia parte de um antigo “hino” da atlética de Medicina, proibido em 2017 após denúncias de teor semelhante. A letra trazia conteúdo sexual violento, mencionando dor como prazer e uso de força em contextos sexuais.
Uma ex-aluna, sob anonimato, relatou que a cultura do estupro ainda é presente nas faculdades de Medicina, com ritos humilhantes e cânticos violentos. Ela afirmou que o episódio mostra como essas práticas continuam ocorrendo, mesmo após proibições formais.
Entenda o caso
O Coletivo Francisca, composto por alunas e ex-alunas, formalizou a denúncia e apresentou trechos do antigo hino à direção. No documento, o grupo argumenta que a faixa configura apologia a crimes sexuais e exige medidas para combater a naturalização da violência.
A instituição informou que comunicou o caso ao Ministério Público e colabora com as autoridades. A Polícia Civil confirmou a investigação e iniciou a coleta de depoimentos dos envolvidos. Pelo menos 24 estudantes foram identificados nas imagens.
O episódio se soma a outros recentes em faculdades brasileiras. Em 2023, alunos da Universidade Santo Amaro foram filmados simulando atos sexuais durante um campeonato universitário, com cânticos de teor semelhante ao da Santa Marcelina.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA